Eu Sou Carlos Imperial

Crítica

O título do documentário de Renato Terra e Ricardo Calil já anuncia que o tema de Eu Sou Carlos Imperial será mais a persona do que o homem. A proposta é escancarada em sua primeira cena, um trecho de uma de suas participações com ator de pornochanchadas. O que se vê é o próprio, de cabelo comprido, barba e seu tipo físico roliço caminhando pela praia ao som de Mamãe Passou Açúcar em Mim, música de sua composição. Aos poucos, ele começa a ser perseguido por uma multidão feminina entusiasmada e seu rosto deixa claro que a situação não o incomoda nem um pouco.

Essa cena já apresenta os elementos centrais do documentário: mulheres, cinema, música e a persona cafajeste de Imperial. Os assuntos servem como norte do longa, como guiavam a carreira do protagonista. O caminho escolhido em Eu Sou Carlos Imperial se justifica porque como persona é que Imperial atuava na música, TV e cinema. Assim, temos uma coleção de depoimentos bem selecionados que dão conta de narrar as peripécias do biografado.

Seus parceiros musicais falam das músicas cuja composição ele tomou para si, inclusive temas de domínio público. Seus amigos e filhos comentam de sua movimentada vida sexual. Todos relatam as consequências do temperamento expansivo e explosivo do homem. Tudo isso permeado com falas do próprio, em imagens de arquivo.

Com todas essas fontes, o documentário não se ausenta de assuntos polêmicos, algo constante na vida do protagonista. As manobras que Carlos Imperial armava para obter fama e repercussão na mídia, suas mentiras exageradas que até hoje são tomadas como verdade, as pessoas que ajudou e que enrolou, e a forma heterodoxa como criou sua prole. Por tudo isso, é necessário dizer que Eu Sou Carlos Imperial é muito honesto com seu personagem. Tão honesto quanto se pode ser quando o assunto é Carlos Imperial.

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Edu Fernandes

é formado em Audiovisual pela ECA/USP. Escreve para os sites BRCine e SaraivaConteúdo, além de colaborar para a revista Preview. Participa do programa Quadro a Quadro na TV Geração Z e de videoposts do canal Tateia. Tem experiência em sites (UOL Cinema, Cineclick e GQ), revistas (SET, Movie e Rolling Stone) e televisão (programas Revista da Cidade e Manhã Gazeta).

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