Crítica

O cinema latino tem um sabor especial ao público brasileiro por se tratar dos filmes estrangeiros que mais se aproximam de nossa realidade. As personagens do documentário Hora do Chá são amigas de longa data que há décadas se reúnem mensalmente para discutir suas vidas e suas opiniões sobre o mundo. Os encontram se dão no Chile, mas poderiam acontecer em Higienópolis, em São Paulo, ou em qualquer outro bairro habitado por idosas de classe média alta.

O entrosamento entre as senhoras cria momentos ótimos, que parecem ter sido roteirizados de tão concatenadas que são as falas. As conversas abordam desde o espanto com a moda da juventude até confissões sobre suas noites de núpcias.

Assim, o espectador se sente como mais um convidado do lanche, exceto pelo fato de não poder compartilhar dos vistosos quitutes que acompanham as conversas. Por isso, é desaconselhável entrar na sala de projeção de estômago vazio.

Apesar da convivência e histórias de vida semelhantes, cada senhora tem sua personalidade própria, o que esquenta o papo. O filme faz bem em selecionar os momentos mais intensos, seja no quesito íntimo ou intrigante. Outra boa opção é não esconder os preconceitos ou as opiniões polêmicas das personagens, como o trato que dedicam às empregadas.

Hora do Chá acompanha o grupo no decorrer de alguns anos. Consequentemente, o número de participantes mingua a cada novo encontro, uma vez que todas estão com mais de 65 anos de idade. Apesar da tristeza que as ausências causam, esse é mais um elemento de honestidade do singelo documentário.

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é formado em Audiovisual pela ECA/USP. Escreve para os sites BRCine e SaraivaConteúdo, além de colaborar para a revista Preview. Participa do programa Quadro a Quadro na TV Geração Z e de videoposts do canal Tateia. Tem experiência em sites (UOL Cinema, Cineclick e GQ), revistas (SET, Movie e Rolling Stone) e televisão (programas Revista da Cidade e Manhã Gazeta).
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