Crítica

Crazy: Um Dia Muito Louco é uma comédia brasileira realizada em 1981, dirigida e roteirizada por Victor Lima. Sua trama mistura erotismo e humor negro, fazendo uso da morte como ponto de partida. Logo na abertura, Nandinho (Helber Rangel) mata seu amigo e colega de moradia, Teodoro (Fernando Reski), com cinco tiros, no banheiro. Quando ele está se preparando para enterrar o defunto no quintal, a campainha toca e a aspirante a atriz Belinda (Alba Valeria) conta que Teodoro anunciou no dia anterior um quarto para locação na casa deles. A partir dai Nandinho é interrompido por diversos tipos que o impedem de se livrar do corpo. Hugo (Sérgio Guterres), garotão malandro amigo de Teodoro que deseja fotografar universitárias nuas, a misteriosa beata Durvalina (Helena Ramos), mediúnica vendedora de bíblias, e um policial que procura Teodoro.

Crazy, um dia muito louco

O filme apresenta situações clichês que desembocam em cenas de nudez e de sexo. Os temas são despretensiosos e corriqueiros, bem ao estilo do começo dos anos oitenta: desejo, pecado, virgindade, com doses da boa e saudável sacanagem que marcou as pornochanchadas. Os principais aspectos positivos estão nos diálogos. Há tiradas com a morte o tempo todo, principalmente nas conversas entre Nandinho e a beata Durvalina, a personagem mais interessante da trama.  Helena Ramos interpreta essa mulher que, por exemplo, não sabe como os bebês são feitos. Curiosamente ela atuou no cinema nas décadas de 1970 e 1980, participando de mais de vinte pornochanchadas, dentre elas grandes sucessos como Roberta, A Gueixa do Sexo (1978), Iracema, a Virgem dos Lábios de Mel (1979) e Mulher Objeto (1981). Atuou também em telenovelas, como Guerra dos Sexos (1983).

Os flashbacks com as lembranças de Nandinho funcionam para conferir atmosfera ao seu instinto assassino. Ele a beata formam uma dupla cujas insanas e engraçadas revelações são adequadas à trama. O fato de o morto estar presente quase o tempo inteiro dá um tom de brincadeira àquela situação bizarra, reforçando assim o humor da proposta. É preciso considerar que Crazy: Um Dia Muito Louco possui baixo orçamento, foi filmado em três locações, com meia dúzia de atores desconhecidos. As atuações são caricatas e beiram o ridículo. A trilha sonora acelerada e confusa chega a ser engraçada de tão estranha e ruim.

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Um filme cujo gênero dita as regras, dentro de uma fórmula feita para o público masculino: garotas nuas e tentadoras, caras atrapalhados, malandros exploradores de mulheres ingênuas, muito erotismo e palavrões.  No epílogo de Crazy: Um Dia Muito Louco, se destaca uma breve citação de um dos mais importantes poetas românticos ingleses,  Percy Bysshe Shelley: “A morte está aqui, a morte está ali, a morte age por toda parte. A morte está em volta de nós, dentro, embaixo, em cima e nós próprios somos morte”. 

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é diretor de cena e roteirista. Graduado em Publicidade e Propaganda com especialização em Cinema (Unisinos /RS). Dirige para o mercado gaúcho há 20 anos. Produz publicidade, reportagem, documentário e ficção. No cinema é um realizador atuante. Dirigiu e roteirizou os documentários Papão de 54 e Mais uma Canção. E também dois curtas-metragens: Gildíssima e Rito Sumário. Seus filmes foram exibidos em vários festivais de cinema e na televisão. Foi diretor de cena nas produtora Estação Elétrica e Cubo Filmes. Atualmente é sócio-diretor na Prosa Filmes.

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