Ah, contos de fadas. Quem nunca ouviu uma boa história do gênero antes de dormir não pode ter tido a melhor infância do mundo. Mundos de magia, cavaleiros, princesas, monstros, bruxas e outros seres fantásticos fazem parte destas narrativas que são cravadas na imaginação de todos. O cinema, é claro, realiza a todo instante. Porém, se as animações (especialmente da Disney) são mais conhecidas por sua fidelidade às obras, os filmes em live action adaptam os contos de diversas formas. Com a estreia da versão francesa de A Bela e a Fera, estrelada por Vincent Cassel e Léa Seydoux, é claro que a equipe do Papo de Cinema não ia deixar passar a oportunidade de lembrar os dez melhores filmes do gênero, que voltou com tudo na última década. Será que a adaptação de seu conto favorito está aqui? Confira!

 

O Mágico de Oz (The Wizard of Oz, 1939)
Somewhere over the rainbow…” Não teria como abrir o top desta semana de outra maneira. A história de Dorothy e seus companheiros Espantalho, Homem de Lata e Leão Covarde foi a primeira grande adaptação live action de um clássico infantil para as telas do cinema. Judy Garland imortalizou sua persona como a pequena garota que vive uma vida preto e branco no Kansas e é tragada para o mundo colorido e de estradas de tijolos amarelos. Mas como voltar para casa? Com ajuda dos novos amigos, ela vai em busca do mágico do título, que talvez nem tenha tanto poder assim para ajudá-la. Ou melhor, tem, mas não da forma que a nossa adorável protagonista imagina. É claro que a velha Bruxa Má do Oeste vai fazer de tudo para atrapalhar esta busca. Este belíssimo filme indicado a seis Oscar e vencedor de dois prêmios (Canção e Trilha Sonora) traz uma apurada e ainda invejável direção de arte que, mesmo sem efeitos especiais como os de hoje, é de uma grandiosidade e beleza sem tamanhos. Acrescente uma boa pitada de drama, comédia, boas atuações e uma fidelidade sem igual à obra de L. Frank Baum e, realmente, viaje além do arco-íris. Mesmo 75 anos depois, a magia continua irresistível. – por Matheus Bonez

 

Hook: A Volta do Capitão Gancho (Hook, 1991)
Perto das produções comandadas por Steven Spielberg, Hook: A Volta do Capitão Gancho pode até não ter espaço privilegiado na lista dos principais ou dos melhores. Visto hoje, é um esforço ora competente, ora desastrado por parte do realizador e de seu elenco. Mas aos olhos de uma criança – e os trintões atuais puderam assisti-lo nesta fase, incluso este que vos escreve – é uma aventura digna, cheia de magia, batalhas e o encanto que só Spielberg consegue proporcionar. A ideia original é ótima. O que aconteceria se o eterno menino mais famoso dos contos de fada finalmente crescesse? Ele esqueceria quem foi? Daria um adeus à Terra do Nunca? Neste cenário conhecemos Peter (o já saudoso Robin Williams), chefe de família que nunca tem tempo para os filhos, ocupado demais com as contas de sua firma de advocacia. Quando o vingativo Capitão Gancho (Dustin Hoffman, o melhor do elenco) retorna para raptar os filhotes de seu arqui-inimigo, Peter terá de redescobrir como voar, como lutar e, basicamente, se transformar novamente no Pan de outrora. A temática paterna tão cara a Spielberg aparece aqui embalada com a música inesquecível de John Williams, bons efeitos visuais e uma ótima direção de arte. Conto de fadas revisitado bem antes da moda atual. – por Rodrigo de Oliveira

 

Para Sempre Cinderela (Ever After: A Cinderella Story, 1998)
A febre de fazer filmes live action com contos de fada parece ter vindo para ficar, especialmente embalada por fenômenos pop como a série televisiva Once Upon a Time. Só que muito antes de a computação gráfica permitir que diretores transbordassem a tela com efeitos para recriar mundos mágicos, Andy Tennant comandou a equipe que daria vida ao inesquecível Para Sempre Cinderela. Misturando toques espertos de realidade – como a amizade entre a protagonista e o próprio Leonardo da Vinci – com a magia que só os contos de fadas podem ter, o filme pode ser considerado um marco no sentido de que, depois dele, fazer contos de fada live action ganhou outra cara. A “pantera” Drew Barrymore deu a Cinderela a força – e habilidade com espadas – que lhe faltam no conto original, enquanto Anjelica Huston fez a madrasta mais diva e insuportável de todos os tempos. Tendo embalado muitas tardes preguiçosas na TV, o filme é obrigatório quando o assunto são os contos de fada. – por Dimas Tadeu

