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Sinopse

Mari tem um grande sonho: abrir seu próprio restaurante. Para tanto ela trabalha duro como chefe de cozinha, sempre focando a ascensão profissional. Até que um dia ela conhece Caio, um cara simpático que permite que ela enfim realize seu sonho. Só que logo Mari percebe que nem tudo é tão simples assim.

Crítica

Previsto inicialmente para chegar aos cinemas no início do ano, o thriller Confia em Mim teve sua estreia adiada em mais de dois meses. O motivo principal, especula-se, foi aguardar o final da novela Amor à Vida, da Rede Globo, que contava no seu elenco principal justamente com os dois protagonistas deste filme: Mateus Solano e Fernanda Machado. Se o objetivo era capitalizar em cima de uma popularidade ainda maior do dois, no entanto, é provável que o resultado saia pela culatra. Afinal, os fãs do vilão Félix (interpretado por Solano e responsável pelo primeiro beijo gay em horário nobre da televisão brasileira) até podem ir ao cinema querendo mais do ator, mas o que encontrarão em nada se assemelha com o que era visto na telinha. Já Fernanda, por outro lado, tem suas fragilidades reveladas por uma trama que exige mais do que ela pode oferecer, apesar do evidente esforço da atriz para fazer jus à confiança que lhe foi depositada.

Mari (Fernanda Machado) é uma talentosa souschef de cozinha em um badalado restaurante paulista. Menosprezada pelo patrão e intimidada pela relação familiar (a mãe é a poderosa dona de um aras, enquanto que a irmã é uma bem-sucedida executiva), tem suas inseguranças percebidas pelo galanteador Caio (Mateus Solano), um rapaz que conhece durante uma sessão de degustação de vinhos. Ele se apresenta charmoso, conquistador, e logo os dois estarão vivendo uma bela história de amor. Ele a incentiva, oferece a coragem que lhe falta, e juntos começam a traçar um futuro glorioso, em que ela consegue abrir seu negócio e alcançar uma sonhada realização profissional. E tudo segue um caminho cor-de-rosa, até o momento em que R$ 200 mil – valor necessário para dar seus primeiros passos como empreendedora – somem nas mãos dele, assim como o próprio, que desaparece sem deixar notícias.

O diretor Michel Tikhomiroff e o roteirista Fabio Danesi (ambos estreantes no cinema, mas que já haviam trabalhado juntos no seriado O Negócio, 2013-2018) são os responsáveis pelo melhor de Confia em Mim, que é sua trama simples e objetiva. O cenário é estabelecido sem delongas, as peças são expostas de modo muito claro, as reviravoltas convencem e sua conclusão surpreende na medida certa. Em resumo, temos essa mulher em busca de um príncipe encantado, e seu desejo é tamanho a ponto de cair na conversa do primeiro malandro que se apresente em seu caminho, enrolando-a nos pontos fracos e acabando de vez com toda a sua segurança psicológica. Porém será preciso mais do que isso para derrubá-la, e após uma conversa em família (não uma que participa, mas que escuta por acidente), lhe surgirá a determinação necessária para não só se vingar do golpista, como também dar-lhe o troco justo pelo ocorrido.

Confia em Mim é um filme de gênero, tipo de produto pouco explorado na cinematografia brasileira, que eventualmente acaba se reduzindo à estilos consagrados, como comédias ou dramas sociais. A história que aqui acompanhamos tanto poderia se passar em Tóquio, Paris ou Nova York, e isso não faria diferença para o resultado final, tanto para quem a realizou como para os espectadores. Se a trilha sonora está um pouco exagerada e a edição é convencional, ao menos o diretor é eficiente em construir esse suspense que prende a atenção e envolve a audiência. Solano precisa ir com cuidado atrás de uma saudável diversidade, e ainda que este filme tenha sido feito antes da novela, uma mudança tão brusca não lhe soa confortável. Já Fernanda, por outro lado, possui uma aparência frágil que convém à protagonista no início, mas lhe falta garra para convencer na conclusão. No entanto, temos aqui um produto eficiente, um entretenimento competente que merece, por que não, um voto de confiança.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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