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Sinopse

O casamento de Edward e Bella, sua lua de mel e o nascimento do filho desencadeiam uma série de acontecimentos que trará desdobramentos chocantes para Jacob.

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Amado pelos fãs, desprezado pela crítica. Essa parece ser a sina da Saga Crepúsculo, confirmada agora neste quarto episódio. A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1 faturou, apenas na sessão da meia-noite de quinta para sexta, nos Estados Unidos, mais de US$ 30 milhões – a termos de comparação, isso é mais do que arrecadaram durante todo o tempo em que permaneceram em cartaz os filmes anteriores de qualquer um dos protagonistas: The Runaways: Garotas do Rock (2010), com Kristen Stewart (US$ 3,5 milhões), Lembranças (2010), com Robert Pattinson (US$ 19 milhões) ou Sem Saída (2011), com Taylor Lautner (US$ 27 milhões). Por outro lado, no site Rotten Tomatoes, que reúne as opiniões dos principais críticos de cinema de todo o mundo, a média do filme, após 119 resenhas, era de 26% - muito abaixo da média! Resultado? Temos mais um filme que deve agradar aos fãs mais ardorosos – e somente a eles!

Se em Crepúsculo (2008) a humana Bella (Stewart) conhecia o vampiro Edward (Pattinson) e os dois se apaixonavam perdidamente, em A Saga Crepúsculo: Lua Nova (2009) a equação romântica se complicava com a entrada em cena de Jacob (Lautner), um lobisomem. O triângulo amoroso chegou ao ápice da disputa em A Saga Crepúsculo: Eclipse (2010), terminando com a escolha dela pelo amado vampiresco. Agora, em A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1, entramos direto no casamento dos dois e na sequência os acompanhamos na lua de mel – como muitos já devem saber, no Brasil. Mas as coisas aqui são rápidas, e após apenas duas semanas de casados percebem que ela está grávida, e de um mestiço: um bebê meio humano, meio vampiro, que ainda no útero começa a drenar as energias da mãe, matando-a internamente. Já de volta, precisarão descobrir como salvar sua vida sem abortar – solução mais prática que ela se recusa terminantemente. Jacob reaparece para ajudá-los, ao mesmo tempo em que tenta acalmar os ânimos da matilha de lobos decididos a eliminar ela e o futuro bebê, temerosos do que possa estar sendo gerado.

Assim como aconteceu no último episódio de Harry Potter, que teve o livro As Relíquias da Morte dividido em duas partes (lançadas em 2010 e em 2011), a Saga Crepúsculo também chega ao fim aos poucos. O quarto e derradeiro livro escrito por Stephenie Meyer, Amanhecer, também foi repartido ao meio, e o que temos agora é apenas a primeira parte – A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2 estava previsto para ser lançado somente um ano depois, em novembro de 2012. Outra mudança significativa foi o orçamento: só esta Parte 1 custou quase o mesmo que as três anteriores juntas, ultrapassando os US$ 110 milhões! O que demonstra um investimento claro do estúdio, que espera mais do que dobrar seus lucros com os dois episódios finais.

O problema, no entanto, é que não há história para dois filmes. Dessa forma, temos um A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1 extremamente arrastado, lento e sem ritmo. A metade inicial é digna de bocejos fervorosos, com os preparativos do casamento, a passagem fulgurante pelo Rio de Janeiro – não pisque, pois os mais desatentos irão perder a roda de samba e a falta de gingado de Bella e Edward – e a chegada à ilha paradisíaca dos pombinhos. As coisas começam a ficar um pouquinho mais interessantes após a confirmação da gravidez e o retorno à casa da família. O que muda nesse ponto é a entrada em cena de Jacob, praticamente ausente no começo da trama. Ele parece ser o único personagem realmente determinado, que busca algo e se esforça para conseguir. Bella é uma chata insuportável, sempre incomodando com ideias estapafúrdias e conclusões desastradas, enquanto que Edward é o vampiro mais chorão da história, passando mais tempo se lamentando do que realmente fazendo algo.

Mas se tudo parecia perdido, algo acontece para mudar um pouco o rumo das coisas: o parto, um dos mais radicais e traumáticos já vistos – quase como o nascimento de O Bebê de Rosemary (1968). É aí, finalmente, que o oscarizado diretor Bill Condon, de obras respeitáveis como Deuses e Monstros (1998) e Dreamgirls (2006), mostra a que veio, criando uma tensão quase insuportável, que se completa com o ataque dos lobos, na única sequencia de ação digna de nota. O final, bastante provocativo – uma dica, não saia da sala antes do final dos créditos – conseguem manter o interesse em alta, cumprindo ao menos nesse ponto o que pretendia. E assim esse A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1 se encerra, sem justificar a divisão, mas ainda assim conquistando o público já fiel. Aos demais, resta apenas o esquecimento – algo que não será tão difícil de obter.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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