Os românticos inveterados sabem bem quem é Nicholas Sparks e como funciona a fórmula de seus filmes: protagonistas masculinos ou femininos que se apaixonam por alguém do sexo oposto, mas precisam enfrentar barreiras para viver este amor. Além desta premissa básica, todos são lindos, de mente e corpo. Pois se o último longa baseado em uma de suas obras, A Escolha (2016), teve o pior desempenho nos cinemas dentre todas as suas adaptações (US$ 18,7 milhões), como se saíram todos os outros? Como a equipe do Papo de Cinema não é tão fã de suas produções, assim digamos, o ranking da semana elenca os dez títulos baseados nos livros de Sparks através de suas bilheterias nos Estados Unidos. E, convenhamos, o primeiro lugar realmente merece tal destaque. Quer saber qual foi? Então confira a nossa lista!

 

10 – O Melhor de Mim (The Best of Me, 2014)
Bilheteria: US$ 26.766.213,00
O importante é aquilo que permanece. Na juventude, Dawson (Luke Bracey) e Amanda (Liana Liberato) formaram um belo casal. A beleza, porém, não foi suficiente e sucumbiu frente às diferenças familiares. A relação tornou-se insustentável e a separação inevitável. Vinte anos depois, a morte de um amigo em comum gera um reencontro inesperado e obrigatório. Pessoas diferentes, Dawson (agora como James Marsden) e Amanda (já na pele de Michelle Monaghan) se arriscarão a dar continuidade à história mal contada de outrora. Adaptação dirigida por Michael Hoffman para a obra do prolífico norte-americano Nicholas Sparks, o mais celebrado escritor do gênero amor romântico, O Melhor de Mim é um filme quadrado, previsível e desafiador – no sentido de chegarmos ao seu desfecho sem sentir incômodo. Construído sobre a estrutura popular da perspectiva do amor impossível (pensemos, por exemplo, em Romeu e Julieta, de Shakespeare), a proposta de Hoffman é simples e clara: fazer um filme fácil, em que o espectador possa se identificar com os personagens, na expectativa de consolidar uma relação deixada no passado, ou apenas comer a pipoca com refrigerante da bomboniére. – por Willian Silveira

 

9 – Uma Longa Jornada (A Longest Ride, 2015)
Bilheteria:
US$ 31.540.443,00
Desta lista, o segundo mais recente trabalho baseado na obra de Nicholas Sparks é Uma Longa Jornada, apresentando novamente um casal muito bonito vivendo as agruras e as belezas de um amor recente. Para mudar um pouco o padrão, um casal mais velho é inserido na mistura. Então, para os fãs de histórias de amor, a produção não apresenta apenas uma, mas duas destas tramas. Na principal, conhecemos o cowboy cabeça-dura Luke (Scott Eastwood) e a jovem estudante de moda Sophia (Britt Robertson). O primeiro sofreu um acidente sério durante um rodeio e pode perder a vida caso continue neste mercado. Já a menina tem oportunidade de um belo estágio em Nova York, mas pensa duas vezes antes de deixar o novo namorado no interior. A história deles se cruza com a de Ira (Alan Alda), um senhor idoso que sofre um acidente de carro e é resgatado pelo casal. Sophia conhece a apaixonante vida daquele homem e aprende uma ou duas lições com sua experiência. Existe boa química entre o casal central, mas a trama contada em flashback por Alan Alda ganha logo a atenção do espectador, que pode sentir por ela não ser a principal. Talvez a falta de foco entre uma ou outra história atrapalhe o filme do diretor George Tillman Jr., o que não deve incomodar muito os fãs de Nicholas Sparks.  – por Rodrigo de Oliveira

 

8 – Um Amor Para Recordar (A Walk to Remember, 2002)
Bilheteria: US$ 41.281.092,00
Há duas possíveis razões para você não ter chorado com Um Amor Para Recordar: 1. Você tem uma pedra ou bloco de gelo no lugar do coração. 2. Você já viu entre 5 e 50 filmes com premissa semelhante. Independente dos motivos, esta adaptação do romance de Nicholas Sparks foi feita para fazer chorar, com direito a muitas lágrimas e soluços ininterruptos. No clima de Love Story: Uma História de Amor (1970) e Tudo Por Amor (1991), mais recentemente explorado por A Culpa é das Estrelas (2014), conhecemos a história de um casal improvável que, depois de finalmente juntos, são separados por circunstâncias da vida. Ou melhor dizendo, por circunstâncias da morte. Nem todo o carisma e a voz adocicada de Mandy Moore faz valer a canastrice de Shane West e as situações propostas pelo livro de Sparks e roteiro de Karen Janszen. O diretor Adam Shankman apoia o filme numa formulaica estrutura que logo de início já anuncia sua conclusão dramática, o que faz valer um ou outro momento de graça e comicidade, mas o que domina Um Amor Para Recordar é mesmo a pieguice e aquele trágico romance adolescente que nós já vimos um milhão de vezes antes. – por Conrado Heoli