 

Peter Pan (2003)
Com bons efeitos visuais e um design de produção belíssimo, este longa dirigido por P.J. Hogan – mais conhecido por suas comédias de temas femininos – encanta com suas intensas cores e faz jus a visão de encanto juvenil que J.M. Barrie pretendia incutir com sua obra. Peter Pan ainda traz encarnações dos personagens já conhecidos do público por atores como Jason Isaacs, que vive um Capitão Gancho divertido e maléfico em níveis equilibrados. A trilha empolgante de James Newton Howard ajuda na condução de um filme que conta com uma montagem também de Michael Khan, montador de confiança do próprio Steven Spielberg. O então garoto Jeremy Sumpter é um tanto verde em sua atuação – com o perdão do trocadilho – como protagonista do título, e sua companheira de cena, Rachel Hurd Wood, como Wendy, não fica muito atrás. Apesar deles, é bom ver que o filme funciona, em uma narrativa bastante bobinha, é verdade, mas não menos adorável por isso. A história de Barrie e sua complexa psicologia sobre o nunca crescer continua lá e sempre será muito interessante, ainda mais quando pintada com tão belas cores. – por Yuri Correa

 

O Labirinto do Fauno (El Laberinto del Fauno, 2006)
Uma jovem garota chamada Ofelia vive entre criaturas míticas em suas férteis fantasias enquanto se esconde da realidade muito mais terrível enfrentada pela Espanha fascista de 1944. Ao lado da mãe doente, um padrasto maléfico e uma cozinheira carinhosa, ela encontra sua terra do nunca ao conhecer o ancião Pan, que a desafia com três tarefas que, uma vez superadas, permitirão que ela possa conhecer seu real destino como princesa do submundo. O Labirinto do Fauno permanece como a obra-prima de Guillermo del Toro: uma macabra e visualmente impressionante fábula para adultos que reúne fantasia e drama de forma sombria em um dos mais impressionantes filmes deste século. Com passagens viscerais, surreais e surpreendentemente assustadoras, a produção espanhola é icônica e inesquecível a partir de seus personagens fantásticos, com destaque para o Homem Pálido e a tensa sequência do banquete protagonizada por ele. Um filme de horror e maravilhas, repleto de ambiguidades e metáforas, que se vale dos artifícios mais clássicos dos contos de fadas numa narrativa preciosa. Com uma fotografia excepcional de Guillermo Navarro, o filme venceu este Oscar e também os de direção de arte e maquiagem, além de receber uma indicação como melhor filme estrangeiro.  – por Conrado Heoli

 

Encantada (Enchanted, 2007)
Misturando o universo animado dos contos de fada com o mundo real de carne e osso, Encantada conta a história da princesa Giselle (Amy Adams), que é banida de seu reino mágico de Andalasia pela Rainha Narissa (Susan Sarandon). Enviada para Manhattan, Giselle causa grande alvoroço na vida Robert (Patrick Dempsey) com seus modos incomuns para aquela realidade. Esse choque de universos é uma das grandes sacadas do filme dirigido por Kevin Lima, dando a oportunidade para que a história brinque com os costumes de cada mundo. Nisso, o roteiro dá toques de paródia e homenagem muito interessantes e surpreendentes à produção, que ainda é embalada por uma trilha contagiante, cheia de belas canções. Além disso, Amy Adams surge absolutamente adorável como Giselle, sendo que sua atuação irreverente é essencial, criando um belo contraste com o jeito sério e eficiente de Patrick Dempsey como Robert, ao passo que Susan Sarandon cria uma ótima vilã em Narissa. Dessa forma, Encantada se estabelece como um filme divertidíssimo e que faz jus às melhores produções da Disney. – por Thomás Boeira

 

Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, 2010)
A história era clássica, o estúdio é o mais tradicional do gênero… mas e seu realizador? Conseguiria Tim Burton andar dentro de parâmetros pré-estabelecidos e entregar exatamente o que todos esperavam? Certamente, não! Aliás, talvez tenha sido justamente por isso que o diretor de Batman (1989) e A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005), dois títulos que também promoviam releituras de argumentos há muito conhecidos porém sob uma visão completamente inovadora, tenha sido chamado para revigorar o conto de fadas a respeito de uma menina que, ao seguir um coelho apressado de olho no relógio, vai parar em um mundo completamente ao avesso, em que gatos sorridentes desaparecem no ar, Rainhas de Copas gritam à plenos pulmões ordens e desordens e Chapeleiros Malucos esperam ansiosamente pela hora do chá. A Alice de Burton, no entanto, já está crescida, e talvez a chave para o mistério que hoje se encontra esteja perdida no seu próprio passado, e será somente ao olhar para si mesma que encontrará o caminho para ser a mulher que quer ser amanhã. Uma lição, aliás, válida para qualquer um de nós. – por Robledo Milani

 

Robin Hood (2010)
Robin Hood é um mítico herói inglês, conhecido por “roubar dos ricos para dar aos pobres”. São muitos os filmes que retratam esse benfeitor contemporâneo do Rei Ricardo Coração de Leão (até os Trapalhões chegaram a fazer seu tributo a ele), cuja habilidade com arco e flecha é imprescindível para mudar os rumos de um reinado que oprime seus súditos. Em 2010, o prestigiado cineasta Ridley Scott, conhecido, sobretudo, por filmes como Alien: O Oitavo Passageiro (1979) e Blade Runner: O Caçador de Andróides(1982), levou às telas sua visão do personagem, numa produção que inclusive abriu o Festival de Cannes daquele ano. Robin Hood é protagonizado por Russel Crowe e aposta num escopo maior, buscando, inclusive, contextualizar historicamente não apenas a presença de Hood na conjuntura inglesa de então, mas como dotá-lo de um caráter menos romantizado, sem com isso subtrair seu heroísmo e o papel de líder informal dos desvalidos contra os desmandos do monarca e seus asseclas. – por Marcelo Müller

 

Branca de Neve e o Caçador (Snow White and the Huntsman, 2012)
É no mínimo notável a capacidade da sempre inexpressiva Kristen Stewart em dar vida a uma nova Branca de Neve nos cinemas. Longe dos longo vestido vermelho e cabelos bem amarrados pelos passarinhos do conto, a nova Branca é uma versão amazona, muito mais participativa de sua própria história e bem longe de ser uma vítima. Embalada por uma estética medieval com ares de Harry Potter e Senhor dos Anéis, a produção ainda apresenta uma Charlize Theron como a Rainha Má, Ravenna, em uma bela performance muito bem auxiliada por efeitos especiais e cenas em que exaltam a beleza da atriz. Branca de Neve e o Caçador talvez seja a única adaptação live action da história realizada pelos americanos e que ainda vale a pena desfrutar. – por Renato Cabral

 

Malévola (Maleficent, 2014)
A famosa vilã de A Bela Adormecida (1959) sempre cativou pelo mistério que rondava suas origens e motivações para chegar ao ponto de condenar à morte uma recém-nascida. Tal como o Coringa de Heath Ledger em Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008), Malévola parecia ser movida pelo mais puro ímpeto de maldade imparcial, e assim, assustava tanto as crianças com seu visual longilíneo e córneo, como aos adultos que se submetiam a tentar entendê-la também. A história escrita para revelar seu passado então chegou, trazendo Angelina Jolie na pele da antagonista/protagonista. A trama concebida é ótima e funcional, apesar de sofrer nas mãos de um diretor despreparado e ingênuo, e dá a Jolie bastante espaço para brilhar ao lado do belíssimo design de produção. E é o que a atriz faz, retomando os trejeitos antes criados por desenhistas, agora nos seus movimentos graciosos, porém, sempre ameaçadores. Deste modo, o espectador é levado por uma revisão do conto da princesa Aurora do ponto de vista de sua vilã, o que acaba revelando alguns traços inesperados e antes insuspeitos da fábula. – por Yuri Correa

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