Oh, l’amour… Este sentimento tão intenso que, para os mais jovens, se transforma em caso de vida ou morte, muitas vezes. Quem nunca teve aquela paixão enlouquecida na puberdade de fazer parar tudo o que acontece ao redor, as tais “borboletas no estômago”? Nesta semana estreia de Cidades de Papel, mais um romance de John Green toma as telas do cinema, que até pode não parecer apenas sobre amor adolescente, mas especialmente sobre amadurecimento. Porém, é através da confusão amizade/paixão que a história se desenrola. Então, nada mais justo que a equipe do Papo de Cinema dar voz aos seus sentimentos mais guardados daquela época em que era tudo ou nada no quesito romance e, assim, escolher dez bons filmes que tratem do amor na adolescência. Será que o seu favorito está aqui? Confira!

 

A Lagoa Azul (The Blue Lagoon, 1980)
Sobreviventes de um naufrágio, os personagens de Brooke Shields e Christopher Atkins vivem isolados numa ilha tropical, a despeito da pouca idade. Ao descobrirem a morte do homem que os criou até certo ponto naquele lugar inóspito, eles se veem realmente sozinhos, tendo de amadurecer sem adultos por perto para apoiá-los. O crescimento os aproxima amorosa e sexualmente. O corpo do outro passa a ser um território de descobertas mediadas única e exclusivamente pelo instinto. Brooke Shields tinha 14 anos na época do lançamento do filme e venceu o Framboesa de Ouro por sua interpretação. Já Christopher Atkins foi indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator Revelação. Curiosamente, Shields foi quem mais se beneficiou com o sucesso junto ao público. No Brasil, o filme ficou famoso muito em virtude das inúmeras reprises na Sessão da Tarde. Nos anos 1990 era muito provável ligar a televisão e se deparar com os dois adolescentes à deriva, enfrentando perigos em meio a um romance açucarado, no qual a voltagem sexual se sobrepõe à inocência apenas num nível raso. Das três adaptações cinematográficas do livro homônimo de Henry de Vere Stacpoole (as anteriores são de 1923 e 1949), esta é certamente a mais famosa. – por Marcelo Müller

 

Gatinhas e Gatões (Sixteen Candles, 1984)
Samantha passa pelo pior dia de sua vida. É seu aniversário de 16 anos, mas sua família, ocupada com o casamento da irmã, se esquece da data. Também é dia de baile no colégio, mas ela não consegue se declarar para Jake, sua paixão platônica, e ainda precisa aguentar as investidas de Ted, o nerd da turma. O retrato da adolescência nos anos 80 passa obrigatoriamente pelo cinema de John Hughes. O cineasta soube como poucos investigar os dilemas dessa fase da vida, sempre balanceando humor e drama para criar diversos clássicos modernos. E em sua estreia na direção, Hughes já apresenta quase todos os ingredientes dessa fórmula de sucesso: a presença da musa de cabelos ruivos Molly Ringwald, do eterno geek Anthony Michael Hall, os diálogos espertos e a narrativa composta por situações que mesclam sensibilidade ao nonsense. Utilizando estereótipos (o CDF, a rainha do baile, o atleta), para muitas vezes subvertê-los, Hughes reescreveu algumas regras, seguidas até hoje, dos triângulos amorosos dos filmes adolescentes. Esta é mais uma obra icônica do diretor e de toda uma geração. – por Leonardo Ribeiro

 

Romeu + Julieta (1996)
Esta é a história de amor por excelência. Escrita por William Shakespeare, teve diversas adaptações cinematográficas, nas mais variadas épocas e das mais diversas formas. Uma das mais interessantes e inovadoras destas versões foi assinada pelo cineasta australiano Baz Luhrmann em 1996. Utilizando o texto original do autor, com seu inglês rebuscado e arcaico, e colocando a ação em uma Verona moderna, com carros tunados substituindo os cavalos e revólveres estilizados no lugar das espadas, o diretor fez uma obra verdadeiramente pós-moderna, bebendo na fonte do antigo, mas passeando de forma bastante corajosa pelo novo. O estilo chama a atenção, mas não convenceria caso não tivéssemos um casal adolescente que pudesse segurar a trama. E, para isso, Luhrmann convidou Leonardo DiCaprio para dar vida ao seu Romeu e Claire Danes para o papel de Julieta. A escolha foi acertada. É necessário talento para conseguir entregar um texto difícil e que soe natural. E isso a dupla tira de letra. Para melhorar, existe grande química entre os dois, como poderíamos esperar de uma história envolvendo os personagens mais tragicamente românticos de todos os tempos. Com ótima trilha sonora e ritmo frenético, o filme foi indicado ao Oscar de Melhor Direção de Arte. – por Rodrigo de Oliveira

