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Sinopse

Depois de um assalto dar errado, Casey Stein encontra-se em fuga de uma gangue cruel chefiada por Hagen. Deixado sem escolha, Casey chama o seu antigo empregador e contrabandista de drogas, Geran, para proteger sua namorada, Juliette, de Hagen.

Crítica

O peso do elenco de Busca sem Limites impressiona. Temos dois oscarizados veteranos ainda em boa forma (Anthony Hopkins e Ben Kingsley), uma jovem estrela indicada ao prêmio da Academia e protagonista do segundo maior blockbuster de 2016 (Felicity Jones) e um ator em franca ascensão, conseguindo fazer a transição da fase mirim para a adulta (Nicholas Hoult). O problema desta produção de ação capitaneada por Eran Creevy (Inimigos de Sangue, 2013) é não trazer absolutamente nada de novo para o gênero. Tudo é tão genérico que é de se perguntar o que intérpretes tão destacáveis viram nesse projeto.

Na trama, assinada por Creevy e F. Scott Frazier, Hoult vive o americano Casey Stein. Radicado na Alemanha, o rapaz faz trabalhos escusos para um gangster turco excêntrico, chamado Geran (Kingsley), até que conhece a bela (e também americana) Juliette Marne (Jones). Ela rechaça as investidas de Casey, por saber que ele não leva uma vida regrada. Decidido a ficar com Juliette, o jovem abandona tudo e passa a fazer pequenos trabalhos honestos para sobreviver. Isso muda quando descobrem um problema renal na moça. Apenas um transplante pode salvá-la, algo que o sistema de saúde alemão não arca para cidadãos americanos. Resta a Casey retornar ao submundo e buscar dinheiro para ajudar sua amada. Para isso, ele e seu amigo Mathias (Marwan Kenzari) cruzarão o caminho do perigoso Hagen Kahl (Hopkins), um dos reis do crime da Alemanha. O alvo é um caminhão cheio de cocaína e a rota, uma autobahn bastante veloz.

Eran Creevy chamou a atenção em seu debut no cinema, com o thriller Shifty (2008), estrelado por Riz Ahmed, que lhe valeu indicação ao BAFTA na categoria Melhor Cineasta Britânico Estreante, além de prêmio do sindicato dos roteiristas do Reino Unido e do Festival de Estocolmo. Passados quase 10 anos, a promessa parece não ter se cumprido. Busca sem Limites não chega a ser mal realizado. Tem boas cenas de ação, algumas perseguições interessantes, um ritmo ágil e ótimos atores defendendo seus personagens. O que falta ao longa-metragem é personalidade, algo que o diferencie de tantas e tantas fitas de ação que chegam todas as semanas nos cinemas.

Não basta ter um elenco forte. É necessário ter bons personagens para que eles possam fazê-los críveis. Em pleno 2017, é impensável criar uma protagonista feminina tão passiva quanto a vivida por Felicity Jones. Ela serve apenas para impulsionar as atitudes do protagonista masculino, sendo a clássica (e datada) donzela em perigo. Sua atuação é correta, mas o papel é mínimo. O antagonista principal, vivido por Anthony Hopkins, é basicamente um apanhado de todos os vilões que o ator já interpretou no cinema, com seu padrão de voz calculado e seu olhar injetado. De novo, Hopkins o faz com os pés nas costas, mas não já vimos tanto isso anteriormente? Ben Kingsley é o único que consegue colorir um pouco o filme com sua atuação excêntrica – mas quem o viu em Homem de Ferro 3 (2013) perceberá que algo parecido foi feito pelo ator. Nicholas Hoult, ao menos, convence como protagonista de ação. Quem lembra do rapaz em Mad Max: Estrada da Fúria (2015) sabe que atrás de um volante o ator se sai muito bem. Curiosamente, tanto Hoult quanto Jones são britânicos, vivendo americanos no longa-metragem. Zac Efron e Amber Heard fariam os protagonistas, mas ambos desistiram antes das filmagens.

Para entusiastas do gênero, Busca sem Limites pode valer pela rápida sequência de perseguição na autobahn alemã. Uma das cenas mais bombásticas da produção, ela abre o filme, já mostrando nosso herói em apuros. Boa parte da ação, então, é contada em flashback. De início, parece que vamos acompanhar um spin off da franquia Velozes e Furiosos. Como o filme se leva bastante à sério, isso vai se dissipando com o passar dos minutos. Ao chegar aos créditos finais, é possível se dar conta de que o alvo, na verdade, era algo mais perto de 60 Segundos (2000). Assim como aquela produção estrelada por Nicolas Cage e Angelina Jolie, essa só conquistará os fãs mais ardorosos desse tipo de thriller. E, provavelmente, não ficará na memória.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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