Crítica


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Sinopse

Um ano depois de se conhecerem, Tom propõe matrimônio a sua namorada Violet, mas eventos inesperados os incomodam enquanto procuram viver juntos.

Crítica

A cara de desânimo do casal da foto abaixo, cuja imagem indica um noivo e uma noiva cansados após a suposta festa de casamento (afinal, estão comendo o bolo), representa muito bem também como o espectador se sente ao assistir Cinco Anos de Noivado, um filme que vemos do início ao fim sem conseguir entender o que o levou a ser feito. Tudo é tão ruim, com uma montagem sem o menor ritmo, com uma falta de química extrema entre os atores e um diretor preguiçoso e desinteressado, envoltos por uma trama fraca e sem maiores atrativos, que só resta mesmo o tédio.

São necessárias mais de duas horas de projeção para contar uma história que não é o que se apresenta. Afinal, o título Cinco Anos de Noivado – que é também o nome original – remete a uma dupla de apaixonados que tentam a todo custo oficializarem esse compromisso, mas num estilo comédia de erros em que uma série de confusões e desenganos segue adiando o grande momento pelo tempo anunciado – como se cinco anos fossem, de fato, uma eternidade. Mas não é isso que encontramos em cena. Se conhecemos Tom (Jason Segel) e Violet (Emily Blunt) no dia em que ele a oferece uma aliança de noivado, o único imprevisto que surge em seguida é uma oportunidade profissional inesperada para ela em outra cidade. O noivo, altruísta, concorda com a mudança, larga o emprego como chef de cozinha num bom restaurante e os dois partem atrás do sonho da moça.

É isso é tudo. A razão dos dois não se casarem logo após chegarem no novo endereço é simplesmente um mistério. Sem sorte na busca de um novo trabalho, Tom vai se acomodando, o que irá afetar sua autoestima e, obviamente, a relação amorosa. Ali não estará mais o homem pelo qual ela se apaixonou. A consequência disso é que acabam se separando, se envolvendo com outras pessoas, e, como toda comédia romântica previsível e clichê, seguindo até o final manjado e esperado. Os problemas durante esse percurso são muitos, a começar pelos coadjuvantes sem graça (Chris Pratt e Alison Brie até se esforçam, mas os personagens que defendem são muito antipáticos), desperdiçando talentos comprovados (os ótimos Jacki Weaver e David  Paymer, ambos já indicados ao Oscar, mal aparecem, e quando surgem são em participações que beiram o constrangimento) e investindo em piadas já gastas. Simplesmente nada funciona.

O grande culpado do fracasso de Cinco Anos de Noivado é o ego de Jason Segel, também co-autor do roteiro ao lado do diretor Nicholas Stoller. Os dois juntos fizeram a revelação indie Ressaca de Amor (2008), e engataram esse projeto embalados pelo sucesso da nova versão de Os Muppets (2011), que Segel protagonizou e Stoller escreveu. Mas o tom dessa vez está muito mais para o igualmente fracassado As Viagens de Gulliver (2010), outra trama escrita por Stoller e estrelada por Segel – e que também contava com a mesma atriz como interesse romântico – do que para algo minimamente engraçado ou ao menos espirituoso. Emily Blunt é bonita e competente, mas sozinha não consegue salvar um filme fadado ao descaso. E como resultado temos algo tão chato que parece levar meia década para chegar ao fim, mas que assim que termina não leva nem cinco minutos para esquecermos.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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