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Sinopse

Laura comete suicídio após ter um vídeo íntimo seu vazado na internet. Com o passar do tempo, um grupo de pessoas que a conhecia começa a ser assombrado por algo aparentemente inexplicável.

Crítica

O já desgastado formato found footage busca uma reinvenção em Amizade Desfeita, coprodução entre Estados Unidos e Rússia que entrega já no título original (Cybernatural) sua atmosfera de terror sobrenatural. Desenvolvido integralmente em tempo real a partir da tela do computador de sua protagonista, o filme investe com alguma criatividade no desenvolvimento de ritmo, suspense e clímax, porém esbarra nas convenções que há muito atrasam o gênero e, como resultado, temos mais um exemplar razoável de entretenimento vazio e esquecível.

Entre Skype, Facebook, Twitter e outras ferramentas e mídias virtuais, Amizade Desfeita apresenta seu diminuto enredo rapidamente: trata-se de um grupo de amigos que se reúne para um chat no dia que marca o aniversário de um ano da morte de uma ex-colega de escola, Laura Barns. A garota se suicidou após sofrer constantes abusos por conta de um vídeo infame, publicado anonimamente, que a mostrava alcoolizada e em situações deploráveis. Inicialmente trivial, a conversa é logo invadida pelo que se presume ser o espírito da própria Laura, que passa a promover uma série de jogos macabros, punindo cada um deles pela parcela de culpa que carregam pelo seu suicídio.

O enredo rocambolesco de Amizade Desfeita é tão comicamente inviável que a gravidade com que seus personagens encaram a situação torna a sessão ainda mais passível ao riso. O roteiro de Nelson Greaves até flerta com a possibilidade de que a invasão é obra de um hacker ou algum colega perverso dos jovens, porém como a distribuidora nacional já adianta, trata-se sim se mais um filme sobre espíritos em busca de qualquer coisa e cineastas em busca de sustos fáceis e rentabilidade na bilheteria. Esta última está garantida: ao custo de US$ 1 milhão para ser produzido, o filme já arrecadou mais de US$ 40 milhões ao redor do mundo.

Protagonizado por atores pouco conhecidos, Amizade Desfeita garante algumas sequências bem orquestradas pelo cineasta Levan Gabriadze, que se vale das múltiplas possibilidades virtuais para compor os minutos de seu filme – telas divididas entre dois ou mais personagens, invadidas por mensagens e sons repentinos são constantes. A utilização de referenciais comuns aos adeptos da internet, como a atualização de uma página, a pixelização de uma tela não carregada completamente ou a barra que indica um download em andamento, são trunfos bem explorados por Gabriadze. No entanto, o suspense deve ter uma vida curta e se tornar datado rapidamente, dada a velocidade com que as mídias sociais e tecnologias digitais evoluem.

Os personagens vão aos poucos revelando as suas verdadeiras facetas enquanto o discurso da produção reitera que é impossível conhecer e confiar em alguém integralmente, ainda menos no universo virtual. Amizade Desfeita vai perdendo seu pequeno fôlego quando sua tensão passa a ser substituída pela histeria gratuita e enervante das resoluções que a produção propõe. Ao menos ele ensina uma importante lição: há lugares mais adequados e efetivos para se buscar ajuda para uma emergência que o Chatroulette.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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