Corpos Celestes
Crítica
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Sinopse
Quando criança, Francisco (Dalton Vigh/Rodrigo Cornelsen) era um garoto inquieto, que vivia sendo perseguido pelo irmão Ismael (Pedro Inque). Ao ser provocado, ele resolve ir no casarão do americano Richard (Antar Rohit), que tem fama de maluco na região. Lá encontra um telescópio, o qual passa a olhar as estrelas. Logo Francisco faz amizade com Richard e passa a ir na casa dele frequentemente. Isto não é visto com bons olhos por seu pai (Zeca Cenovitz), que o proíbe de retornar ao local. Entretanto, os breves momentos juntos despertaram em Francisco a paixão pela astronomia, ciência a qual estuda ao crescer.
Crítica
Trabalho de estreia do diretor Marcos Jorge, Corpos Celestes só conseguiu ser exibido num circuito maior após o lançamento – e consequente sucesso – do longa posterior do diretor, o evidentemente superior Estômago (2007). Mesmo assim a demora foi bastante: exibido na mostra competitiva do Festival de Cinema de Gramado de 2009 – onde recebeu o prêmio de Melhor Fotografia (também seu maior mérito, numa escolha bastante óbvia dentre os demais concorrentes) – só dois anos depois ganhou, finalmente, o circuito comercial. E se alguém estava com alguma expectativa, a frustração foi certa, afinal trata-se de um filme tão belo quanto vazio.
Corpos Celestes narra a história de um astrônomo marcado por um fato em seu passado ao qual deve sua prolífica carreira, que terá de lidar com um dos maiores mistérios entre a insignificância do homem e a imensidão do cosmos: seus sentimentos por Diana (Carolina Holanda), uma moça bem à vontade com o seu lugar no universo. O problema maior é que tudo é frio, distante, incapaz de gerar um envolvimento maior com o espectador. A atuação nada inspirada do protagonista também colabora para o sentimento geral de distanciamento.
Corpos Celestes é um filme bonito, porém estranho. Com Estômago (que recebeu 5 indicações ao Prêmio Guarani 2009, inclusive à Melhor Filme, e ganhou em 3 categorias: Ator, para João Miguel, Roteiro Adaptado e Revelação do Ano, para Fabiúla Nascimento) Marcos Jorge despontou como uma das revelações do ano. Aqui ele divide os créditos da direção com Fernando Severo, e os dois contam a história deste homem (Dalton Vigh, quando adulto, e Rodrigo Cornelsen, na infância) que decide ser astrônomo ainda na infância, após ficar amigo de um americano cheio de hábitos curiosos. É um filme interessante, de fotografia envolvente e conduzido com carinho, mas dono de um roteiro que não entrega facilmente suas intenções, trabalhando mais com a subjetividade dos personagens do que com um enredo que necessite evoluir linearmente.
Corpos Celestes foi filmado em cinco cidades: Curitiba, São Paulo, Castro, Piraquara e Araucária, em mais de 20 diferentes locações. Durante sua trajetória foi exibido no Festival Internacional de Cinema de Goa, na Índia, e no 5° Festival de Cinema de Goiânia, onde recebeu os prêmios de Melhor Trilha Sonora, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia e Ator Revelação. No 4° Festival da Lapa, em 2010, recebeu o prêmio de Melhor Figurino. Foi um dos 15 filmes brasileiros incluídos na seleção “Brasil: el cine del siglo XXI” realizada por José Carlos Avellar e Gianni Ottone na 55ª Semana Internacional de Cine de Valladolid, na Espanha, em outubro de 2010. Em novembro o filme recebeu também os prêmios de Melhor Direção e Melhor Roteiro no 5° Festival de Cinema dos Sertões. É um circuito que até impressiona, mas que por fim revela mais a carência de bons títulos no cinema nacional do que um destaque por mérito próprio. É um filme que provoca admiração, mas não levanta paixões.
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