A Guerra Está Declarada
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Sinopse
Juliette (Valérie Donzelli) conhece Romeo (Jérémie Elkaïm) e logo se apaixonaram. Do encontro, mais do que amor a primeira vista surgiu também um filho, Adam (Gabriel Elkaïm/César Desseix). A vida do jovem casal corre tranquila, até que repentinamente notam algo de estranho no bebê. Após uma série de exames, é constatado que Adam tem um tumor maligno no cérebro. A partir de então os pais precisam se unir ainda mais para ter forças, tanto físicas quanto psicológicas, para enfrentar uma dura batalha, onde as chances de sucesso são mínimas.
Crítica
Declarar guerra é evidenciar a iminência do embate ao inimigo, escancarar tensões que não se aquietam mais em seus nascedouros. É o que fazem Roméo e Juliette em A Guerra Está Declarada, quando, ainda em meio à curtição inicial do casamento, descobrem o tumor cerebral que ameaça ceifar a vida de seu filho Adam. Eles declaram guerra à doença, assumindo postos avançados como sustentáculos do pequeno e da família que padece junta. Aqui vale destacar que os autores do roteiro, Valérie Donzelli (também a diretora) e Jérémie Elkaïm - não por acaso também os intérpretes de Juliette e Romeo - passaram realmente pela situação que retratam na tela.
A Guerra Está Declarada é sensível por mesclar a agonia dos pais com os meios incomuns por eles utilizados nesta luta em que ganhar ou perder representa a sobrevida filial. Há momentos terrivelmente dolorosos, um deles quando Juliette expõe por telefone o diagnóstico fatídico, mas, como contraponto, há outros de grande suavidade e ternura, que tornam momentaneamente tudo menos opressor, tal o desabafo risonho dos protagonistas acerca das possíveis sequelas que a doença pode legar ao menino. Aliás, abundam estes pequenos instantes em que a lividez acolhe os penalizados na dolorosa conjuntura. Paradoxalmente, o humor acaba amplificando a dor e vice-versa.
A música desempenha papel importante em A Guerra Está Declarada, assim como as pequenas referências a clássicos da nouvelle vague. Ou alguém despreza que amar um joelho é coisa de Eric Rohmer e correr em direção ao mar é algo típico de François Truffaut para sublinhar raros momentos de libertação? Pela sacada do casal homônimo ao célebre duo romântico de Shakespeare, já se sabe de antemão que Roméo e Juliette estão fadados a algo trágico, e inclusive isto é profetizado por ele durante o primeiro encontro. O que não se imagina é que tal drama seja encarado pelos dois com a insólita capacidade de ressaltar os aspectos positivos das pequenas vitórias, na medida em que tomam distância dos efeitos progressivos da moléstia que acomete seu filho. Em meio a terrível situação, entendem que não há como vencer qualquer prélio nos papeis de soldados excessivamente fatigados ou derrotistas. Belíssimo filme.
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