Crítica


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Sinopse

Schmidt e Jenko assumem uma nova missão. Em função dela, se infiltram numa faculdade local. Um deles acaba se apaixonando e o outro começa a colocar em dúvida a força dessa parceria. Mas, o caso precisa ser esclarecido.

Crítica

Ninguém achava que pudesse dar tão certo, ainda mais com todas as probabilidades contrárias ao seu sucesso. Afinal, adaptar seriados televisivos para o cinema décadas após terem se tornado fenômeno de audiência – e com um público atual que em sua maioria nem sabe do que se trata a trama em questão – não é exatamente uma garantia de boas bilheterias. Mas, por mais incrível que possa ter parecido, Anjos da Lei (2012) teve um resultado muito além do esperando, faturando mais de cinco vezes o valor do seu orçamento em todo o mundo. Como consequência natural de um resultado como esse, uma continuação foi encomendada às pressas. E assim temos agora Anjos da Lei 2, sequência que repete à risca a fórmula do primeiro episódio, assumindo riscos calculados e entregando novamente à audiência exatamente o prometido.

A história do novo filme é tão irrelevante que quase não vale a pena perder tempo com ela. Mais uma vez os oficiais Schmidt (Jonah Hill) e Jenko (Channing Tatum) são designados pelo Capitão Dickson (Ice Cube) para investigar uma rede de distribuição de drogas entre adolescentes em ambiente estudantil. O que muda é que, ao invés de se disfarçarem de estudantes do ensino médio, agora os dois são enviados para a universidade. E, claro, mais uma vez precisam seguir a suposta rotina deste universo para interagirem de igual com seus colegas. Jenko, malandro e sarado, logo é chamado para o time de futebol americano, se destacando nos esportes e fazendo parte de uma disputada fraternidade de alunos. Já Schmidt, com seu jeito nerd e deslocado, acaba conquistando uma aplicada novata e dando início a um conturbado romance que só lhe trará mais preocupações.

Muito do charme de Anjos da Lei 2 está na química estabelecida entre os dois protagonistas. Se antes soava insólito vê-los lado a lado, agora percebemos um entrosamento maior e mais afinado. Por um lado o filme perde pelo inevitável afastamento entre eles – como acabam trilhando caminhos diferentes na faculdade, passam pouco tempo juntos, prejudicando a ‘relação’ – mas com isso há espaço para desenvolverem os pontos fortes de suas personalidades. Schmidt se torna mais confiante, seguro e determinado – ainda não deixe de se atrapalhar nos momentos de maior tensão e seguir precisando de um auxílio providencial sempre que se encontra em perigo. Jenko investe novamente mais nos músculos do que no cérebro, porém seu jeito simpático e carismático o torna quase irresistível. É praticamente impossível não torcer por Tatum, ainda mais ao lado de uma figura tão pouco envolvente quanto Hill.

Algo que se comentou muito a respeito de Anjos da Lei 2 foi o forte teor homoerótico do filme. O relacionamento que se estabelece entre os dois protagonistas, rapidamente chamado de ‘bromance’ (brother + romance) pela equipe de divulgação do longa, beira o amoroso, com direito a crises de ciúmes e comportamento possessivo. O modo como Jenko é convencido a fazer parte da agremiação de estudantes e a atenção que passa a receber do amigo Zook (Wyatt Russell) é nitidamente sexual, disfarçada em cena apenas para atingir uma fatia maior de público sem incomodar os mais conservadores. Falta, neste sentido, coragem aos diretores Phil Lord e Christopher Miller (os mesmos do primeiro filme e das animações Tá Chovendo Hamburguer, 2009, e Uma Aventura Lego, 2014) em ousar nessa abordagem. Seria mais apimentado, principalmente por se tratar de um enredo que privilegia muito mais a dinâmica entre os personagens do que propriamente as sequências de ação.

Mas não que elas façam falta. Há bons momentos de correria, perseguição e tiroteio. Os policiais disfarçados – as constantes piadas sobre a evidente diferença de idades entre eles e os colegas se tornam repetitivas, ainda que algumas sejam realmente inspiradas – vão para a praia, se arriscam e sofrem as mais diversas ameaças para cumprirem suas missões. E como saldo temos uma sequência final de créditos iluminada, com direito a participações especiais de astros como Seth Rogen, Anna Faris e até Richard Grieco – participante da série original – que valem qualquer deslize verificado até aquele momento. As sugestões de possíveis continuações são muito boas, concluindo com chave de ouro uma grande bobagem que assume com orgulho seu objetivo maior: fazer rir sem culpa. O que consegue sem ressalvas.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
7
Ailton Monteiro
4
MÉDIA
5.5

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