 

Delicada Atração (Beautiful Thing, 1996)
Muito tempo antes das belas experiências de Hoje eu Quero Voltar Sozinho (2014) e Azul é a Cor Mais Quente (2013) como romances contemporâneos entre adolescentes do mesmo sexo, este filme inglês dirigido por Hettie Mcdonald deixou sua marca nos anos 1990, quando o assunto não estava tão em pauta como hoje, mas já era bem difundido. A paixão entre os colegas de escola vividos por Glen Berry e Scott Neal foi tratada de uma forma simples e honesta como poucas vezes na história da filmografia LGBT. É claro, a cartilha não é original: garoto se sente atraído por amigo atleta, que também corresponde, só que precisa lidar com a família preconceituosa. A questão não é esta, mas o desenvolvimento calmo, sem pressa. Acrescente ainda uma tresloucada coadjuvante viciada em The Mamas and the Papas e o toque de leveza, mesmo em um tema tão complicado, e eis um dos melhores filmes sobre amor, independentemente do sexo. Delicada Atração virou cult, especialmente entre gays, já que muitos adolescentes da época, que ainda não tinham as armas da lei, internet e afins para sair do armário sem (tanto) medo, buscaram forças nesta história para se assumirem, cada um a seu tempo e sua maneira. Sem contar o final ao som de Dream a Little Dream of Me na voz de Mama Cass. Beleza não apenas cinematográfica, mas de fazer qualquer um, homo ou heterossexual, também se apaixonar pelo casal que está se formando na tela – e pelo amor em si, é claro. – por Matheus Bonez

 

10 Coisas que eu Odeio em Você (10 Things I Hate About You, 1999)
Quem nunca assistiu a comédia romântica de Gil Junger pode pensar que é quase impossível uma adaptação moderna do clássico de William Shakespeare, A Megera Domada, dar certo. Reunindo um jovem elenco que viria a despontar impulsionado até mesmo pelo filme, 10 Coisas que eu Odeio em Você traz Julia Stiles como a tal megera, Kat, a irmã mais velha de Bianca, que tem uma paixonite pelo jovem Cameron (Joseph Gordon-Levitt). O problema é que para Bianca namorar o garoto, Kat também precisa começar a namorar. Uma regra imposta pelo pai que logo se torna um desafio para  Cameron. Para namorar Bianca ele decide achar alguém para Kat sem ela saber. É quando o bruto e rebelde Patrick (Heath Ledger) cruza seu caminho, sendo o par perfeito para a Kat. Engraçadíssimo e um belo romance sobre liberdade, Junger faz um filme dinâmico e desapegado de suas raízes, sem pretensões de ser algo que não é.  Aos que ainda não se renderam a este clássico jovem, que já completa 16 anos, é hora de assistir. E aos que amam, sempre bom rever. – por Renato Cabral

 

Juno (2007)
Fruto da parceria de Diablo Cody e do diretor Jason Reitman, Juno serviu para consolidar a carreira do realizador, independente até da figura de seu pai. Ellen Page (indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo papel) dá vida a gestante personagem título, uma menina/mulher que não tem problemas em declarar sua sexualidade, avatarizada primeiro pela protuberante barriga que guarda seu filho e consolidada pela difícil escolha de entregar seu rebento para adoção. O carisma de Juno é presente tanto nos personagens como na fotografia e figurinos, que evocam cores vivas, que visam esconder sob um escopo teenager uma história repleta de traições, amarguras, abandonos e arrependimentos, aspectos comuns a histórias mais maduras.  Mesmo atores comumente criticados, como Michael Cera, conseguem se associar bem a J.K. Simmons e Jennifer Garner, com cada artista cumprindo um papel que funciona junto aos seus préstimos, provando mais uma vez a perícia de Reitman em conduzir a fita. O filme ainda se destaca da contumaz frivolidade do subgênero comédia para pré-adultos, ultrapassando até a estranha relação de Juno e Bleeker (Cera), o que por si só desafia todos os paradigmas de química entre casal, não abrindo mão de uma história que, em suma, é modesta, bela e repleta de significados. – por Filipe Pereira

 

