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Sinopse

Camareira num hotel, Lynn sempre evita interagir com os hóspedes. Mas, ela acaba se deparando com Chiara, profissional que oferece seus serviços aos clientes do hotel. Lynn começa a sair de seu isolamento.

Crítica

Vem da Alemanha e atende por A Camareira uma das gratas surpresas cinematográficas do ano de 2014. Inspirado no romance de Markus Orths, o segundo longa-metragem de Ingo Haeb aposta em um filme construído sobre a idiossincrasia do protagonista.

O Forrest (Forrest Gump: O Contador de Histórias, 1994) de Haeb é Lynn, a camareira do título. A jovem tímida e introspectiva não deixa que as características sufoquem a curiosidade que nutre pelo mundo e pelas pessoas. Bem pelo contrário, a personagem interpretada por Vicky Krieps (O Homem Mais Procurado, 2014) supera as dificuldades do relacionamento interpessoal ao fazer uso do emprego em um hotel para preencher a falta de tato com os demais.

Premiada no Festival de Munique pela atuação, Krieps está muito bem em um papel que depende exclusivamente da protagonista. Mesmo os acontecimentos ao redor de Lynn fazem sentido pela expressividade peculiar com que a atriz constrói sua camareira. A tática de Lynn para entrar em contato com as pessoas é aproveitar a oportunidade dada pela profissão, observar os pertences pessoais do hóspede e se esconder embaixo da cama durante à noite. A situação a possibilita romper com a as relações tradicionais, dadas à luz do dia e com o consentimento de todos, e conhecer diretamente a intimidade. A fixação pela limpeza – o bom de limpar é que logo estará sujo outra vez e podemos voltar a limpar – e a sensibilidade pouco comum, algo que nos remete ao autismo, fazem de Lynn uma personagem muito interessante, inserida na tradição de tipos extraordinários, como Edward (Edward Mãos de Tesoura, 1990) e o já citado Forrest Gump.

O cinema tende a receber bem as personalidades estranhas, porque estão nelas, como internalizadas, o suspense, motor das grandes histórias. Por mais que o roteiro de Haeb nos traga situações interessantes e engraçadas, o trunfo sempre será a reação de Lynn à estranheza das pessoas, que, no fundo, não foge à normalidade daqueles que estão ali, na sala de cinema. Quando o percurso da jovem no hotel começa a ficar previsível, surge uma garota de programa sadomasoquista. Após presenciar a jovem contemplar os clientes com doses violentes de prazer, Lynn resolve se aproximar, em uma relação estranha e bastante delicada, tendo em vista as suas limitações.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, e da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Tem formação em Filosofia e em Letras, estudou cinema na Escola Técnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Acumulou experiências ao trabalhar como produtor, roteirista e assistente de direção de curtas-metragens.
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