Circular
Crítica
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Sinopse
Carlos (César Troncoso) é um uruguaio que vive no Brasil. Ele está bastante apressado, já que precisa saldar uma dívida o quanto antes para evitar uma tragédia pessoal. Samuel (Marcel Szymanski) é evangélico e trabalha como policial, tendo que batalhar para sustentar a filha e esquecer a ex-esposa. Cristina (Letícia Sabatella) é uma artista plástica que enfreta dificuldades para controlar o vício por remédios. Lourival (Santos Chagas) é um cobrador de ônibus que luta boxe clandestinamente, tendo dificuldades para lidar com o filho. Os integrantes da banda de punk rock Gengivas Podres estão prestes a embarcar para a cidade de São Paulo, deixando para trás seu fundador.
Crítica
As voltas que o mundo dá. Definitivamente, vivemos em um universo pequeno demais para tanta gente, tantos anseios, tantas vontades, desencontros e realizações. É mais ou menos essa a ideia por trás de Circular, uma obra que é cilíndrica desde o seu conceito até a realização. Foi dirigida por um grupo de cinco amigos e colegas da Escola Superior Sul Americana de Cinema e TV, integrada à Faculdade de Artes do Paraná, que conceberam esse trabalho em conjunto após outras experiências individuais e em coletivo. E o resultado, se já era esperada a sua irregularidade, felizmente se destaca por possuir mais pontos positivos do que negativos.
Aly Muritiba, Fábio Allon, Adriano Esturillo, Diego Floretino e Bruno de Oliveira são os responsáveis por estas cinco histórias de personagens diversos que se cruzam por uma Curitiba fria e distante, mas nunca desprovida de uma vivacidade pulsante. Cada um ficou responsável por um segmento específico, mas isso não significa ausência de interferência dos demais durante cada direção: todos estavam sempre juntos, e esse processo colaborativo somou muito ao projeto como todo. Percebe-se, é fato, alterações durante cada narração, mas no todo o que se vê é coeso e uniforme, sem grandes distorções. E esse talvez seja uma dos maiores méritos de Circular.
Quantos dias cabem em um único dia? Atrás dessa resposta é que se move a ação do filme. Carlos (César Troncoso) é um uruguaio que precisa saldar uma dívida para evitar uma tragédia pessoal. Samuel é um evangélico com problemas familiares que luta para sustentar a filha pequena e esquecer da ex-mulher. A banda punk Gengivas Podres passa seus últimos momentos pelas ruas da cidade que sempre lhes acolheu antes de partir para São Paulo em busca de um sucesso que nem sabe se almeja. Cristina (Leticia Sabatella) é uma artista plástica viciada em remédios. E Lourival é um cobrador de ônibus que completa o orçamento familiar lutando boxe em disputas amadoras. O que todas estas tramas possuem em comum? Muito pouco, além da incrível vontade de chegarem vivos e realizados no final do dia. De cada dia.
Do elenco de Circular se destacam, obviamente, os nomes mais populares de Troncoso e de Sabatella, ambos atuando dentro de um registro conhecido – e não por isso menos competente. Mas isso não significa que os demais protagonistas tenham menos destaque. Santos Chagas (o cobrador de ônibus) e Marcel Szymanski (o evangélico) também compõem tipos memoráveis, desaparecendo dentro dos personagens que defendem. Em relação aos punks, talvez Luiz Bertazzo, o mais indeciso sobre o destino do grupo, seja o que tenha melhores oportunidades em cena. No geral, o que se vê é bastante uniforme, algo saudável em uma proposta tão diversificada quanto esta.
Premiado no FestCine Goiânia (Melhor Roteiro, Ator e Montagem), no Festival de Blumenau (Roteiro, Ator e Fotografia) e no Festival de Maringá (Roteiro), Circular foi também selecionado para os festivais de Havana (Cuba), Shangai (China), Toronto (Canadá), Flandes (Bélgica) e Hollywood Brazilian Film Festival, em Los Angeles (EUA). Um giro global que demonstra bem a universalidade de uma obra adulta, dona de méritos próprias e que justifica maiores interesses despertados.
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