Boys
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Sinopse
Sieger, 15 anos, está treinando muito para os campeonatos nacionais de revezamento, quando conhece o intrigante e imprevisível Marc. A amizade que se desenvolve não parece fora do comum, mas Sieger secretamente guarda sentimentos mais fortes por Marc. Ele começa uma luta solitária consigo mesmo quando percebe que Marc também está apaixonado por ele. Mas sua mente está em outro lugar, pois acha cada vez mais difícil negar seus sentimentos por Marc.
Crítica
Poucos são os filmes voltados à temáticas de cunho homossexual preocupados em entregar um obra ao mesmo tempo relevante cinematograficamente e envolvente ao seu público de forma leve e positiva, deixando de lado a questão ativista para se focar em um produto que funcione tanto como entretenimento quanto como exemplo de postura. Jongens (ou Boys, no título internacional, tradução direta do Garotos original) é um destes casos. Temos aqui uma jornada de descobertas e aceitação, mas assim como tantos similares estrelados por personagens heterossexuais, o resultado aqui aproxima-se mais de um idílico “final feliz” e menos do comumente trágico que por tanto tempo foi também caminho de alerta e chamada de atenção. Os tempos, ao menos para alguns, são outros. Felizmente.
Sieger (Gijs Blom, que com apenas 18 anos já dirigiu seu primeiro curta e tem se destacado como um dos novos atores de maior destaque no cinema holandês) é o pilar que sustenta sua frágil família. O irmão mais velho não consegue um emprego fixo e está mais preocupado com sua moto do que com o próprio futuro. E o pai passa a maior parte do tempo em casa, sem saber como lidar com os dois e nem com os seus dias. A situação deles se complicou após a morte da mãe, vítima de câncer, e cada um tenta ao seu modo seguir em frente. Um se rebelando, outro se fragilizando. E o caçula, que a princípio deveria seguir os demais, acaba sendo o porto seguro entre eles.
Principalmente porque o jovem parece ter tudo resolvido em sua vida. Tem um melhor amigo, é popular na escola, as meninas estão sempre ao seu redor e é um dos campeões do time de atletismo. Os treinos constantes e as saídas com os amigos, no entanto, acabam funcionando como outra forma de pressão. É preciso ser o melhor, o mais rápido, o mais desenvolto, o mais atraente. Seu desconforto, no entanto, só é visível para quem o observar com cuidado. Algo que apenas Marc (Ko Zandvliet) faz. A ligação entre os dois vai se dando aos poucos, sem atropelos, nem afobações. É a irmã menor do outro que o abraça sem ressalvas, é uma ida ao rio, um toque de mãos ao acaso, um beijo que surge naturalmente. E quando percebem, um já precisa do outro com tanta intensidade como se nunca estivessem estado separados.
Produzido para a televisão holandesa, Jongens é conduzido com bastante cuidado e delicadeza pela diretora Mischa Kamp, que até então estava acostumada a trabalhar com o público infantil. Ela aproveita cada minuto do pouco tempo que tem à sua disposição – são meros 78 minutos – para construir a relação dos dois protagonistas e possibilitar a concretização deste afeto inesperado que surge entre eles. E não estamos falando de um conto de fadas, com tudo sendo exposto de forma ingênua sob uma visão cor-de-rosa dos fatos. Há dificuldades, receios e barreiras a serem superadas. Mas estas são vencidas por uma certeza do que se quer e de quem se é. Atitudes que só o amadurecimento proporciona. Tanto no campo da ficção como também em viabilizar uma obra tão interessante e apropriada quanto essa.
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