Em Paris
Crítica
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Sinopse
Mirko (Guy Marchand) tem dois filhos: os jovens Paul (Romain Duris) e Jonathan (Louis Garrel). O primeiro é confuso e o segundo irresponsável. Paul sofre do mesmo tipo de depressão que levou sua irmã ao suicídio, alguns anos antes. Ele vivia com a namorada Anna (Joana Preiss), mas após brigar com ela voltou a morar com o pai. Enquanto Jonathan vive aventuras românticas pela cidade, Paul se recusa a sair da cama e do quarto.
Crítica
Sabe o clichê para “cinema francês”? Arrastado, onde aparentemente pouco acontece, bastante reflexivo, mas mesmo assim com ótimos diálogos, muito sexo e que no final sempre te surpreende pela boa trama? Assim é Em Paris, longa escrito e dirigido por Christophe Honoré. Neste curioso estudo sobre as relações humanas carentes de expectativas numa Paris bastante cinzenta, a força de atração está no desempenho dos protagonistas, Romain Duris (Bonecas Russas) e Louis Garrel (Os Sonhadores), dois nomes de grande destaque no novo cinema europeu.
Duris e Garrel aparecem como irmãos, e ambos estão atualmente morando às custas do pai (Guy Marchand, indicado ao César – o Oscar francês – como Melhor Ator Coadjuvante) recém separado. Enquanto o primeiro passa os dias trancado no quarto, curtindo com toda a intensidade a dor de uma relação recém terminada, o outro quer é curtir, passando o dia pela capital francesa pulando de uma cama para outra, trocando de namorada como troca de roupa. Um quer amor, o outro busca sexo. E, no fundo, o que importa são os sentimentos entre estes três homens – pai e filhos/irmãos.
Em Paris lembra bastante o cinema de François Truffaut, um dos maiores expoentes do cinema francês. O estilo é direto, a câmera é estática, e o foco está nos sentimentos e nas ações. É um modo muito mais humano de contar talvez não histórias, mas sensações, impressões e desejos. Acompanhamos o desenrolar das horas ao lado deles, não curiosos para descobrir o que irá acontecer, mas sim interessados em como eles irão reagir, e, principalmente, como os fatos irão afetá-los. É um cinema de personagem, não de enredo.
Ao lado desta família de homens há outra figura dramática de grande relevância: a própria Paris, como o título já adianta. Ao lado do irmão mais novo somos conduzidos pelas ruas, pelas pontes, pelas praças e cafés da Cidade-Luz, sem desviar dos pontos turísticos mais óbvios, mas ainda assim revelando novas facetas e olhares. Se fosse em outra cidade, seria outra história. Qualquer apaixonado por Paris sabe do que estou falando, e só por este passeio Em Paris já justifica o ingresso.
Talvez este não seja o seu tipo de filme. Talvez você ache que não tem tempo para dedicar a um enredo como este. Mas caso decida percorrer estes caminhos, vá com tranqüilidade e atenção redobrada. As surpresas podem ser muito maiores do que as imaginadas no início do trajeto, e Em Paris pode conquistar tanto seu coração quanto sua inteligência.
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