Beto Rodrigues é diretor-geral da Panda Filmes, produtora e distribuidora brasileira com sede em Porto Alegre, no sul do país. Graduado em História pela UFRGS e pós-graduado em Produção Audiovisual pela Universidade Complutense de Madri, atua como roteirista, produtor e diretor. Já assinou a produção de diversos títulos, como Diário de um Novo Mundo (2005), Valsa para Bruno Stein (2007) e Em Teu Nome (2009), todos de Paulo Nascimento, Dias e Noites (2008) e Insônia (2011), ambos de Beto Souza, e o ainda inédito O Tempo e o Vento, de Jayme Monjardim, previsto para 2013. Ainda neste ano de 2012 deverá lançar três títulos, além do elogiado A Velha dos Fundos, co-produção entre Brasil e Argentina, atualmente em cartaz. Este filme, premiado no Festival de Gramado de 2010 nas categorias de Melhor Ator (Martin Piroyansky) e Melhor Roteiro, foi filmado em Buenos Aires e finalizado na capital gaúcha. Foi sobre esse processo de parceria que conversamos nessa entrevista exclusiva para o Papo de Cinema:

A Velha dos Fundos

Como surgiu a oportunidade dessa co-produção entre a Argentina e o Brasil?

A Panda Filmes também é distribuidora e adquirimos, para o Brasil, os direitos de distribuição do primeiro filme de Pablo Meza, Buenos Aires 100 km (2004). Desta experiência nasceu uma afinidade, identidade e parceria. De distribuidores pulamos também para co-produtores de A Velha dos Fundos, que foi seu segundo longa-metragem.

 

O que mais lhe atraiu neste projeto?

Sobretudo seu olhar profundamente humanista, e ao mesmo tempo sem concessões e idealizações, dos tipos humanos em uma grande metrópole. Vemos uma Buenos Aires que não figura nos cartões postais e que corre à margem do glamour desta cidade tão magnética e encantadora. Trata-se de um filme genuinamente dentro daquele perfil que podemos chamar “de autor”. Uma obra que buscar aprofundar nosso olhar sobre a condição humana, nossos medos, receios e manias. E sobre o que acontece para esquecidos e excluídos em meio à grande e cruel máquina urbana das metrópoles contemporâneas.

Beto Rodrigues e o vice-governador do RS, Beto Grill

Enquanto co-produtor internacional, quais eram as suas principais responsabilidades e como foi sua participação durante o processo de filmagem e finalização de A Velha dos Fundos?

A atividade de co-produção implica não somente responsabilidades financeiras e materiais às produtoras associadas, mas também as artísticas. Isto é, tudo aquilo que envolve a cooperação entre produtoras de dois ou mais países vai além da busca de dinheiro e recursos que viabilizem a realização. No caso deste filme, participamos também da escolha do elenco e dos membros da equipe técnica e artística brasileiros que participam de sua realização. O filme foi montado todo em Porto Alegre, no Brasil, e pudemos participar de perto de sua pós-produção, que molda o formato final da obra. Da mesma forma que toda a trilha musical também foi composta e executada aqui, o que permitiu um diálogo direto com o Diretor Musical, Sérgio Rojas, em sua concepção, estilo e ritmo. Uma das grandes virtudes das co-produções, em especial daquelas que envolvem mais de um país, é vivenciar o estranhamento cultural e fazer dele um atributo artístico e conceitual da obra.

 

(Entrevista realizada no dia 25 de junho de 2012)

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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