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Sinopse

O terceiro ano de ensino na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts se aproxima. Porém um grande perigo ronda a escola: o assassino Sirius Black fugiu da prisão de Azkaban, considerada até então como à prova de fugas. Em resposta são enviados os Dementadores, estranhos seres que sugam a energia vital de quem se aproxima deles, que tanto podem defender a escola como piorar ainda mais a situação.

Crítica

Como não poderia deixar de ser mais natural, Harry Potter segue crescendo – e, da mesma forma, as aventuras nas quais vem se envolvendo. Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, terceiro episódio da bem sucedida saga do menino bruxo mais pop do universo, continua no caminho sombrio, intenso, sério e perturbador apontado na produção anterior (Harry Potter e a Câmara Secreta, 2002), e, para isso, foi fundamental a mudança do diretor: ao invés do pueril Chris Columbus (Esqueceram de Mim, 1990), entra em cena o talento do mexicano Alfonso Cuarón. A condução deste novo filme o leva para temas mais densos e profundos, mexendo com o passado do garoto e evocando sentimentos como raiva, orgulho, perdão e medo.

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban situa-se no terceiro ano de estudos de Harry e seus colegas na escola de magia Hogwarts. Muito pouco, porém, do cotidiano escolar é mostrado, partindo logo para o desenrolar do mistério da trama: Sirius Black, um perigoso assassino, fugiu do presídio de segurança máxima Azkaban, e todos temem que ele esteja atrás de Potter para eliminá-lo. Black é acusado de ser seguidor de “Você-Sabe-Quem” (Lord Voldemort, o grande vilão de toda a série) e de ter matado à sangue frio mais de uma dezena de pessoas, colaborando no assassinato dos pais do protagonista. O mais curioso é que entre suas vítimas estava um grande amigo, Peter Pettigrew. Os dois, ao lado do novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Remo Lupin, e de James Potter (pai de Harry), formavam um quarteto inseparável na adolescência. A ponto de Sirius ter sido escolhido como padrinho do pequeno Potter. Assim, para piorar a situação, há traição envolvida, tornando o relacionamento entre Black e Harry ainda mais pessoal.

Apesar de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban funcionar muito melhor para aqueles que leram previamente o livro da autora J. K. Rowling, no qual o filme se baseia, isso em nada implica em tornar o filme por demais literário ou repleto de acontecimentos paralelos. Muito pelo contrário, aliás – a trama visual é por si só bastante concisa e envolvente, dotada de todos os elementos necessários para um argumento muito bem elaborado e visualmente motivante. Como o universo descrito nas páginas dos livros é muito rico e as situações muito diversas, muita coisa precisou ser condensada, adaptada e até eliminada durante o processo de transição das letras para as telas.

Personagens importantes, como as professoras representadas por Maggie Smith e Emma Thompson, tiveram pouquíssimo destaque, assim como nomes como Julie Christie, Fiona Shaw, Julie Walters e Timothy Spall passam tão rápidos pela tela que se piscarmos provavelmente os perderemos de vista. Relevância mesmo está com o trio de não-tão-pequenos-assim protagonistas, Daniel Radcliffe (Harry Potter), Rupert Grint (Ronnie) e Emma Watson (Hermione), com o acréscimo de David Thewlis (Prof. Lupin), Gary Oldman (Black) e Michael Gambon (o novo Prof. Dumbledore, que substitui o falecido Richard Harris, dono do personagem nos dois primeiros filmes), além dos velhos conhecidos Alan Rickman (Prof. Snape) e Robbie Coltrane (Hagrid, agora também professor em Hogwarts).

Entretanto, o maior mérito de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban é o roteiro, muito bem acabado, criativo e surpreendente, construído em cima de uma proposta original e inovadora, reciclando velhos temas e lhes oferecendo uma nova concepção. Toda esta arquitetura faz deste o mais bem acabado dos filmes da série. Diverte, entretém e provoca boas reações em sua platéia, capturando a atenção da audiência durante toda a projeção. Conclusões bastante inesperadas são apresentadas, até para o mais sagaz dos espectadores, apesar das pistas para os verdadeiros segredos irem sendo apontados desde o início. Ou seja, é uma boa opção para o público ávido por novidade, e um deleite ainda maior para os fãs curiosos. Uma prova de que grandes produções hollywoodianas podem ser realizadas com cérebro pensante na retaguarda que lute pela qualidade não só estética, mas também a inteligência consciente. Viaje sem medo pelo mundo de Harry Potter, pois pelo que é visto aqui, a melhor parte de toda essa história está só começando.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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