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Sinopse

Em uma terra alternativa do século XXXI, o aventureiro Peter Quill rouba uma esfera pertencente ao poderoso vilão Ronan, e passa a ser procurado por vários caçadores de recompensas. Para escapar ao perigo, ele une forças com quatro personagens fora do sistema: Groot, uma árvore humanóide, a sombria e perigosa Gamora, o texugo rápido no gatilho Rocket Racoon e o vingativo Drax, o Destruidor. Mas Quill descobre que a esfera roubada possui um poder capaz de mudar os rumos do universo, e logo o grupo deverá proteger o objeto para salvar o futuro da galáxia.

Crítica

Tinha tudo para dar errado. Heróis desconhecidos e intergalácticos, elenco com rostos não tão conhecidos, um dos diretores do tenebroso Para Maiores (2013), piadas demais, um alerta de desvio de foco da Marvel Studios, tão centrada nos heróis terrestres... Realmente, Guardiões da Galáxia foi a aposta mais arriscada do estúdio até então. Porém, as preocupações podem ficar de lado: se a Marvel já havia lançado o melhor filme de ação do ano com Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014), agora ela entrega o mais divertido do gênero.

A ligação entre a Terra e o espaço acontece com Peter Quill (Chris Pratt), que, ainda criança, é abduzido para o espaço após a morte da mãe. Já crescido, torna-se um caçador de recompensas e está atrás de um artefato valiosíssimo. Porém, ele não é o único. O líder kree - sim, eles dão as caras para fã nenhum botar defeito - Ronan (Lee Pace), está no encalço do objeto para entregá-lo a Thanos (Josh Brolin), e manda Gamora (Zoe Saldana) atrás do rapaz, pelo qual também está sendo oferecida uma quantia considerável pela captura. É atrás desse dinheiro que o guaxinim enfezado Rocket e seu inseparável companheiro vegetal Groot (vozes, respectivamente, de Bradley Cooper e Vin Diesel) entram na história. Após uma confusão, todos vão parar na prisão e lá conhecem Drax, o Destruidor (a revelação Dave Bautista). Aos trancos e barrancos, os cinco começam a formar um grupo para descobrir que mistério cerca o tal objeto de valor.

Entretenimento puro é a chave de Guardiões da Galáxia. O roteiro usa e abusa de tiradas engraçadas a todo momento, que são realçadas pela trilha sonora recheada de rock dos anos 1970 e 1980 e pelo competente elenco, que parece estar se divertindo tanto quanto o público do outro lado da tela. Chris Pratt, até então um eterno coadjuvante eclipsado, assume fácil a liderança do filme. Seu Peter debochado, que dança e canta para os inimigos para logo depois soltar um “é uma distração, idiota”, é um dos personagens mais carismáticos dos filmes de ação dos últimos tempos.

As diferentes personalidades de cada um do time e o que os une são o motor do filme. O galinha Peter dá em cima de Gamora sempre que surge a oportunidade e consegue arrancar um sorriso da moça carrancuda, filha adotiva de Thanos, e até uma reboladinha quando ouve suas músicas no walkman. A dinâmica entre Rocket e Groot remete a R2DR e C3PO, a dupla inseparável de Star Wars, atmosfera que lembra a saga clássica pela mistura de raças. Enquanto o guaxinim é estourado, sarcástico, piadista, Groot é, literalmente e metaforicamente, um vegetal, especialmente em sua burrice (que gera alguns dos momentos mais cômicos do filme sem o personagem falar nada, apenas agir). Drax, numa mistura de eloquência e violência, também causa risadas quando não entende as expressões terráqueas de Peter e permanece implacável em sua seriedade.

Acima de tudo, trata-se de um filme de ação. E isto não falta ao filme, do início ao fim. Explosões, correrias, tiros e lutas estão por todos os lados, tornando este o exemplar mais “aventuresco” do Universo Marvel até então. Os efeitos especiais são de tirar o fôlego e até o 3D funciona desta vez (apesar de ainda haver poucos momentos para utiliza-lo). O design de produção e a maquiagem dão um aspecto multicolorido ao filme, o que deve atrair o público infantil, ainda que os adultos sejam o público-alvo, aspecto realçado por alguns diálogos dúbios. Porém, os pais não devem ter medo: a violência de Guardiões da Galáxia não é gratuita e muito menos trágica. Tudo é motivo para piada no filme, inclusive os embates mais calorosos.

O novo longa da Marvel ainda traz em seu elenco nomes como Glenn Close, Djimon Hounson, Benício Del Toro e John C. Reilly em pequenas, mas notáveis aparições. Guardiões da Galáxia é o último filme do estúdio antes da conclusão da chamada “Fase 2” da Marvel nos cinemas, que se encerra no próximo ano com a estreia de Vingadores: Era de Ultron (2015). Um entretenimento de qualidade que traz novos personagens para o imaginário do espectador. Mesmo antes da estreia nos cinemas, o filme foi tão bem aceito que já tem continuação prevista para estrear em 2017. Público certamente há de ter, pois carisma como o de um grupo de heróis como este não é fácil de encontrar.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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