Crítica

A Filha do Meu Melhor Amigo divide entre os atores de seu grande elenco o tempo de tela. Todos tem seu momento. Levando essa divisão quase gráfica talvez pudéssemos escrever sobre a produção dando um parágrafo para cada personagem e sua rápida contribuição. Porém essa divisão em momento algum beneficia seus atores e sua narrativa. Temos a nossa frente um filme de potencial, mas sabotado por uma direção sem brilho e que desperdiça tantas coisas que toda a experiência se torna uma frustração.

Se valendo de atores conhecidos, alguns do cinema independente americano e outros da televisão, o filme de Julian Farino reúne: Hugh Laurie, Adam Brody, Oliver Platt, Alisson Janney Leighton Meester e Catherine Keener. A história é sobre o que o título indica: a filha (Meester) de um dos protagonistas retorna à cidade e balança a vida de todos ao começar um caso com o pai (Laurie) de sua melhor amiga, que também é vizinho e muito amigo de sua família. Começando com a melhor amiga da filha do título como uma narradora que se apresenta de uma das maneiras mais simplórias possíveis e que mais à frente some da narrativa, A Filha do Meu Melhor Amigo, durante seus curtos (felizmente) 80 minutos, ameaça o tempo todo se tornar um filme que explora questões dos costumes da classe média-alta americana e o estilo de vida dos americanos. Mas fica somente na ameaça.

O sentimento é que poderia ter sido feito mais. Aliás, muito mais, especialmente com a personagem de Catherine Keener, que interpreta a mulher do personagem de Hugh Laurie e que é trocada pela jovem que chega ao condado de Orange. A atriz tenta trabalhar com o pouco que lhe é dado da melhor forma, mas o roteiro não ajuda e ela acaba apagada, mesmo com alguns momentos cômicos que poderiam ser considerados como uns dos poucos pontos altos da trama. Até o baque, próximo dos momentos finais, parece forçado. Desperdiçar Keener é um pecado maior que a traição do marido de sua personagem.

Quem também é desperdiçado é Hugh Laurie. O eterno Dr. House é puxado pela personagem de Leighton Meester, a garota com quem começa a ter um caso, o tempo todo. Mas nem só de pontos negativos se vale o filme. O casal interpretado por Oliver Platt e Alisson Janney é um verdadeiro acontecimento e os únicos que salvam um pouco a produção de não rolar ladeira abaixo. Janney é histérica e Platt um aficionado por todos aqueles produtos que são vendidos pela televisão e que prometem mudar a sua vida. Representam um pouco dos conservadores americanos que vivem seus dias da casa para o trabalho e consumindo desenfreadamente. É uma pena que isso, que poderia ser um dos motes principais, acabe se tornando secundário em uma história tão careta que não sabe dizer exatamente ao que veio.

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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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