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Sinopse

Uma pirâmide até então desconhecida é encontrada na Antártica através de satélites, fazendo com que uma equipe de cientistas e aventureiros seja enviada para investigar o local. Porém, lá eles fazem uma descoberta: a pirâmide serve de abrigo para duas raças alienígenas extremamente violentas, que estão em guerra.

Crítica

Em princípio, não parece uma ideia tão ruim assim o crossover entre os xenomorfos da Saga Alien e os yautja da Saga Predador. Embora façam parte de universos completamente diferentes, ambos são extraterrestres e, vá lá, com um pouco de criatividade essa mistura poderia dar certo. Infelizmente, não é o que acontece em Alien vs. Predador, longa-metragem tão genérico quanto repleto de falhas conceituais. Senão vejamos. As fragilidades começam na concepção dos humanos que se interpõem entre os verdadeiros protagonistas, ou seja, as criaturas vindas do espaço. O diretor Paul W.S. Anderson, não conhecido exatamente pela qualidade de seus trabalhos, parte da ideia de uma expedição pretensamente repleta de mistérios e coisas a serem desvendadas. Contudo, ele não consegue conferir relevo aos personagens, nem ao menos como arquétipos. Motivações e densidade? Nada disso importa aqui.

As pessoas em cena carecem de espessura dramática. Todavia, não é apenas esse traço que depõe contra Alien vs. Predador. A encenação criada por Paul W.S. Anderson joga para debaixo do tapete toda e qualquer possibilidade de nos conectarmos aos já estruturalmente anêmicos membros da equipe contratada para explorar uma pirâmide soterrada no gelo da Antártica. Exemplo disso, à cena em que Alexa (Sanaa Lathan) desaprova uma viagem perigosa, trajeto determinado pelo homem que faz os pagamentos, segue o desembarque no destino controverso, sem sinais da dificuldade então alardeada pela líder. O acúmulo de procedimentos similares esvazia gradativamente os discursos, então preteridos em função de uma ação mal conduzida. Vemos, em paralelo, a chegada dos yautja caçadores e o despertar dos xenomorfos. Enquanto isso, os humanos, cada vez menos relevantes, morrem às pencas.

Alien vs. Predador não é o tipo de realização que agrega à mitologia dos participantes famosos. Paul W.S. Anderson até tenta concentrar as atenções na história que precede o embate entre os alienígenas. O problema é ele não saber dosar isso com os demais personagens, que acabam se tornando meros adereços na luta interplanetária por sobrevivência. Canhestro, também, é o recurso de fazer determinado coadjuvante ler nas paredes a explicação para o antagonismo milenar, muleta narrativa que exemplifica bem as facilidades às quais Anderson recorre constantemente. Há momentos risíveis nesta suposta aventura limítrofe, como a confecção improvisada de um escudo e de uma lança, cujas matérias-primas são, respectivamente, a cabeça e a cauda de um recém-nascido xenomorfo. Outro desses instantes é o do homem poupado por ser detectado pelo yautja como doente.

No que tange às cenas de ação, verdadeiro motivo de ser de Alien vs. Predador, Paul W.S. Anderson segue uma fórmula bem definida. Os xenomorfos são vistos, no mais das vezes, de perto. Close nas feições ameaçadoras e gosmentas. Já os yautja ganham mais espaço. Contudo, há excesso de cenas subjetivas, mecanismo que evidentemente busca criar tensão. Ainda que longe de serem espetaculares, os efeitos visuais não comprometem.  No fim das contas, nos escombros da desajeitada conexão de elementos e dos desperdícios frequentes de boas perspectivas, praticamente, não restam sobreviventes. Mesmo que seja possível divertir-se ocasionalmente, com uma ou outra sequência, desde que devidamente aceitos o absurdo e a debilidade propostos, resta pouco em que se agarrar. A etapa derradeira, desenhada especial e evidentemente para propiciar sequências, confirma isso.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

Grade crítica

CríticoNota
Marcelo Müller
2
Thomas Boeira
5
MÉDIA
3.5

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