Crítica


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Sinopse

Ao descobrir que seu motor está severamente danificado, Dusty percebe que nunca mais poderá participar de corridas. Ele acaba deslocado à brigada de incêndio, onde conhece um time que o fará entender o que é ser herói.

Crítica

Quando o primeiro Aviões (2013) foi lançado, o que se viu nos cinemas foi uma produção genérica que, em poucas palavras, apenas trocava as corridas automobilísticas de Carros 1 e 2 (2006 e 2011) pelo mesmo formato, mudando apenas o trajeto percorrido da terra para o céu. Chega até a ser surpreendente que a continuação do filme do ano passado consiga fugir deste mote e focar seus personagens em um ambiente mais fechado e mais heroico ao retratar os aviões como bombeiros. O que não quer dizer que a qualidade tenha aumentado tanto.

A trama começa com Dusty impossibilitado de participar de corridas por conta de seu motor danificado. Pior ainda, ele causa um acidente que provoca o fechamento da Brigada de Incêndio. Para reabri-la, além dos eventuais ajustes, a principal condição é que haja mais de um bombeiro no local. O protagonista se voluntaria e precisa passar por testes em outra cidade, onde vai encontrar uma fã que rende os momentos engraçados do longa, um colega quietão e, é claro, um chefe que subestima seu potencial. Ou seja, aquele formato quadradinho de sempre.

O segundo longa da franquia se distancia do caminho nada original do primeiro filme e as corridas estão fora de cogitação. Desta vez o heroísmo está em proteger e salvar os outros sem nada em troca, muito menos a glória e o estrelismo. É uma ode aos bombeiros, antes de mais nada, inclusive com uma interessante abordagem de como os salvamentos e o controle do fogo são feitos no céu. Sequências que rendem boas cenas. Porém, a trama não vai muito além, com um vilão extremamente ineficiente (o superintendente que controla o orçamento da brigada e está mais interessado em desviar recursos financeiros para seu empreendimento, um hotel).

Além disso, a própria animação em sua parte técnica não traz inovações. O 3D continua obsoleto, as cores podem ser variadas, mas não agregam nada demais. Os personagens, em sua maioria (a começar pelo protagonista) não causam tanta empatia. Pode ser implicância deste que vos escreve, mas a impressão que se tem desde os já citados Carros é que máquinas com vida são difíceis de causarem algum impacto emocional no público se não forem bem construídas (no sentido de personagem, é claro). Da própria franquia apenas Mate, o carro caipira, parece se salvar, pois tem um lado humano extremamente explícito. E, se lembrar de outro exemplo, não tem como ficar sem a comparação com os expecionais Wall-E e EVA de Wall-E (2008).

No fim das contas, resta a lição de moral da superação dos limites, a ganância do homem que causa tragédias e que heróis não fazem o bem para si, e sim para os outros. Pode não ser o melhor produto para adultos assistirem, mas as crianças devem se divertir e querer as famigeradas miniaturas dos personagens. Por outro lado, é bom saber que a Disney Toons não foi totalmente pelo caminho mais fácil e resolveu mudar o rumo da franquia. Quem sabe assim o próximo longa (se houver) seja melhor e uma animação que realmente desperte o interesse do público como um todo. Por enquanto, há uma longa estrada para percorrer.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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