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Sinopse

Allen Ginsberg, Jack Kerouac e Lucien Carr exploram ideias ousadas que desafiam as convenções do seu tempo. O assassinato de um professor muda a vida desses expoentes da literatura beatnik.

Crítica

A geração beat nunca esteve tão em alta desde seu surgimento e ápice nos anos 1950. Os artistas do movimento em muito influenciaram e revolucionaram o período em que viveram e foram responsáveis pelo que se convencionou chamar de contracultura. Seja por casualidade ou tendência, as obras e biografias dos beatniks são agora constantemente revisitadas em filmes como Uivo (2010), Na Estrada (2012), Big Sur (2013) e Kill Your Darlings (2013), este último dedicado ao início da geração a partir da relação de seus precursores Allen Ginsberg, William Burroughs e Jack Kerouac.

Daniel Radcliffe e um par de óculos mais vintage que os de Harry Potter dão vida a Ginsberg, retratado a partir de seu ingresso na Columbia University, em 1944. O jovem estudante, hipnotizado pelo carismático colega de classe Lucien Carr, também se torna amigo dos escritores aspirantes William Burroughs e Jack Kerouac. O quarteto, que partilha dias de glórias, desventuras juvenis, drogas e sexo livre, veem a liberdade e libertinagem interrompidas quando são relacionados à misteriosa morte de David Krammerer, com quem Carr possuía uma relação ambígua.

Para uma produção que aborda os supracitados ícones da contracultura, Kill Your Darlings é ajustado numa fórmula de fazer cinema extremamente trivial. Além da reprodução de textos integralmente apresentados em off, o filme de estreia de John Krokidas se vale de uma narrativa pouco inventiva fragmentada ao redor de situações desinteressantes e até mesmo monótonas. Justamente por seus deméritos, o elenco da produção se sobressai e até imprime alguma vivacidade em suas interpretações, com destaque para o astro ascendente Dane DeHaan.

Krokidas, que escreveu seu roteiro ao lado do ex-colega de faculdade Austin Bunn, dedica a maior parte do filme para avaliar os tipos que representa, jovens de vanguarda e suas relações reinventadas numa época muito conservadora. Seu Ginsberg ficcional, que já ganhou uma melhor interpretação em Uivo, parece um garoto sem caráter e suscetível a qualquer estímulo externo. Numa leitura irresponsável aos anos de formação dos escritores e poetas que lhe serviram como personagens, Krokidas os resumiu a um grupo imaturo ao qual cabe a definição contemporânea dedicada aos hipsters – figuras anteriormente integradas ao jazz e beat hoje absorvidas pelos códigos da cultura mainstream.

Visualmente, Kill Your Darlings ganha algum estilo e energia impulsionado pela bonita fotografia em sépia, figurinos e até mesmo por uma ocasional trilha anacrônica. Outro mérito do filme está na reconstituição de época, que apresenta a Greenwich Village de Nova York como deveria ser em 1940. No entanto, os bons aspectos da produção acabam suprimidos pelo retrato convencional de uma geração que merecia uma leitura mais corajosa e à altura de sua importância.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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