Paulo Sacramento é montador, produtor e diretor de cinema paulista. Sua estreia como realizador foi com o documentário O Prisioneiro da Grade de Ferro (2002), que lhe rendeu prêmios no festival É Tudo Verdade, em Gramado e foi selecionado até para Veneza! Formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, atua na ilha de edição desde Tônica Dominante (2000), de Lina Chamie, foi produtor de Claudio Assis em Amarelo Manga (2002) e do Zé do Caixão em Encarnação do Demônio (2007), e voltou a dirigir com o drama ficcional Riocorrente (2013), lançando neste ano e premiado nos festivais de Brasília e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Foi durante a estreia deste mais recente trabalho que o cineasta conversou com exclusividade com o Papo de Cinema, revelando os seus favoritos na tela grande. Confira!

 

Qual seu filme favorito?
Puxa vida, tem tantos. Essa pergunta é muito mais difícil do que se pode imaginar. Sendo óbvio, qualquer um do Stanley Kubrick seria uma boa resposta. Vejo e revejo os filmes dele todos os anos, era um cara tão diferente, trabalhava com gêneros, mas sempre com um toque autoral. Recentemente revi O Iluminado (1980), que obra-prima! Acho que existe uma precisão, um desassombro com a maneira como ele encarou o gênero do terror, tido como menor – mesma coisa que o Polanski fez com O Bebê de Rosemary (1968) – chegando ao ponto de despertar coisas que só o cinema poderia fazer. Esse projeto funcionou como cinema! Era um livro, um bom livro até, mas o filme é infinitamente melhor! Por isso que o Stephen King não gosta, o Kubrick superou a obra original (risos)! O Hitchcock só filmava livros ruins justamente porque são esses que dá pra melhorar, se a fonte já é muito boa a expectativa é enorme, e com ela a inevitável decepção, de uma forma ou de outra. O Kubrick fala diretamente com uma coisa que não é a nossa racionalidade, mas que está no inconsciente do espectador. Tentei fazer isso no Riocorrente (2013), claro que por um outro caminho. É quase que uma homenagem.

 

Qual filme recente você recomendaria?
Teve um filme que vi há pouto tempo e que me marcou, o nome é Sob a Pele (2013), com a Scarlett Johansson. É uma outra linha, não tem nada de Kubrick, da precisão dele,, mas tem momentos em que a mágica acontece. Penso que isso é algo que o cinema deve buscar. O cinema não precisa ser 3D, você já está dentro da tela e envolvido pelo que acontece. Acho que esse filme em particular não é feliz o tempo inteiro, mas tem bons momentos.

 

Qual filme lhe impressionou pela edição?
Vou falar de um filme brasileiro em que a montagem não é o filme, mas simplesmente o faz existir. É através dela que se percebe a persistência que tem no tempo. To falando de O Bandido da Luz Vermelha (1968). A montagem é a alma do filme! O Sganzerla tava no auge da capacidade. E isso se nota por ser trabalhado com uma liberdade que poucas vezes vimos no cinema. É uma obra definitiva. Nas mãos de um mal montador talvez nunca mais falássemos sobre o filme, ele existe até hoje porque atinge essa precisão poética!

 

Se a sua vida fosse um filme, qual seria o nome?
Não faço a menor ideia… Meu Deus, como seria isso? Não sei responder… vou ter que ficar devendo (risos)!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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