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Sinopse

Morre em Londres o Primeiro Ministro britânico. Seu funeral é um evento obrigatório para os principais líderes do mundo ocidental. No entanto, a ocasião acaba se tornando perfeita para atentados às vidas destes homens e a destruição dos grandes monumentos da capital inglesa. Apenas três pessoas têm esperança de interromper a tragédia: o presidente dos Estados Unidos, Benjamin Asher, o chefe do seu serviço secreto, e uma agente do MI-6, o Serviço Secreto britânico.

Crítica

Ainda que Invasão à Casa Branca (2013) não tenha tido um resultado nas bilheterias tão surpreendente, os US$ 161 milhões conquistados em todo o mundo foi um desempenho de respeito, ainda mais se levarmos em conta que no mesmo ano chegou às telas outro filme de temática semelhante – O Ataque (2013) – cuja performance foi bem problemática (arrecadação de US$ 205 milhões, porém diante de um orçamento de US$ 150 milhões, mais do que o dobre do que custou seu concorrente). Assim, quase como uma versão genérica do subgênero de cine-catástrofe, de custo baixo e lucro garantido, uma continuação era só uma questão de tempo. E é por isso que, três anos depois estamos diante deste Invasão a Londres, filme que apenas repete tudo que já havia sido visto antes, sem, no entanto, agregar nada de novo à fórmula.

Esta, aliás, é a maior falha deste projeto. Em projetos deste estilo, o que geralmente acontece é um aumento no escopo das proporções a cada sequência. Ou seja, do edifício de Duro de Matar (1988) se vai para o aeroporto de Duro de Matar 2 (1990). De um vilão em Homem-Aranha (2002), o herói passa a enfrentar três em Homem-Aranha 3 (2007). E esses são apenas alguns exemplos. Mas se em Invasão à Casa Branca a ação se passa inteiramente dentro de um único prédio – ainda que seja um dos mais visados de todo o mundo – esperava-se que no episódio seguinte o perigo atingisse uma nova dimensão. E o título prometia isso, anunciando uma nova cidade – e uma capital de fácil identificação – como centro dos ataques terroristas. No entanto, ainda que no começo tenhamos essa impressão, ela logo se mostra infundada, e novamente estamos dentro de uma única construção, no mesmo jogo de gato-e-rato já experimentado na primeira vez. Déjà vu.

Quando o primeiro-ministro britânico morre após um ataque do coração, os principais líderes de todo o mundo se dirigem a Londres para acompanhar seu funeral. Entre eles estará o presidente norte-americano (Aaron Eckhart, em forma para os desafios que o personagem enfrenta, inclusive deixando pouco espaço para uma suposta diferença física entre ele e o segurança interpretado por Gerard Butler), que seguirá com seu staff pessoal. Como fica claro desde o princípio, tudo não passa de um plano de vingança pessoal e bastante comum em filmes similares, com os árabes muçulmanos de sempre como ameaça em busca de uma desforra qualquer. Os argumentos são também corriqueiros, apontando os Estados Unidos como causa de todo o mal do mundo. E se no processo outros líderes e governantes forem eliminados juntos, melhor ainda.

Se as cenas do primeiro ataque, destruindo todos os principais pontos turísticos de Londres, causam algum impacto na audiência, essa sensação logo se esvai. Na sequência, o que se vê é o helicóptero de fuga do presidente sendo abatido no ar e caindo em um parque, para em seguida o vermos correndo por ruas vazias, se escondendo em um bunker e desviando de balas quase que disparadas à esmo em conflitos mal coreografados. Também é um gigantesco desperdício reunir vencedores do Oscar como Morgan Freeman e Melissa Leo, ao lado de indicados como Robert Forster e Jackie Earle Harley, para fazerem quase todas as suas cenas em um único cenário e sem nenhum momento relevante que justificasse suas presenças.

A condução do novato Babak Najafi, em seu primeiro trabalho de maior alcance – que assumiu essa função após Antoine Fuqua, do longa original, ter desistido por considerar o roteiro ruim demais – é por demais protocolar, parecendo acreditar que a truculência usual de Butler e as frases de efeito de Eckhart, além de meia dúzia de explosões e efeitos nada especiais seriam suficientes para garantir o interesse do espectador fã desse tipo tão particular de diversão. Uma análise, como se percebe de imediato, bastante equivocada, tanto quanto o próprio longa em si. Invasão a Londres é um erro do início ao fim, que não se mostra válido enquanto entretenimento e se revela até mesmo danoso pelas decisões problemáticas que assume, promovendo a justiça pelas próprias mãos e o olho por olho como diretriz mundial. Lição muito mais perigosa do que qualquer outra vista em cena, principalmente em tempos como os que vivemos hoje em dia.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
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Thomas Boeira
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MÉDIA
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