Crítica

Herbie: Meu Fusca Turbinado é um filme nota 5. E isso no conceito aritmético do termo, de ser a metade numa escala entre 0 e 10. Porque essa tentativa de releitura do clássico da Disney Se Meu Fusca Falasse (1968) fica na metade de tudo o que se propõe: é meio divertido, meio para toda a família, meio “turbinado”, meio interessante, e até meio sucesso (arrecadou, em pouco mais de um mês em cartaz nos Estados Unidos, aproximadamente o mesmo valor do seu custo total, que ficou em torno de US$ 50 milhões). Ou seja, não faz mal algum, da mesma forma que não vai mudar a vida de ninguém.

Indicado principalmente aos menores de 10 anos e aos mais saudosistas, este remake é, assim como os demais filmes da série – entre 1968 e 1980 foram realizados quatro longas com o personagem – produzido pelos Estúdios Disney. Isso significa diversão equilibrada para pequenos e adultos, sem nenhuma grande ousadia ou exagero. Desse modo, o público pode ficar tranquilo, abastecido de muita pipoca e refrigerante, pois se não provoca indigestão, este Herbie versão anos 2000 também não altera os níveis de adrenalina da platéia.

Estrelado pela até então garota-revelação Lindsay Lohan (muito antes dela se tornar mais conhecida pelos escândalos e polêmicas do que por seu desempenho como intérprete), esta comédia parte do pressuposto que o fusquinha Herbie possui um histórico (uma interessante montagem com cenas dos antigos filmes), mas que, assim como na vida real, andava meio esquecido. Encontrado num ferro velho, preste a ser destruído, ele ganha mais esta chance ao ser descoberto por Maggie (Lohan), uma garota apaixonada por velocidade. Assim, o carrinho especial – que possui personalidade e gosta de expressar seus sentimentos – usa toda sua energia para ajudar sua nova dona a ser mais uma vez campeã das pistas de corrida. Os dois estão em busca de reconhecimento e glória, cada um no seu nível de ambição.

Tudo que é possível ser imaginado como clichê num enredo como este está presente. Há o vilão arrogante que fará de tudo para acabar com a concorrência, o garoto apaixonado que irá ajudar a mocinha, os conflitos familiares que precisam ser superados e até a reviravolta final indicando o clímax da trama. Nada surpreendente, mas que em até certo nível funciona de acordo com o esperado, com ritmo e agilidade. Aliás, não se poderia esperar nada diferente, visto que o roteiro é assinado por Thomas Lennon, autor do bem-sucedido Uma Noite no Museu (2006) e do infame Táxi (2004), aquele com Gisele Bündchen. A direção coube à novata Angela Robinson, que desde então só tem atuado na televisão. Um pouco engraçado, escasso em criatividade e contando basicamente com o carismas da protagonista e com o charme do simpático personagem de quatro rodas, o novo Herbie se perde entre as habituais opções infantis por não apresentar nada inovador. Já os adultos, tenho certeza, vão preferir curtir o longa antigo. Ali, ao menos, a ideia era original.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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