Cecília Amado carrega o peso da família no nome: Amado, o mesmo de Jorge, o avô famoso que revolucionou a literatura brasileira. Apesar do passado literário, ela deixou as letras de lado e preferiu a imagem: trabalha no cinema nacional desde o início da chama “retomada”, e em seus créditos contam produções de destaque como Tieta do Agreste (1996), O que é isso, companheiro? (1997), Guerra de Canudos (1997), Mauá – O Imperador e o Rei (1999), Onde Anda Você (2004), Jogo Subterrâneo (2005) e Batismo de Sangue (2006), entre diversas outras produções para a televisão. Em todos estes trabalhos, atuou como assistente de direção, diretora de segunda unidade, produtora e roteirista. Agora, finalmente estreia como realizadora adaptado para o cinema uma das obras clássicas do avô: Capitães da Areia. A responsabilidade é alta, mas Cecília parece estar bem confortável diante às expectativas!

Por que iniciar tua carreira como diretora em longa-metragem com a adaptação de uma obra tão importante para a literatura brasileira e tão pessoal para ti e tua família? Ou seja, a pressão deve ter sido enorme por todos os lados, certo? Como foi lidar com isso?

Não teve pressão. Escolhi Capitães pelo potencial cinematográfico do livro e a força daquela história que li aos 14 anos. Se não fosse este o meu filme de estreia, certamente não seria a adaptação de outro romance de meu avô, pelo menos não nesse momento.

 

O Rio Grande do Sul possui a fama de ser o pior público para o cinema nacional. Qual tua opinião sobre esse fato? E quais são as tuas expectativas em relação ao público?

Assim como meu avô fazia com seus livros, eu faço filmes para falar diretamente com a pessoa que está do outro lado da tela. Por isso fui a Porto Alegre, acho que o olho no olho é muito importante. Embora as diferenças culturais existam, isso é inegável, eu acredito que muitos gaúchos podem se emocionar com Capitães da Areia.

 

Apesar deste ser teu primeiro longa, há nomes bem experientes ao teu lado, como Hilton Lacerda, Adrian Cooper, Bruno Stroppiana e Carlinhos Brown. Qual foi a importância deles no projeto?

Foi meu primeiro longa como diretora, mas estou no cinema como assistente de direção desde o inicio da “retomada” e nesse caminho conheci profissionais fantásticos. Por isso me cerquei daqueles que eu tinha confiança, intimidade e um diálogo direto e fácil. Claro que a experiência o talento dos meus parceiros influenciou muito também nessas escolhas.

 

Percebe-se de imediato que o ponto forte desta versão de Capitães de Areia são os personagens e o elenco que os interpreta. Como escolheste estes atores e como foi trabalhar com eles?

O elenco foi selecionado em 22 ONGs que trabalham com arte-educação em Salvador. Depois de entrevistar 1200 jovens, chegamos aos 12 finalistas que tiveram 2 meses de oficinas preparatórias em um grupo de 90 adolescentes pré-selecionados. Uma vez escolhidos foram mais 2 meses de ensaios até o início da filmagem. Dirigir esses jovens foi uma experiência de vida que vai muito além do cinema.

Qual a mensagem que desejas transmitir com este teu Capitães da Areia?

Além do foco social, de tirar essas crianças da invisibilidade, tem os valores de FAMILIA e AMIZADE que são muito fortes.

 

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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