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Sinopse

John McClane viaja até Moscou para uma missão internacional. Uma vez lá, terá que ajudar Jack, o filho que há muito tempo não via, e que agora opera como agente secreto da CIA. Os dois terão que atuar juntos para evitar que uma parte sombria de Moscou consiga controlar armas nucleares.

Crítica

É triste observar que uma cinessérie tão bacana e, acreditem, ainda cheia de potencial como Duro de Matar tenha se transformado no que vemos em Um Bom Dia para Morrer. O filme não chega a ser ruim, visto que John McClane ainda tem alguns truques escondidos na manga. Mas está longe de ser tão bom quanto o primeiro ou o terceiro título da série, os melhores desta pentalogia, ambos dirigidos por John McTiernan. Já temos um problema inicial logo nos créditos. Quem, além de Bruce Willis, tem algo remotamente interessante em sua filmografia? Já tivemos coadjuvantes de renome e certo peso na série Duro de Matar. Alan Rickman, Willian Sadler, Paul Gleason, John Amos, Samuel L. Jackson e Jeremy Irons, só para citar os mais importantes. Nos últimos episódios, no entanto, os produtores parecem economizar nos nomes para investir nas explosões – o que resulta em um produto barulhento, com alguns momentos divertidos, mas sem o selo de qualidade dos primeiros episódios.

Na trama, assinada por Skip Woods, John McClane (Willis) viaja à Rússia para tentar ajudar seu filho, Jack (Jai Courtney), em uma enrascada que o rapaz parece ter se metido. Chegando lá, o policial veterano de Nova York descobre que o jovem McClane é, na verdade, um agente da CIA envolvido em uma perigosa missão envolvendo armas nucleares, em uma história que remonta à época do acidente em Chernobyl. Ao tentar chamar a atenção do filho, John acaba atrapalhando a missão e precisará ajudar Jack na extradição do presidiário Komarov (Sebastian Koch) para um local seguro. Mas os capangas de Chagarin (Sergei Kolesnikov), antigo parceiro e atual inimigo de Komarov, não deixarão isso acontecer tão fácil.

Para os fãs da série, a boa notícia é que Bruce Willis, no alto de seus 57 anos, ainda consegue carregar muito bem um filme de ação. Trazendo de volta o humor de John McClane, um tanto esquecido em Duro de Matar 4.0 (2007), Willis é o que de melhor Um Bom Dia para Morrer oferece. Utilizando os atalhos que a idade lhe ensinou, o policial aparece como um veterano sem medo da morte, um sujeito que peita qualquer problema de frente – de preferência com uma arma em punho. A tentativa de colocar o filho de McClane na jogada, trazendo juventude para a trama, acaba atrapalhando mais do que ajudando. Isso porque, quem paga ingresso para ver Duro de Matar quer ver John McClane sênior, não júnior. Ainda que Jai Courtney não cause embaraços no personagem, é sempre muito melhor acompanhar o herói clássico em ação do que seu filhote. O mesmo aconteceu no fraco Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008), no qual tentaram – sem sucesso – incluir um filho para o herói vivido por Harrison Ford. Simplesmente, não funciona.

Neste quinto capítulo da série, a ação é transportada para Rússia. Uma ideia até interessante, dado o fato de que McClane nunca havia saído da América em seus filmes. O que atrapalha é a grande volta que o roteiro tem de fazer para explicar a presença do herói americano em solo russo. Ainda que seja mais verossímil do que um Férias Frustradas (1983) de McClane na Rússia, todo o trecho que envolve o encontro de pai e filho no início do filme soa forçado. Culpa do roteiro preguiçoso de Skip Woods. Se não bastasse isso, a direção de John Moore, quando não é burocrática, é uma confusão sem tamanhos. Em uma das maiores cenas da trama, uma grande perseguição acontece nas ruas de Moscou e fica realmente difícil entender quem está atrás de quem, dada a falta de traquejo de Moore em nos mostrar o que acontece. Fosse um John McTiernan – que nos tirou o fôlego com a corrida de táxi nas ruas de Nova York em Duro de Matar 3: A Vingança (1995) – e estaríamos em melhores mãos.

Ainda que seja o mais fraco dos cinco filmes da série, Duro de Matar 5: Um Bom Dia para Morrer consegue escapar por um triz de ser mais uma genérica produção de ação. Isso graças à presença de Bruce Willis, se divertindo ainda como John McClane, algumas boas cenas de ação (a melhor envolve um helicóptero e um caminhão, deixemos assim) e a sempre marcante frase de efeito do herói (“Yippee Ki-Yay, Motherfucker”) que dás as caras no desfecho. Para os fãs mais ardorosos, existe até uma referência ao primeiro Duro de Matar (1988) no destino final de um dos vilões do filme, fazendo uma interessante (e sangrenta) rima com o inescrupuloso Hans Gruber (Alan Rickman).

Para fechar com chave de ouro, outra rima bacana, mas com a música. Quem melhor para ser trilha sonora de um filme sobre um sujeito mais velho que nunca esmorece do que os Rolling Stones? Doom and Gloom, um dos singles mais recentes do grupo, fecha bem o longa-metragem, com um incômodo gosto na boca de que poderia ter sido bem melhor caso tivesse sido realizado por mãos mais habilidosas. Esperemos que em Duro de Matar 6 – que certamente virá – estes erros sejam corrigidos e que John McClane tenha, novamente, uma aventura realmente à sua altura.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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