Crítica


4

Leitores


2 votos 2

Onde Assistir

Sinopse

O ex-agente do governo norte-americano Bryan Mills tenta tornar-se um homem família, mas vê tudo ruir quando Lenore é assassinada. Acusado de ter cometido o crime, ele entra na mira do FBI e da CIA. Desolado e caçado, ele tenta encontrar os verdadeiros culpados e proteger a única coisa que lhe resta: a filha Kim.

Crítica

O primeiro Busca Implacável (2009) nunca teve a intenção de se tornar o sucesso que se revelou quando chegou aos cinemas. Ao custo de US$ 25 milhões, faturou mais de dez vezes esse valor nas bilheterias de todo o mundo. Luc Besson, que já foi conhecido por seu trabalho como diretor (o mais recente longa que assinou foi o frenético Lucy, 2014, com Scarlett Johansson), hoje é um realizador ocasional, pois há um bom tempo sua ocupação principal tem sido a de produtor – exatamente a função que exerce nessa série que alçou Liam Neeson ao posto de astro de ação, papel que tem sido frequente em sua filmografia desde então. E se Busca Implacável 2 (2012) teve um orçamento um pouco maior e um retorno ainda mais impressionante, era só fazer as contas para saber que um terceiro episódio chegaria em seguida. Porém Busca Implacável 3 é tudo o que não deveria ser – e, justamente por isso, o sentimento de frustração que provoca é inevitável.

Para quem não assistiu aos longas anteriores, neles Neeson aparecia como Bryan Mills, um agente secreto da CIA aposentado que era forçado a voltar à ação após o sequestro da filha (primeiro filme) e, depois, da ex-mulher (segundo filme). Bom, como a família acaba por aí – não havia nenhuma avó, sobrinho ou qualquer outro parente à disposição para ser abduzido – era óbvio que a fórmula teria que ser revista. Só não precisava ser com tanta preguiça, apostando em clichês desgastados envoltos em uma premissa já vista tantas vezes que o máximo que provoca hoje em dia são bocejos. O que acontece desta vez é que a mesma ex-esposa (participação simpática da bela Famke Janssen) é assassinada logo no começo da trama, e nosso herói é apontado como o principal suspeito do crime. Só que nós, espectadores, sabemos que ele é inocente. Portanto, dê-lhe correria para (1) descobrir quem preparou essa armadilha, (2) provar para a polícia que não tem nada a ver com o incidente, e (3) proteger – novamente – a filha (Maggie Grace, desperdiçada) de um futuro ataque.

Neeson faz exatamente aquilo que Tom Cruise, Mel Gibson, Bruce Willis e muitos outros fizeram tantas vezes antes: vai atrás de pistas óbvias que o ajudem, confia nas pessoas erradas apenas para persegui-las com maior afinco depois, elimina qualquer um que se coloque no seu caminho e, como não poderia ser diferente, salva a pátria no final. Não, isso não é um spoiler – é apenas um comentário daquilo que é mais do que esperado. Se acontecesse diferente, este filme não teria esse título, muito menos este produtor. E se tudo é previsível, resta aproveitar as novidades do elenco – Dougray Scott, com cara de cansado, e Forest Whitaker, sem ter muito o que fazer – e torcer para que o protagonista ao menos se divirta um pouco. O que é mais do que se pode esperar da audiência.

Busca Implacável 3 aposta no mesmo diretor do segundo episódio da série, o francês Olivier Megaton, um pupilo de Besson que serve apenas para fazer o que este manda. O resultado mais urgente foi o quase descaso sentido pelo público nos Estados Unidos – apesar de ter estreado no topo das bilheterias, caiu mais de 62% na segunda semana, mal pagando o custo de US$ 48 milhões gastos em sua produção. Não deve dar prejuízo, mas certamente ficará bem aquém do bom resultado verificado nos capítulos anteriores. Sua importância, no entanto, se reflete numa outra esfera: a de que a própria posição de Liam Neeson em Hollywood talvez tenha que ser revista. Todos seus últimos filmes semelhantes renderam menos do que o esperado, enquanto que no resto do tempo ele tem se tornado um coadjuvante de luxo. Talvez seja o momento de uma parada estratégica para uma revisão de objetivos. O público e a crítica agradecem.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
avatar

Últimos artigos deRobledo Milani (Ver Tudo)

Grade crítica

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *