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Sinopse

Jason Bourne achou que tivesse deixado para trás seu passado como assassino frio e calculista criado pela Treadstone. Há anos vem mantendo uma existência anônima, abrindo mão da estabilidade de ter um lar e se mudando sempre que surge a ameaça de ser descoberto. Quando um agente aparece na vila onde ele vive com a namorada, os dois não têm outra alternativa senão fugir. Porém, um novo jogo internacional de perseguição faz com que tenha que confrontar velhos inimigos.

Crítica

O cinema de ação é uma das fórmulas mais duradouras do “estilo hollywoodiano de ser”. Sendo assim, é gratificante constatar quando este modelo é reinventado, e é justamente isso que acontece em A Supremacia Bourne, continuação do sucesso de bilheteria A Identidade Bourne (2002). Novamente estrelado por Matt Damon, o segundo longa consegue a proeza de unir algumas das cenas mais espetaculares da temporada – a perseguição final de carros é uma das mais surpreendentes jamais vistas – com uma trama que tem o grande mérito de conseguir humanizar um herói aparentemente infalível.

O primeiro episódio, apesar de interessante, guardava em sua fórmula muitas semelhanças com demais produções do gênero. É o tipo de trabalho que melhora com o tempo, pois os personagens e seus conflitos vão se desenvolvendo junto com o espectador. Tudo funciona direito, com lógica, humor e profundidade. Mas uma verdade é inquestionável: A Supremacia Bourne é ainda melhor que o anterior!

Jason Bourne (Damon) é um agente secreto norte-americano que, após uma missão malsucedida, é acometido de amnésia. Se na outra aventura ele queria descobrir quem era de fato ao mesmo tempo em que procurava evitar ser assassinado pelos antigos chefes, agora a cena é outra – de caça, ele virou caçador! Incriminado propositalmente como autor de um atentado em Berlim, Bourne precisa voltar à ação quando seu refúgio na Índia deixa de ser seguro. Somente o prólogo já deixa claro que não se trata de um roteiro convencional e que estruturas pré-concebidas foram jogadas ao léu para dar lugar a um enredo criativo e inovador. Sem mais amarras, o protagonista se transforma num leão e vai à luta para descobrir por que ainda o perseguem e quem está atrás da sua cabeça dessa vez.

Dirigido por Paul Greengrass, o mesmo de Domingo Sangrento (2002), vencedor do Urso de Ouro de Melhor Filme no Festival de Berlim, A Supremacia Bourne é um exemplar raro de blockbuster com cérebro. Sua trama política é relevante e conectada com o atual cenário político internacional, as interpretações são intensas – com destaque, além de Damon, para Joan Allen e Brian Cox, como os principais comandantes do Serviço Secreto Norte-Americano – e cada palavra do roteiro parece ter sido pensada por horas, possuindo um sentido especial e sempre impulsionando os acontecimentos a seguirem em frente, auxiliando no seu desenvolvimento. Nada é gratuito ou desnecessário, e só o fato de ir contra o pensamento lógico, apresentando novas soluções para antigos dramas, já é bem gratificante.

A Supremacia Bourne aponta, também, um novo caminho para as produções do gênero, pois mesmo apresentando tantas contradições se consagrou como um dos maiores sucessos do verão norte-americano de 2004, superando nas bilheterias, com folga, campeões anunciados como A Vila (2004) e Eu Robô (2004). Baseado, mais uma vez, somente na premissa original, mas agora no do segundo livro da série escrita por Robert Ludlum, esse novo episódio avança na construção do personagem Bourne, acrescentando detalhes em sua personalidade e conferindo uma maior verossimilhança a sua figura com mais adrenalina, razão e inteligência.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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