 

7 – Noites de Tormenta (Nights in Rodanthe, 2008)
Bilheteria: US$ 41.850.659,00
Como muitas das adaptações de Nicholas Sparks para o cinema, Noites de Tormenta é o típico novelão cinematográfico, recheado de elementos melodramáticos e recursos fílmicos disseminados desde …E o Vento Levou (1939) – obviamente piegas e datados há muito tempo. Sem a magnitude do épico, o drama reúne Richard Gere e Diane Lane depois da parceria em Cotton Club (1984) e Infidelidade (2002). Os atores vivem um casal que se conhece quando Adrienne (Lane) fica responsável por cuidar de uma pousada para uma amiga onde o único hóspede é o rancoroso médico Paul Flanner (Gere). O roteiro de John Romano e Ann Peacock privilegia o mais do mesmo escrito por Sparks e desenvolve os personagens principais de forma tão superficial que é difícil aceitar o envolvimento de ambos. Situações constrangedoras propostas pelo roteiro são reforçadas pelo diretor George C. Wolfe, como numa longa cena de sexo cheia de pudor e numa sequência que se vale da recorrente ideia do corpo humano como espaço geográfico. Um dos poucos méritos de Noites de Tormenta está na direção de fotografia de Affonso Beato, que sofre apenas pelo excesso de flashbacks utilizados na trama. O resultado final, no entanto, não faz valer a sessão. – por Conrado Heoli

 

6 – Uma Carta de Amor (Message in a Bottle, 1999)
Bilheteria: US$ 52.880.016,00
Logo após o fracasso de Waterworld: O Segredo das Águas (1995), Kevin Costner precisou se reinventar como ator. E uma das suas apostas foram os dramas românticos – ele apareceu em três ainda naquela década. Um destes foi o responsável pela estreia de Nicholas Sparks. E ainda que o resultado não tenha sido dos melhores, ali já estavam os elementos referenciais da obra do autor: um protagonista problemático que encontra redenção no amor, uma personagem feminina em busca de um sentimento verdadeiro, os conselhos de quem passou por situações semelhantes no passado e a base disso tudo em uma carta escrita à mão, como a que Robin Wright descobre em uma garrafa perdida na beira da praia, o que a motiva a ir atrás do autor da missiva. Paul Newman é a participação especial que oferece ao longa um respeito inesperado, mas mesmo com tantos pontos contra – Costner foi indicado às Framboesas de Ouro como Pior Ator do ano e o faturamento nos EUA foi de quase US$ 30 milhões a menos do que o custo da produção – a proposta, de uma forma ou de outra, acabou dando certo, gerando a contínua permanência do autor nas telas. – por Robledo Milani

 

5 – Um Homem de Sorte (The Lucky One, 2012)
Bilheteria: US$ 60.457.138,00
Ok. Assistir a um filme de Nicholas Sparks é saber onde está se metendo. É a fórmula básica de qualquer casal de novela das oito: se apaixonam no primeiro instante, tem mil percalços pelo caminho, mas o amor acaba vencendo tudo. E isto não é ruim, se for bem contado. Porém, Um Homem de Sorte se atropela não apenas pelos esperados clichês que irão, de fato, passar pela tela. Neste aqui, Zac Efron tem simpatia e coragem suficiente para dar um gostinho a mais para seu protagonista, mas não adianta com um personagem tão mal construído em um roteiro ainda mais mal escrito. Ele é um sargento da Marinha que acredita ter sobrevivido à guerra por conta de um amuleto, a foto de mulher que estava no meio das trincheiras. Quando ele retorna aos EUA, ele facilmente encontra a tal loira que lhe concedeu uma segunda. O rapaz a encontra, ambos se apaixonam, o filho dela vira seu melhor amigo, a avó é a coisa mais querida do mundo. Mas é claro que tem um ex-marido babaca para atrapalhar tudo. Não, não é questão de ser amargo. É de entender que, para se criar empatia por um personagem, não é preciso baixar o nível de outro. A formula maniqueísta pode até funcionar para quem gosta do romantismo das novelas de José de Alencar, mas aquele autor sabia o que escrevia. Aqui, tudo é supérfluo ao extremo. Sorte é a dos atores que ganharam bem para fazer este longa, mas o azar é do público que atura um melodrama barato destes. – por Matheus Bonez

 

