Vinte dias de férias é o mínimo que qualquer ser humano deveria merecer todos os anos. Descansar da rotina, de casa, da família e da correria do dia a dia. Procuro todos os anos dar uma escapadela por aí. Às vezes destinos mais longos e, quando nem o tempo e nem a carteira permitem, pode ser por aqui mesmo, fugir de tudo e de todos, nem que seja para passar um dia na cidade vizinha. Curtir um pouco de paz e sossego faz bem para a alma.

Philomena, de Stephen Frears

Pois comecei 2014 assim: dei férias para mim, para o computador e para todos os assuntos problemáticos que pudessem me tirar o sossego. Deixei em casa todas as rusgas com a vida e dei espaço ao inesperado e ao imprevisto.

Minha única companhia, além da minha filha, foram 4 livros. Dei conta de três deles, assim mesmo, sem pressa e sem compromisso de lê-los até o final da folga. Deixei a leitura ao ritmo das ondas.

Mas, confesso que nesse tempo todo de férias – afinal vinte dias é tempo de sobra para cansar de descansar – fiquei com saudades de ir ao cinema. Em uma pequena praia do Nordeste, onde me encontrava, nem me atrevi a perguntar se havia cinema por ali. E em outra cidade, um pouco maior, arrisquei a saber se havia uma sala de exibição. O recepcionista do hotel respondeu:

–       Cinema? Tem não!

Trapaça, de David O. Russell

Ok, voltei aos livros e me conformei com a ideia de não conseguir terminar de assistir a todos os filmes concorrendo ao Oscar deste ano. Paciência.

Foi quando despertou minha atenção a chamada na capa do jornal local. “Na véspera do Oscar convidamos 4 jornalistas para conhecer as salas de cinema de um novo shopping na capital, veja o que eles acharam”, dizia a chamada do Caderno de Cultura. Corri para as páginas do jornal a fim de ler as críticas dos jornalistas e verificar se os filmes que eu havia gostado estavam na lista de filmes indicados por eles.

Nebraska, de Alexander Payne

Para minha surpresa, eles comentaram sobre as confortáveis poltronas, ar condicionado e também sobre a variedade de balas que eram vendidas no bar. Falaram também sobre os horários dos filmes, pontualidade, valor do ingresso e diversidade de filmes a disposição. Nenhum deles, no entanto, falou dos filmes indicados, quais as suas preferências ou se atreveram a palpitar quem seria o Melhor Ator ou Melhor Atriz. Nem ao menos mencionaram o nome do filme que cada um dos jornalista assistiu. E eu sem cinema e sem nenhuma notícia sobre os indicados fiquei à ver navios.

Isso não se faz. Nebraska, Philomena e Trapaça me esperam na volta.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é Relações Públicas formada pela Universidade Do Vale do Rio dos Sinos. Tem 43 anos e é mãe de Clara, uma menina ruiva, hoje com dez anos. Descobriu a paixão pelas palavras quase sem querer: foi um convite do editor de um jornal que a fez escrever seu primeiro texto. Surpreendida pelo retorno de amigos e leitores elogiando a forma leve e descontraída da escritora, decidiu investir nessa história! É autora do livro Metade de Mim, lançado pela Editora Buqui em 2013.
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