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Sinopse

Um vírus devastador varre o Reino Unido. Quatro semana depois, um grupo de sobreviventes tenta encontrar respostas e uma forma de continuar vivendo.

Crítica

Imagine você acordar e existir apenas o silêncio. Nas ruas, nas casas, nas lojas, tudo vazio e abandonado. Não há mais ninguém à vista, estão todos desaparecidos, você está completamente sozinho. E isso que está em Londres, uma das maiores metrópoles do mundo. Agora vá um pouco mais adiante, e na sua procura desenfreada por explicações, acaba se deparando com centenas, milhares de mortos amontoados em pilhas nos interiores de igrejas e edifícios. O terror vai aumentando, até que descobre que alguns desses não estão mortos – ao menos não ainda. Eles estão contaminados, e completamente

28 Days Later... transtornados: um vírus letal os consome, transformando-os em bestas selvagens que desejam apenas destruir tudo que estiver pela frente – inclusive você, se for o caso. Sente-se perdido? Ainda não, pois restam alguns bravos sobreviventes que, ao seu lado, poderão, juntos, encontrar a tão almejada cura para todo esse mal. Mas e se durante essa jornada um desses que estão ao seu lado acabarem se voltando uns contra os outros, numa rota sem volta? Imaginou? Pois é, isso é Extermínio.

Após o frustrante A Praia (2000), o diretor Danny Boyle e o roteirista Alex Garland voltam a unir forças nesse trabalho, marcando o primeiro acerto da dupla e o reencontro do cinesta com o sucesso, algo que não via acontecer desde o excelente Trainspotting: Sem Limites (1996). E as condições são bem semelhantes: um elenco formado por atores novatos (os mais conhecidos são Brendan Gleeson, da saga Harry Potter, e Christopher Eccleston, visto depois em G.I. Joe: A Origem de Cobra, 2009), uma câmera rápida e ágil (95% de suas cenas foram feitas com equipamento digital e transpostas posteriormente para película, o que confere um visual “sujo” ao filme, bem de acordo com sua trama apocalíptica) e uma história que vai direto ao ponto, sem se perder em atalhos desnecessários.

Mas o melhor de Extermínio, produção inglesa eleita como a melhor de 2002  segundo a revista Empire, é mesmo a sua precisa direção, que nos conduz por um caminho angustiante e tortuoso, causando no espectador a mesma sensação de medo e desespero vivida pelos protagonistas na tela. O pavor é tão grande e incontrolável que por momentos chega-se a esquecer que estamos diante apenas de uma obra de ficção, tal é o realismo imposto na dramatização dos eventos descritos.

Extermínio realmente coloca o espectador na pele dos personagens, como se cada um do lado de cá da tela fosse mais um dos sobreviventes, fugindo do desconhecido que pode estar nos espreitando em qualquer sombra próxima. O visual catastrófico da produção, que lembra muitas outras antigas e recentes, pode chocar no início, mas os méritos dessa obra estão além do que pode ser depreendido numa olhada mais superficial: não se trata somente de originalidade, e sim da experiência demonstrada ao adaptar para um grande público esse tema tão familiar de modo único e apurado, como se o fim do mundo realmente estivesse a nossa espera. Tem-se aqui um dos melhores filmes do gênero, e uma das torturas mais compensadoras para quem aprecia esse tipo de (bom) sofrimento. Apenas reze para conseguir dormir tranqüilo após assisti-lo.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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