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Sinopse

Harry está em seu quinto ano em Hogwarts. Ele acaba ouvindo que muitos não sabem a verdade sobre seu encontro com Lord Voldermort. O Ministro de Mágica, Cornelius Fudge, indica Dolores Umbridge para ser a nova professora de Defesa contra as Artes das Trevas, por acreditar que Dumbledore planeja tomar seu lugar. Harry, então, se reúne com um grupo de alunos para defender sua escola.

Crítica

Desde o princípio ficou claro que uma grande ameaça estaria voltando, se recuperando, e que os acontecimentos futuros ficariam cada vez mais soturnos e assustadores. E se Harry Potter e o Cálice de Fogo (2005) intensificou este sentimento, este Harry Potter e a Ordem da Fênix elimina de vez qualquer dúvida, comprovando porque Harry Potter é uma das sagas cinematográficas mais elaboradas, bem cuidadas e interessantes do atual cinema hollywoodiano. Quando Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (2004) estreou, a crítica foi unânime em afirmar que a saída do diretor Chris Columbus, que havia comandado os dois primeiros filmes da série (Harry Potter Pedra Filosofal, 2001, e Harry Potter e a Câmara Secreta, 2002) tinha sido positiva, pois finalmente um "autor" assumiria as transposições dos romances da autora J.K.Rowling para a tela grande - no caso, o mexicano Alfonso Cuarón, recém saído do premiado E Sua Mãe Também (2001). E o comentário geral sobre o terceiro filme era que haviam acabado as aventuras infantis e que a trama finalmente assumia um aspecto mais sério, dramático e perturbador. Mas essa não é uma característica específica deste filme ou dos seguintes: é, sim, da própria trama básica e de seus personagens. Afinal, o protagonista é um menino que sobreviveu a um ataque mortal contra os próprios pais e que traz marcado na testa esta tragédia.

O cenário apresentado logo no início deste quinto filme não é nem um pouco motivador: após a morte de Cedrigo Diggory no final do longa anterior, a notícia de que o perigoso Lord Voldemort estaria de volta foi espalhada por Harry e Dumbledore, diretor da Escola Hogwarts. Mas o Ministro da Magia duvida da informação, por razões políticas, e faz de tudo para desacreditá-los publicamente. O que acontece é que ninguém no mundo mágico se prepara para os tempos nebulosos que estão por vir, e tudo piora quando as aulas recomeçam. O Ministério envia a subsecretária Dolores Umbridge para assumir como professora e voz do governo dentro da instituição. A interferência dela será gradativamente maior, a ponto de destituir outros mestres e até mesmo Dumbledore. Além de se preocuparem com seus futuros pessoais, Potter e amigos terão que lidar com uma situação completamente adversa num lugar que até então lhes era um porto seguro.

David Yates, o diretor, estreia com este projeto na tela grande - até então havia trabalhado apenas na televisão. E, assim como Columbus, é um competente executor de ordens, mas está longe de apresentar uma visão original e inventiva a respeito da trama que se dispõe a narrar. O que vemos, portanto, é uma apressada sucessão de eventos, muitos deles desconexos entre si, que fazem mais sentido para aqueles já familiarizados com o contexto literário. Aliás, A Ordem da Fênix é o maior de todos os livros (cerca de 700 páginas), e o mais curto dos filmes (enxutos 138 minutos). Resultado? Muita coisa ficou de fora, mantendo apenas o essencial do enredo principal. Claro que o trabalho de adaptação é primordial, e a grande maioria dos fatos é bastante compreensível, mas é quase impossível deixar de lamentar a falta de passagens muito interessantes apresentadas na obra literária. Se ao menos servir para aumentar a curiosidade sobre o livro, já terá valido a pena!

Diferente de outros blockbusters deste ano, como os terceiros episódios de Homem-AranhaPiratas do Caribe e  ShrekHarry Potter chega agora ao quinto filme ainda trazendo consigo novidades e comovendo tanto fãs quanto curiosos. Se até a metade tudo se desenvolve com uma certa pressa, mais para o término o longa finalmente revela seus méritos, em uma conclusão absolutamente fantástica, envolvente e dramaticamente precisa. O espectador fica na ponta da cadeira, torcendo por cada nova reviravolta ou acontecimento. É, sem sombra de dúvidas, o melhor dos "filmes de verão 2007", destes fenômenos de público da temporada. Mesmo não sendo superior às duas aventuras anteriores, mantém em alta a série.

Os parabéns se devem principalmente aos produtores, que conduzem cada novo episódio com um olhar bem direcionado a respeito do que buscam e do que esperam conseguir, e dos atores, todos em ótima forma, desde o trio juvenil Daniel Radcliffe - Emma Watson - Rupert Grint (Harry, Hermione e Rony) até o elenco adulto, em destaque para a novata neste universo Imelda Staunton e para o cada vez melhor Michael Gambon, além, é claro, das ótimas participações de Ralph Fiennes, Emma Thompson, Maggie Smith, Alan Rickman, Helena Bonham-Carter, Gary Oldman, David Thewlis, Jason Isaacs, Robbie Coltrane, Fiona Shaw e Julie Walters (ufa!). A cada instante uma nova surpresa, um novo deslumbre, mais um encanto. Harry Potter e a Ordem da Fênix é perfeito em praticamente todos os propósitos a que se dedica, mesmo sendo nitidamente um produto calculado para dar certo em todos estes mesmos quesitos. É entretenimento básico, honesto e competente. Sorte nossa que ainda restam dois livros!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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