Crítica


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Sinopse

O pequeno Alexandre tem um péssimo dia pela frente. Primeiro, acorda com chiclete grudado em seu cabelo. Na hora de se vestir, tropeça e deixa cair sua malha na pia cheia de água. No café da manhã, seus irmãos encontram belos prêmios na caixa de cereal, mas ele não encontra nada. O resto do dia lhe reserva muitas outras más notícias e acontecimentos ruins.

Crítica

Assim como seria plausível pensar em Detona Ralph (2012) como uma expansão do universo de Toy Story, facilmente se poderia dizer que Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso é uma espécie de continuação de O Mentiroso (1997). Como no filme estrelado por Jim Carrey, um pequeno garotinho faz um pedido de aniversário desejando uma quebra de padrões no comportamento de sua família, o que, magicamente, acaba acontecendo. É, portanto, o que o senso comum do espectador médio brasileiro costuma chamar de “filme Sessão da Tarde” – ignorando que nesse espaço já foram exibidos títulos como Rambo (1982) e O Predador (1987) – quando o que querem dizer é que se trata de “filmes para a família”. Ou seja, é uma produção infantil, e como tal, recai sobre si aquele velho estigma de que produtos audiovisuais para crianças devem ser obrigatoriamente tolos e rasos, embora existam dezenas de boas opções do gênero que provam o contrário.

Alexandre e o Título Gigante (!) é bobinho, raso e extremamente previsível, porém, por mais incrível que possa parecer, consegue não ofender ninguém. E com isso quero dizer que também não duvida da inteligência de seu público. O roteiro se propõe a ser apenas engraçadinho e agradável, sem ser muito pesado, nem um pouco ousado, e ainda assim, nada de condenável. Seu único pecado, portanto, acaba sendo sua efemeridade. É uma “Sessão da Tarde” divertida, é preciso concordar. Mas apenas isso.

Acostumado a ter dias terríveis, horríveis, espantosos e horrorosos, Alexandre (Ed Oxenbould), vendo sua família mais uma vez se gabar de suas rotinas perfeitas envolvendo ainda planos magníficos para o dia seguinte, faz um pedido de aniversário desejando que todos eles pudessem experimentar o seu azar. Obviamente a “praga”, como o menino passa a chamá-la, se realiza e os planos de todos ao seu redor convertem-se em verdadeiros desastres. Juntos, à bordo de uma minivan, porém, a família está decidida a manter a positividade, o que vai ensinar ao jovem protagonista uma ou duas lições sobre como manter a cabeça erguida e enxergar o que há de melhor mesmo nas piores situações.

A velha e boa máxima de sonhar, acreditar e realizar, que comove famílias ao redor do mundo. Sendo bem executada, não incomoda que seja também um clichê sem tamanho. E, ao menos, Alexandre... é coerente. Senão, vejamos: uma família acostumada com dias sem qualquer tipo de problema primeiramente se mostra indignada com sua súbita falta de sorte, e é apenas natural que tentem se manter positivos quando as negatividades persistem. Neste ponto, ajuda que dois atores carismáticos estejam na linha de frente da família Cooper; Steve Carell não precisa de introduções e sua veia cômica é incontestável. Enquanto sua expressão corporal ajuda na descontração, o ator também procura manter sua performance sobre controle, o que não seria pedido em um filme do gênero, mas um vez que opta por isso, Carell também ajuda a colocar seu personagem, e consequentemente todo o resto do filme, com pelo menos um pé no chão. E a parceria que forja com Jennifer Garner faz o resto do trabalho e convence o público a torcer por aquele casal tão adorável e seus filhos desastrados.

O protagonismo dos atores veteranos também ajuda a abafar um pouco da performance mirim demasiadamente artificial de Ed Oxenbould, que, como o suposto real protagonista, soa até mesmo apagado depois que sua função no roteiro é executada. Para falar a verdade, não seria possível citar nenhum momento de destaque seu depois do pedido de aniversário, quando então o menino se converte em um mero espectador, como nós, dos adoráveis desastres vivenciados pelos Cooper. E uma vez fisgados, só temos de se deixar levar e rir, com vontade ou só com o canto da boca, das inúmeras e previsíveis situações embaraçosas e tragicômicas da família. Entre elas, aquela envolvendo um teste de direção é especialmente divertida, embora quase todo o resto não fique na memória. Como o próprio filme não deve ficar também, na verdade. Pelo menos não como o já citado O Mentiroso, por exemplo. Sem ofender ninguém e respeitando toda e qualquer pessoa que quiser matar seu tempo no cinema com uma comédia bastante leve, será também pelo mesmo motivo que acabará sendo deletado assim que sobem os créditos finais.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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Grade crítica

CríticoNota
Yuri Correa
6
Bianca Zasso
7
MÉDIA
6.5

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