Crítica


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Sinopse

Noah achava que a vida não poderia piorar no dia em que é demitido. No entanto, sua mãe e os cinco cachorros dela chegam à cidade precisando de um lugar para ficar. E Noah vaio precisar lidar com a presença deles.

Crítica

É triste, muito triste, ver uma atriz como Diane Keaton, uma das maiores estrelas do cinema hollywoodiano entre os anos 70 e 80, marcando presença em produções patéticas como este Casamento de Dose Dupla. Premiada com o Oscar por Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), musa de Woody Allen em mais de seis produções do cultuado diretor e principal nome feminino de uma das maiores sagas do cinema moderno – O Poderoso Chefão (1972, 74 e 90) – chega a ser um absurdo vê-la desperdiçando tanto talento em obras descartáveis como esta. E o pior é que, desde o sucesso de Alguém tem que Ceder (2003), ela parece ter se convencido de que é uma boa comediante: só que o problema não é sua performance, mas sim o péssimo material com o qual tem se envolvido desde então.

Assim como nos deploráveis Loucas por Amor, Viciadas em Dinheiro (2008) e Minha Mãe Quer Que Eu Case (2007), em Casamento em Dose Dupla Keaton explora sua veia histriônica num personagem completamente inverossímil: a dona de casa sem problemas que passa a vê-los em qualquer lugar, arrumando incomodação para toda a família. Desta vez ela cisma que o marido esta lhe traindo e decide se mudar para o quarto de hóspedes do filho, complicando ainda mais a vida deste, preocupado entre o emprego que acabou de perder e os desejos da mulher decidida a engravidar. Mãe e filho acabam indo trabalhar juntos numa loja de tapetes, e a convivência forçada não será de modo algum positiva para os dois. Após mais algumas confusões, é óbvio que no final tudo se arranja – mesmo que, ao menos, não da forma mais previsível possível.

Talvez o maior engano de Casamento em Dose Dupla não seja mesmo Keaton, e sim os demais créditos da produção. A questão é saber se o erro está na mão frouxa do diretor Vince Di Meglio (cujo trabalho mais marcante até então foi o roteiro do péssimo Licença para Casar, de 2007 e com Robin Williams) ou na escolha do protagonista, o apagado e sem o menor carisma Dax Shepard (que interpretou um astronauta em Zathura, de 2005). Ele não funciona em nenhum âmbito, seja como vítima, líder ou herói, e também carece de química ao lado de suas parceiras – Diane ou Liv Tyler (que desde O Senhor dos Anéis nunca mais soube reencontrar o tom de voz correto, sempre com uma postura etérea e pálida). Se há algo que se salva é a pequena participação de Mike White (roteirista de Escola do Rock, entre outros) como ator, conferindo um pouco de graça a algo tão pouco estimulante.

Casamento em Dose Dupla é tão desprovido de méritos que fica até fácil demais apontar suas falhas. Retumbante fracasso de público e crítica nos Estados Unidos (onde foi lançado diretamente em DVD, sem passar pelos cinemas), é uma produção que só receberá alguma atenção daqueles espectadores ocasionais que não conseguiram entrar nas salas lotadas de Batman – O Cavaleiro das Trevas ou Kung Fu Panda. E mesmo estes logo chegarão a conclusão que deveriam ter esperado um pouco mais e evitado tal constrangimento.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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