Crítica

Katherine Heigl é uma sub-Jennifer Aniston. Jason O’Mara é um sub-sub-Gerard Butler. E esse Como agarrar meu ex-namorado é um genérico bem vagabundo de Caçador de Recompensas, lançado há nada menos do que dois anos! A trama é absurdamente igual, mudando apenas o gênero: se antes era ele que estava no encalço dela, agora é o contrário. O impressionante é a gigantesca falta de originalidade nos roteiristas hollywoodianos, que seguem maltratando as comédias românticas produzidas em série como se todas fossem exatamente iguais umas as outras, sem a menor preocupação com originalidade ou ineditismo, contentando-se em serem apenas variações cada vez mais pobres sobre o mesmo tema.

Desde que se destacou entre os coadjuvantes do seriado Grey’s Anatomy, Katherine Heigl se convenceu de que era uma grande estrela de cinema e que poderia se firmar como um nome viável nas bilheterias. Porém, desde o seu único – e inesperado – sucesso de público (Ligeiramente Grávidos, que faturou mais de US$ 200 milhões em todo o mundo em 2007), todos os seus filmes tem sido absolutamente iguais e em ritmo decrescente de qualidade. Todos são do mesmo gênero – comédias românticas – e alternando-se apenas no parceiro. Primeiro tivemos James Marsden e Edward Burns (Vestida para casar, 2008), depois o próprio Gerard Butler (A Verdade Nua e Crua, 2009), Ashton Kutcher (Par Perfeito, 2010), Josh Duhamel (Juntos pelo Acaso, 2010) e até o roqueiro Jon Bon Jovi (Noite de Ano Novo, 2011). Esse Como agarrar meu ex-namorado talvez signifique o fundo do poço. A boa notícia é que, daqui pra frente, piorar será bem difícil.

Jason O’Mara (protagonista da recentemente extinta série Terra Nova) é um policial acusado de assassinato. Ele também foi o responsável por ter tirado a virgindade da personagem de Heigl quando os dois eram adolescentes e não ter mais procurado por ela a partir do dia seguinte. Os dois voltam a se encontrar quando ela, desesperada e sem emprego, aceita um trabalho de caçadora de recompensas, indo atrás de fugitivos da justiça de olho nos valores oferecidos por cada um dos procurados. A moça acredita que as ligações passadas entre eles irá ajudá-la na tarefa. Mas o que não imagina é que ele, além de se declarar inocente e ter mais experiência nesse jogo de gato e rato, está também envolvido em algo muito sério e perigoso. Ou seja, ela não quer “agarrar o ex-namorado”, como o título nacional erroneamente anuncia. Mas ao tentar resolver seus problemas financeiros terá que resolver pendências do passado e enfrentar situações que até então não faziam parte do seu cotidiano.

É triste perceber nomes como Debbie Reynolds (Cantando na Chuva, 1952), John Leguizamo (Moulin Rouge, 2011) e Fisher Stevens (O que é isso, companheiro?, 1997) num ponto de suas carreiras que tenham que servir de apoio para uma pseudo-estrela como Katherine Heigl. Ela definitivamente não demonstrou, ao menos até hoje, ter condições suficientes para ser uma opção interessante tanto de entretenimento quanto em termos de indústria. E esse Como agarrar meu ex-namorado é só mais um passo em falso numa trajetória fadada à mesmice e à mediocridade. E se você tem tempo sobrando para desperdiçar em bobagens desse gênero, talvez um filme como esse lhe agrade. Agora, se o caso for outro, o melhor é evitar a todo custo.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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