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Sinopse

Um mergulho no singular processo da família Sung de imigrantes chineses, donos do banco Abacus Federal Savings, acusados de fraude hipotecária em 2012 pelo procurador-geral de Nova York, Cyrus Vance Jr., na esteira da grave crise financeira de 2008. Durante cinco anos, Thomas Sung, o advogado nascido em Xangai que fundou o banco em 1984, e suas três filhas, moveram uma desgastante e custosa batalha contra as autoridades, defendendo-se das acusações de envolvimento com irregularidades atribuídas a seus empregados e de recebimento de propinas.

Crítica

A crise financeira que balançou o mundo em 2008 rendeu histórias para o cinema, algumas voltadas à comédia, outras com um viés mais sério. Enquanto parte das pessoas se divertia nas salas de exibição, uma família abdicou do lazer e até das refeições tranquilas para provar sua inocência. Abacus: Pequeno o Bastante para Condenar, documentário dirigido por Steve James, acompanha a batalha dos Sung, imigrantes chineses fundadores do banco Abacus, que se viram no centro de uma denúncia de fraude hipotecária em 2012.

James acompanhou os cinco anos de duração do processo e procurou depoimentos de jurados, acusadores, defensores e jornalistas que participaram da cobertura. Só que, mesmo rico em informações e extremamente rigoroso com dados técnicos, Abacus: Pequeno o Bastante para Condenar torna-se um grande filme quando se dirige à família Sung. Thomas, que veio para os Estados Unidos ainda adolescente e fundou o Abacus em meados dos anos 80, é a típica figura oriental, cordial e de poucas palavras. Porém, traz consigo algumas características dos nova-iorquinos, como a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo e o passo apressado pelas ruas de Chinatown. Na abertura do documentário, o senhor Sung, acompanhado da esposa, assiste ao clássico de Frank Capra A Felicidade Não se Compra (1946), filme símbolo da esperança. Visivelmente emocionados, ambos falam sobre como a produção os influenciou no início. Invadido pelo espírito de ajuda ao próximo, Thomas Sung fundou um banco e trouxe três de suas quatro filhas para comandar o empreendimento. É ao lado delas que ele se torna mais forte.

Assim como o George Bailey de James Stewart, Thomas descobre a força da união após um período de crise. Perto do de Bailey, o problema de Sung parece gigante, já que o país que o acolheu agora não poupa críticas aos seus negócios. Por mais que seja o eixo do Abacus Bank, o senhor Sung só segue em frente porque suas filhas não poupam esforços para provar sua inocência. Mesmo temerosas a respeito do veredito, as três mulheres dedicam tempo quase integral a mostrar que os verdadeiros responsáveis pela fraude foram funcionários do banco e que a diretoria desconhecia os atos ilícitos. Nos almoços, um dos poucos momentos em que os Sung são vistos longe dos escritórios, a comida divide espaço com ideias, discussões e inquietações maternais. Afinal, antes dos cargos executivos, elas são filhas de Thomas Sung e sua alimentação também é parte da lista de preocupações.

Com uma câmera respeitosa e que faz questão de privilegiar o clima familiar, mesmo em sequências tensas, como os longos dias de julgamento, Abacus: Pequeno o Bastante para Condenar segue a linha terna de outros filmes de Steve James, como Basquete Blues (1994) e Life Itself (2014). Ternura que ele parece ter buscado no filme preferido de Thomas Sung para criar o fio condutor de sua história.

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é jornalista e especialista em cinema formada pelo Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). Com diversas publicações, participou da obra Uma história a cada filme (UFSM, vol. 4). Na academia, seu foco é o cinema oriental, com ênfase na obra do cineasta Akira Kurosawa, e o cinema independente americano, analisando as questões fílmicas e antropológicas que envolveram a parceria entre o diretor John Cassavetes e sua esposa, a atriz Gena Rowlands.
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CríticoNota
Bianca Zasso
8
Rodrigo de Oliveira
7
MÉDIA
7.5

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