Crítica


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Sinopse

Matt Scudder é um ex-policial de Nova York que trabalha como detetive sem licença e atua à margem da lei. Quando Scudder relutantemente concorda em ajudar um traficante a encontrar os homens que raptaram e assassinaram brutalmente sua esposa, fica sabendo que não é a primeira vez que cometem este tipo de crime… e nem será a última. Assim, Scudder parte para localizar os marginais nas ruas da cidade de Nova York antes que matem de novo.

Crítica

Quando estava no auge da popularidade do seu personagem Matthew Crawley, galã do prestigiado seriado Downton Abbey (2010-), o ator Dan Stevens solicitou ao produtor e roteirista Julian Fellowes (vencedor do Oscar por Assassinato em Gosford Park, 2001) que assassinasse sua persona ficcional para que, assim, ele pudesse ter mais tempo livre para se dedicar à novos projetos no cinema. Assim foi feito, e sua morte no final da terceira temporada deixou milhares de fãs do programa em choque, pois fora totalmente inesperada. Restou, no entanto, a torcida para que ele estivesse fazendo a coisa certa. No entanto, se tudo que tem conseguido desde então na tela grande são longas como esse Caçada Mortal, é de se imaginar o quão arrependido deve estar atualmente. Afinal, além de sua participação ser descartável – nem uma conclusão digna recebe – o filme é tão genérico quanto o título nacional leva a crer num primeiro momento.

Em Caçada Mortal, péssima adaptação para o mais estiloso A Walk Among the Tombstones (em tradução literal, Uma Caminhada Entre os Túmulos), Stevens aparece como um traficante de drogas cuja esposa é sequestrada e, posteriormente, devolvida esquartejada no porta-malas de um carro antigo. Sedento por vingança, o marido injustiçado decide contratar um investigador profissional, papel que cai como uma luva em Liam Neeson – o verdadeiro protagonista da história. A este cabe descobrir as verdadeiras identidades dos assassinos e levá-los até os bandidos ‘do bem’ para que um acerto de contas entre eles seja possível.

Neeson, após chamar a atenção do mundo no papel título de A Lista de Schindler (1993), desenvolveu uma carreira curiosa, alternando projetos subestimados (como Rob Roy, 1995, e Michael Collins, 1996) com outros em que aparecia como coadjuvante de luxo (como Star Wars: Episódio I, 1999, Batman Begins, 2005, e Fúria de Titãs, 2010). Isso até se tornar um inesperado nome quente das bilheterias com Busca Implacável (2008), que custou apenas US$ 25 milhões e arrecadou mais de dez vezes esse valor internacionalmente. A partir desse momento, passou a investir na linha ‘exército de um homem só’, como a sequência Busca Implacável 2 (2012) – o terceiro capítulo chega no começo do próximo ano – e outros similares, como Desconhecido (2011), A Perseguição (2011) e Sem Escalas (2014). Pois Caçada Mortal é mais um nessa fila, se contentando em apresentar mais do mesmo, sem nenhum pingo de inspiração ou originalidade.

O pior, no entanto, deste filme escrito e dirigido por Scott Frank (indicado ao Oscar pelo roteiro de Irresistível Paixão, 1998) é ser, em última instância, simplesmente chato. Há uma tentativa infrutífera de buscar uma edição diferenciada, uma fotografia mais fria ou até mesmo uma trilha sonora soturna, mas tudo que se percebe são exercícios estéticos que em nada contribuem para o desenvolvimento da trama. O próprio Neeson parece não saber muito bem o que fazer em cena – afinal, porque ele, um ex-policial, estaria ajudando um notório contraventor? – e a ideia de uma dupla de serial killers nunca é aprofundada à contento, resignando-se aos mais óbvios clichês do gênero. Em resumo, tem-se um thriller com pouca ação e muito papo, no qual se é possível adivinhar com bastante antecedência cada suposta ‘reviravolta’. E sem surpresas ou ao menos um ‘feijão-com-arroz’ competente, o que resta é apenas o tédio. E muitos bocejos, é claro.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
4
Filipe Pereira
3
MÉDIA
3.5

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