Uma Noite de Amor e Música (Nick and Norah’s Infinite Playlist, 2008)
Michael Cera é Nick, um cara meio geeky, meio cool, que toca numa banda onde todos, com exceção dele, são gays. Ele vem tendo dificuldades em esquecer sua antiga namorada, que estuda na mesma escola que Norah (Kat Dennings). Em uma noite específica, todos querem saber onde será o show surpresa do Where’s Fluffy, banda favorita do nosso casal 20. Nora, mais uma vez atacada pelo ex, decide fazer de Nick seu namorado imaginário. Não estamos perdidos dentro de um shopping, ou algo parecido. O filme acontece entre ruas e bares de Nova York, com personagens sarcásticos, carismáticos, que amam todos os gêneros de música. O filme aborda, de uma maneira despretensiosa, todas as dúvidas e as decisões que os adolescentes passam e tem que tomar, independentes do ano de nascimento. A diferença é que em “Nick and Norah” eles não são “plastics” a la “Mean Girls”: são versões honestas do que realmente está acontecendo, de como essa geração esta pensando. Uma versão moderna do bom e velho ‘mocinha conhece mocinho’. Ter atitude e um Ipod é importante, mas ter um grande amor… isso nunca sai de moda. – por

 

Moonrise Kingdom (2012)
Ao fazer um filme protagonizado por duas crianças que se apaixonam e decidem fugir juntas, meio que em protesto aos adultos ao seu redor, Wes Anderson fez uma das produções mais adoráveis dos últimos anos. Sam e Suzy (interpretados por Jared Gilman e Kara Hayward, respectivamente) não formam um casal juvenil particularmente comum. Por mais que haja ingenuidade em seus atos, seu jeito não deixa de ser curiosamente maduro, como se eles já estivessem plenamente preparados para encarar os obstáculos do mundo. Tal característica de certa forma mostra que eles só poderiam ser criados por alguém com a sensibilidade de Wes Anderson. E, levando em conta o diretor, é claro que Moonrise Kingdom acaba inserindo seus vários personagens em uma narrativa divertida e cheia de excentricidades, mas que mesmo assim tem algumas pinceladas melancólicas, o que se deve em parte à própria introspecção dos protagonistas, que nas mãos de Gilman e Hayward têm um carisma que certamente contribui para que este seja mais um filme de destaque de Anderson. – por Thomás Boeira

As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower, 2012)
Produzido, escrito e dirigido por Stephen Chbosky a partir do seu livro homônimo e um tanto quanto autobiográfico, As Vantagens de ser Invisível não poderia ser um projeto mais autoral. Tamanho envolvimento do escritor com o filme resulta em um longa-metragem digno dos melhores trabalhos de John Hughes, que sabiam tão bem evocar o espírito rebelde da juventude e suas auto descobertas acerca da própria mortalidade. Aqui conhecemos como o introspectivo Charlie (Logan Lerman, ótimo) se junta ao grupo de “perdedores” formado por Sam (Emma Watson) e Patrick (Ezra Miller), e a suas aventuras pelo ecossistema adolescente local. Delicado e preciso no desenvolvimento de seus personagens, o longa de Chbosky é eficiente em demonstrar a complexidade dos primeiros sentimentos amorosos de qualquer jovem. Através da paixão que Charlie passa a nutrir por Sam, segundo a sua natureza bondosamente incurável, mergulhamos nos dilemas do primeiro amor e da sexualidade de uma forma poética que exalta a beleza destes desejos em qualquer pessoa, acertadamente retirando o estigma do assunto que já desde a pré-adolescência nos é inscrito socialmente. Pra quem conhece o final, o “plot twist” torna ainda mais admirável esta postura de Charlie em relação a Sam. – por Yuri Correa

A Culpa é das Estrelas (The Fault in our Stars, 2014)
Josh Boone havia dirigido apenas o discreto Ligados pelo Amor (2012) quando foi convocado para assumir a adaptação do primeiro livro do escritor John Green para a tela grande. Sucesso entre adolescentes, o autor é reconhecido por tratar de questões sérias – morte, família, amadurecimento – com um olhar apropriado para essa faixa etária, sem condescendência nem ingenuidade. Enfim, apesar de ter quase quarenta anos, ele escreve como se fosse apenas “mais um dos rapazes”, para usar um termo do próprio. Mas o sucesso desse longa, que faturou mais de US$ 300 milhões nas bilheterias de todo o mundo, se deve não apenas à inspiração da trama original, mas também – e principalmente – à incrível química desenvolvida nas telas pelos protagonistas vividos por Shailene Woodley e Ansel Elgort, que de relativos desconhecidos se tornaram mega astros mundiais. Os dois, que já haviam aparecido como irmãos na ficção científica Divergente (2014), entregam-se um aos braços do outro para viverem, literalmente, a história de amor de suas vidas, aproveitando cada momento como se fosse – e de fato, era – o último. Assim como o sonho de muitos dos que estavam sentados na audiência, esse romance foi para sempre. E fórmula melhor para o sucesso não há. – por

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