4  – A Última Música (The Last Song, 2010)
Bilheteria: US$ 62.950.384,00
Além de ser obviamente baseado na obra de Nicholas Sparks, A Última Música ficou conhecido por ser um dos primeiros veículos utilizados por Miley Cyrus para se desvincular da imagem infantil do seriado Disney Hannah Montana. Na trama, Ronnie (Cyrus) é uma adolescente rebelde que está irritada pelo fato de ter de passar o verão com seu pai, Steve (Greg Kinnear), em uma pequena cidade litorânea. A situação só começa a mudar quando Ronnie conhece Will (Liam Hemsworth), um rapaz boa gente que enfrentará a barreira que a garota constrói contra as pessoas para tentar conquistá-la. É um filme adolescente, como a sinopse não deixa mentir. Mas por trás desta história bobinha existem algumas mensagens interessantes e surpresas da trama que elevam o nível dramático. O casal convence – até porque, na época, Cyrus e Hemsworth eram namorados. Mas quem merece grandes elogios é o sempre competente Greg Kinnear, em ótima performance como o pai compreensivo de Ronnie. Seus demônios internos, envoltos em mistério pela trama, são todos muito bem construídos pelo ator. Mas é no terceiro ato, quando a história dá uma reviravolta, que Kinnear consegue emocionar e se tornar o verdadeiro destaque do longa-metragem da estreante Julie Anne Robinson. – por Rodrigo de Oliveira

 

3 – Um Porto Seguro (Safe Haven, 2013)
Bilheteria: US$ 71.349.120,00
A heroína da vez é Katie (Julianne Hough), uma garota que foge da polícia e vai parar na pequena cidade de Southport, na Carolina do Norte. Assim que chega conhece um viúvo bonitão e pai de dois filhos (Josh Duhamel), tenta evitar a aproximação, mas logo (obviamente) os dois engatam um romance recheado de sol, passeios de barco e juras de amor. Enquanto isso, um detetive vai em sua busca, fazendo com que saibamos, pouco a pouco e com vários flashbacks, o que aconteceu no passado da loira. Obviamente todo mundo sabe como essa história começa e termina, mesmo com uma (desnecessária e totalmente fora de contexto) reviravolta final. É tudo meticulosamente calculado, desde os planos que realçam a beleza dos protagonistas e das paisagens à trilha sonora propositalmente tocante, sem contar nos essenciais momentos “americanóides”, como uma perseguição durante o 4 de julho. Um Porto Seguro leva tão a pé da letra seu título que a maior vontade do espectador é dormir durante a sessão. – por Matheus Bonez

 

2 – Querido John (Dear John, 2010)
Bilheteria: US$ 80.014.842,00
Militar (Channing Tatum) tira uma breve licença e se apaixona por uma jovem (Amanda Seyfried), que se prepara para entrar na universidade, enquanto ele logo voltará para a guerra. Vivendo esse sentimento igual, mas com objetivos de vida diferentes, os dois realizam o querer “estar junto” através de inúmeras cartas, origem do título que remete ao início de uma mensagem amorosa. Baseado no best seller de Nicholas Sparks e dirigido por Lasse Hallström, do lacrimoso Sempre ao Seu Lado (2009), Querido John abre espaço para falar de autismo, da relação pai e filho, de amizade, mas é o “estar perdido por amor” que interessa de verdade. E aí a fonte bebida é aquela dos filmes com muitas cenas em câmera lenta, belas fusões de imagens, beijos, abraços, um pôr do sol e, claro, uma trilha sonora pop acústica bem bacaninha. Entre as curiosidades, a boa participação de Richard Jenkins e a presença do ator Henry Thomas, o eterno (e irreconhecível) garotinho do clássico E.T.: O Extraterrestre (1982). Assim, não espere encontrar nada de novo, mas é filme bem feitinho, que vai agradar aqueles que curtem o gênero água com açúcar e um temperinho a mais para não ficar tão doce. – por Roberto Cunha

 

1 – Diário de Uma Paixão (The Notebook, 2004)
Bilheteria: US$ 81.001.787,00
Acompanhando a história de amor entre os jovens Noah (Ryan Gosling) e Allie (Rachel McAdams) ao longo de várias décadas, contada no presente por um idoso, Duke (James Garner), a sua companheira de hospital (vivida por Gena Rowlands), Diário de Uma Paixão talvez seja a melhor adaptação de um livro de Nicholas Sparks. É fácil simpatizar com a trama e seus personagens carismáticos, de forma que torcer para que estes driblem os típicos obstáculos que surgem e fiquem juntos no final não é uma tarefa das mais complicadas para o espectador. Nesse sentido, vale o elogio também para a ótima química entre Gosling e McAdams como Noah e Allie, além da de Garner e Rowlands como os velhinhos no hospital, cuja identidade é óbvia desde o princípio e o roteiro também não tenta esconder muito. Só nisso o filme já ganha uma vantagem enorme quando comparado a outras produções que usam um livro de Sparks como base para sua trama. É uma pena, no entanto, que o diretor Nick Cassavetes por vezes sinta a necessidade de investir num sentimentalismo manipulador para levar o público às lágrimas, não deixando o filme e os personagens alcançarem isso sozinhos. É um pecadilho que incomoda, mas ao menos não chega a impedir este de ser um belo romance. – por Thomás Boeira

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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