Crítica

A nossa mente é um grande depósito de lembranças que marcam. Da infância, então, nem se fala. Mesmo que algumas pareçam distorcidas, muitas vezes. No caso de A Princesa Xuxa e Os Trapalhões, porém, a memória não falha. Revê-lo é uma viagem a uma época mais inocente, sem contas para pagar, sem relacionamentos defeituosos para consertar. A produção pode não ser um primor, beirar à ingenuidade e amontoar um clichê em cima do outro, mas não tem porque ser negativo em relação a isso. Mesmo as “atuações” do elenco, em geral, não comprometem a diversão mais do que garantida.

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Foi só juntar a rainha dos baixinhos, em franca ascensão na época, com o quarteto atrapalhado que os números das bilheterias foram lá em cima: mais de 4 milhões e trezentos mil expectadores. É claro que a mistura de comédia e ação, com referências diretas a Star Wars, também foi um grande chamariz. Este é um dos melhores títulos dos Trapalhões, justamente por deixar de lado qualquer menção à realidade e se focar naquilo que eles melhor sabiam fazer: tirar sarro de tudo.

Na trama passada no planeta Antartoma, Ratan (Paulo Reis) é o todo poderoso, após a morte do imperador, que obriga as crianças do reino a serviços escravos. Dentro do palácio, outra história é contada à Princesa Xeron (Xuxa Meneghel). Para ela, todos são felizes e prósperos. É claro que quando os príncipes (ou seriam mosqueteiros?) Mussaim (Mussum), Dedeon (Dedé Santana) e Zacaling (Zacarias) se unem ao Cavaleiro Sem Nome (Renato Aragão), as coisas mudam, ela é resgatada, descobre a grande verdade e se junta à batalha.

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Contando com o carisma da apresentadora infantil e as gags do quarteto, o filme segue bem aquela narrativa clássica em que “a moral da história” é sobre liberdade, amor ao próximo e respeito à natureza. Tudo direto ao ponto, com cenários e figurinos kitsch que são uma clara homenagem cômica à saga de George Lucas e que, exatamente por sua simplicidade, conquistam o espectador. Ainda que o longa tenha envelhecido com o passar do tempo, ele é um quase clássico trash e cult na mesma medida, que garante boas horas de entretenimento raso. Uma legítima sessão da tarde sem compromisso. E só por satisfazer a contento este quesito, o longa merece as melhores lembranças possíveis.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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