Crítica


5

Leitores


5 votos 6.8

Onde Assistir

Sinopse

Depois de um acidente em Berlim, um médico acorda num mundo que não o reconhece: sua esposa não sabe quem ele é, outro sujeito parece ocupar sua identidade e assassinos misteriosos o perseguem.

Crítica

Desde que chamou atenção pela primeira vez, como protagonista de A Lista de Schindler, Liam Neeson tem tentado de tudo. Mas, pelo jeito, é como astro de ação que quer se firmar, e esse Desconhecido é mais uma tentativa neste sentido. Agora, para cada Esquadrão Classe A (divertido e dinâmico), há um Busca Implacável (filme de gênero que apenas recicla velhos clichês). E, infelizmente, esse mais recente trabalho do ator está na segunda categoria. Afinal, o longa do diretor Jaume Collet-Serra (do insuportável A Órfã) até começa bem, mas logo envereda por um caminho de reviravoltas implausíveis, personagens sem sentido e uma trama previsível, que peca não só pela obviedade, como também pela ausência de coerência.

Em Desconhecido, Neeson é um importante cientista convidado a ir a Berlim para participar de um seminário internacional. Ao chegar na cidade, no caminho para o hotel, se dá conta que esqueceu a maleta no aeroporto, com passaporte e tudo mais. Ao retornar, sofre um acidente de trânsito. Horas depois, ao acordar no hospital, sofre com lapsos de memória. Quando consegue, finalmente, reencontrar a esposa (January Jones, de Mad Men), ela está ao lado de um outro homem, que se apresenta pelo mesmo nome dele. E agora, quem é ele? Estará sofrendo de amnésia? E este novo marido, quem é? O que está realmente acontecendo? Quem irá ajudá-lo nesse processo de reconquista de identidade e na resolução do mistério serão os alemães Diane Kruger, como a motorista do táxi envolvida na tragédia automobilística, e Bruno Ganz (O Leitor), como um investigador de técnicas nebulosas.

Desconhecido é o tipo de filme que satisfaz com tranquilidade o espectador médio, que não exige muito mais do que uma hora de meia de distração enquanto se delicia com um balde de pipoca e meio litro de refrigerante. O cenário é plasticamente atraente – a cidade de Berlim aparece como um personagem da história – com uma fotografia fria e elegante, a trilha sonora é eficiente em criar climas de suspense e tensão, e o elenco está coeso e bastante equilibrado. Além do enredo, furado e repleto de pontos discutíveis, talvez o maior problema seja justamente Neeson, que deixa de lado o intérprete capaz de nuances e performances mais inspiradas para se situar entre um Bruce Willis ou um Harrison Ford sem fôlego, tentando resolver tudo no braço, mas no final das contas contando mais com a sorte – ou com os absurdos desenhados pelos roteiristas – para se safar.

Como produção pequena feita justamente para entreter um público ávido por sucessos mais relevantes, Desconhecido até que cumpriu com competência sua função. Nas bilheterias americanas faturou quase o dobro do seu orçamento, que foi de US$ 30 milhões. E junto à critica passou meio que desapercebido, sem provocar traumas irreparáveis. Assim, se posiciona como um passatempo descartável, que diverte até certo ponto, sem causar grandes danos. Mas também deixa claro que, Liam Neeson, enquanto protagonista, ainda se sai muito melhor como coadjuvante de luxo – que sirvam como exemplos suas eficientes participações nos divertidos Batman Begins, Star Wars, Cruzada e Gangues de Nova York, entre tantos outros.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
avatar

Últimos artigos deRobledo Milani (Ver Tudo)

Grade crítica

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *