Crítica


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Sinopse

Tripp é surpreendido por duas gangues querendo rouba-lo numa ida vespertina ao banco. Em meio a um tiroteio, ele ainda encontra tempo e motivação para se interessar imediatamente por uma mulher.

Crítica

Há um certo consenso em Hollywood: por melhor que seja a animação, ela não credencia seu realizador a se aventurar no ‘cinema de gente grande’, ou seja, em live action, com atores de verdade. E essa teoria nunca antes foi tão verdadeira como neste Assalto em Dose Dupla, certamente um dos piores lançamentos do ano. Isso porque este é um filme dirigido por Rob Minkoff, simplesmente o realizador de uma das maiores e melhores animações de todos os tempos: O Rei Leão (1994), da Disney. Para se ter noção do sucesso deste filme, além dos dois Oscars faturados – Canção e Trilha Sonora, numa época em que a categoria de Melhor Longa de Animação ainda não existia – nas bilheterias faturou mais de 10 vezes o seu orçamento, sendo que cerca de US$ 100 milhões foram arrecadados recentemente, em 2011, 17 anos após o seu lançamento original, ao ser relançado em 3D! Impressionante, não? E ao mesmo assustador, pois Minkoff nunca mais conseguiu fazer algo minimamente à altura. E aqui temos mais uma prova dessa carreira ladeira abaixo!

Assalto em Dose Dupla estreou nos Estados Unidos em agosto passado, em apenas duas salas, e permaneceu em cartaz por somente uma semana, sendo relegado ao esquecimento e ao mercado de home vídeo logo em seguida. Quais as razões do mesmo não ter se repetido no Brasil é a grande dúvida! Por aqui o filme ganhou grande lançamento, apostando no carisma dos protagonistas junto ao público. Mas quem disse que Patrick Dempsey e Ashley Judd são figuras tão populares assim? Ok, não chegam a ser desconhecidos, mas estão longes de serem um Tom Cruise e uma Julia Roberts. E se mesmo esses não andam ultimamente tão bem assim, o que pode ser dito dessas estrelinhas de menor expressão?

E o pior é que Assalto em Dose Dupla não é tão ruim, mas muito mal realizado. O roteiro tem sacadas interessantes, o argumento é interessante. Mas os atores estão tão mal dirigidos que chega a ser constrangedor. E a direção é canhestra, infeliz do início ao fim, sem saber o que fazer e para onde ir com o circo que arma. Sem falar nos demais quesitos técnicos, como a trilha sonora exagerada, a edição amadora e a fotografia pobre, inteiramente em estúdio, sem ousadia ou criatividade. Isso sem falarmos dos principais elementos da trama: um casal que não possui a menor química, um mistério que não convence, personagens antipáticos que não envolvem e uma surpresa final com a qual não nos importamos. Vergonhoso é o mínimo que pode ser dito.

Dempsey (Grey’s Anatomy) entra numa agência bancária para obter algum troco e começa a flertar com a atendente (Judd, que construiu uma carreira em cima de thrillers policiais como Tempo de Matar, 1996, e Risco Duplo, 1999, e agora resolveu fazer graça com isso). Durante a conversa deles no caixa, dois grupos de bandidos entram no banco e resolvem assaltá-lo ao mesmo tempo. Se de um lado temos o bando de profissionais capitaneados por Mekhi Phifer (8 Mile), do outro estão dois patetas irresponsáveis (Tim Blake Nelson, de E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?, 2000, e Pruitt Taylor Vince, atualmente na série The Walking Dead, 2010). Estes dois só não são mais insuportáveis porque estão sendo interpretados por dois ótimos atores, mas as trapalhadas que fazem beiram o insuportável. Tudo é absurdo, e nem o mistério em torno destas coincidências inexplicáveis convence. Pois será justamente essa indecisão entre comédia e suspense que faz de Assalto em Dose Dupla um programa dispensável e irrelevante.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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