Crítica

As conversas entre diferentes expressões artísticas são proveitosas para a criação de obras de personalidade. No caso de Anna K. o intercâmbio é intenso. O filme é uma releitura do romance Anna Karenina, de Leon Tolstoy, com cenas performáticas vindas da videoarte.

A participação da videoarte no longa é explicada pela estreia na direção de José Roberto Aguilar, pioneiro dessa linguagem no Brasil. As cenas com maiores liberdades visuais são o principal atrativo do longa, apesar de por vezes não estarem totalmente conectadas com a história em si.

O enredo se desenvolve a partir do encontro entre Vadin (Vadim Nikitin) e Joana (Leona Cavalli). Ele é professor de literatura russa e é indicado para ensinar o idioma para a mulher. As aulas são um pretexto para a aproximação dos dois personagens. Na verdade, a missão de Vadin é avaliar psicologicamente Joana, que sofre de dupla personalidade. Em seus surtos, ela acredita ser a protagonista do romance russo.

A personagem oferece a Leona Cavalli possibilidades dramáticas grandiosas, que a atriz aproveita. Sua interpretação exagerada combina com a tônica intensa do filme e o conflito psicológico de Joana.

Já o resto do elenco não merece tantos elogios. Os colegas de Leona não são atores profissionais e, por isso mesmo, precisavam de cenas roteirizadas com mais rigor. Com a rédea solta nos diálogos, a troca entre os intérpretes não engrena e criam-se momentos artificiais em cenas que se propõem como naturalistas.

Por outro lado, a trilha musical é uma área do filme que merece ser apreciada. As canções embalam as cenas com harmonia, especialmente os momentos mais performáticos de Anna K..

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é formado em Audiovisual pela ECA/USP. Escreve para os sites BRCine e SaraivaConteúdo, além de colaborar para a revista Preview. Participa do programa Quadro a Quadro na TV Geração Z e de videoposts do canal Tateia. Tem experiência em sites (UOL Cinema, Cineclick e GQ), revistas (SET, Movie e Rolling Stone) e televisão (programas Revista da Cidade e Manhã Gazeta).
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