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Sinopse

Jovem advogado contratado para cuidar dos negócios de um cliente, Arthur Kipps passa a ter visões sinistras quando hospedado num vilarejo isolado durante o cumprimento dessas funções de cunho obscuro. 

Crítica

Daniel Radcliffe fez uma escolha ousada e certeira para seu primeiro desafio pós-Harry Potter! O aterrorizante suspense A Mulher de Preto é um trabalho extremamente competente, desde a ambientação e apresentação dos personagens até o estabelecimento do mistério que cerca o protagonista e a conclusão brava e corajosa. Um filme que mostra de fato o quanto cresceu o menino que deixou de ser o bruxo criança, passou pela adolescência com hormônios e amores e agora se firma de vez como um astro de Hollywood, pronto para desafios ainda mais ousados e distintos. Ele pode estar longe da saga que o tornou famoso, mas continua com a magia e o carisma que o tornaram um astro.

No comando do projeto foi escalado o quase desconhecido James Watkins, que antes havia realizado o thriller (inédito no Brasil) Eden Lake (2008), com Kelly Reilly e Michael Fassbender, e escrito o roteiro de O Abismo do Medo 2 (2009). Como se pode perceber, o cara gosta de pregar sustos. Mas o que é visto nesta sua segunda experiência por trás das câmeras está longe de ser algo barato e gratuito. Temos em A Mulher de Preto um terror dos bons, que gera um medo genuíno e um pânico intenso, por mais previsível que a trama possa parecer aos mais desavisados em alguns momentos. Tudo praticamente funciona à perfeição, e o melhor é a falta de ambição do projeto: a intenção é contar uma boa história e oferecer alguns instantes em que o pavor tome conta de tudo, e nada além. E é exatamente isso que conseguem!

Radcliffe deixa de lado seu ar juvenil característico para aparecer como um homem marcado pela dor. Viúvo, perdeu a esposa durante o nascimento do primeiro filho, e está prestes a perder também o emprego na firma de advocacia em que trabalha pelo descaso e falta de ânimo que tem apresentado nos últimos tempos. Como última chance lhe é entregue a missão de resgatar os papéis e documentos de uma mansão colocada à venda numa pequena vila no interior da Inglaterra. Ao chegar no local, no entanto, passa a ser rejeitado por todos os moradores, que o querem longe dali. A única exceção é o Sr. Daily (Ciarán Hinds, visto recentemente em O Espião que Sabia Demais e que já havia atuado ao lado de Daniel em Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 como o irmão de Alvo Dumbledore, Aberforth), um rico e esclarecido empresário que lhe explica a lenda vigente na região: os mais humildes acreditam que o fantasma de uma mulher toda de preto ronda o antigo casarão, e sempre que alguém a vê logo em seguida uma criança é morta em situações inexplicáveis.

Não é recomendado revelar muito mais do que isso, a não ser apontar para o óbvio: a assombração retornará, outras mortes acontecem e o jovem advogado terá que descobrir como evitar novas tragédias, solucionando o enigma que cerca a aparição fantasmagórica e buscando um meio de resolver a questão que persegue a todos há muitos anos. O bom elenco coadjuvante – que conta ainda com Janet McTeer, indicada ao Oscar neste ano por Albert Nobbs – e o cuidado extremo com detalhes como cenários, iluminação e figurinos fazem de A Mulher de Preto um excelente representante na linha de Os Outros (2001) e O Sexto Sentido (1999), filmes que brincam com a percepção do espectador de modo inteligente e respeitoso, sem entregar nada facilmente e indo até o fim em suas convicções. Por mais trágicas e aterrorizantes que elas sejam.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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