Nunca as mulheres estiveram tão em alta – ao menos cinematograficamente falando. Um dos maiores sucessos nacionais deste ano até o momento é S.O.S.: Mulheres ao Mar (2014), com Giovanna Antonelli, enquanto que o filme responsável por desbancar o blockbuster Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014) do topo das bilheterias norte-americanas foi… Mulheres ao Ataque (2014), com Cameron Diaz! E há muitos outros títulos recentes e similares, assim como as estrelas estão cada vez mais em evidência, tanto no cenário hollywoodiano como também aqui no Brasil. Pensando nisso, a equipe de críticos do Papo de Cinema promoveu essa seleção com algumas das melhores comédias femininas – veja bem, algumas delas até possuem um certo ar de romance no ar, mas o foco é muito mais a identidade da mulher como protagonista. Confira – e divirta-se!

 

Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988)
Uma das grandes comédias de Pedro Almodóvar, foi a partir deste filme que ele ganhou maior notoriedade fora da Espanha. A trama é centrada em Pepa (Carmen Maura), atriz apaixonada por Ivan (Fernando Guillén), o amante que lhe deixou sem maiores satisfações. Enquanto busca respostas, muita gente inusitada cruza seu caminho, incluindo a amiga enredada por um desconhecido, o filho de Ivan e sua esposa dominadora, a esposa de Ivan e até a polícia. E tome gaspacho turbinado com soníferos para acalmar os ânimos de todos, sobretudo quando concentrados no apartamento de Pepa, um cenário tipicamente almodovariano, não tanto pela decoração kistch de cores berrantes, mas mais por abrigar um bando de gente conectada por situações absurdas que se sucedem, estas que parecem cotidianas aos personagens e exóticas ao espectador. E quem se destaca são mesmo as mulheres, elas que protagonizam desde o título e que fazem deste um dos trabalhos mais divertidos (senão o mais) de Pedro Almodóvar. – por Marcelo Müller

 

As Patricinhas de Beverly Hills (1995)
Uma das grandes surpresas dos anos 1990, essa comédia não só agradou o público e a crítica, como também teve um forte impacto na cultura pop, servindo de influência para outros filmes que seguiam seu estilo. Escrito e dirigido por Amy Heckerling (que na década anterior havia surpreendido com sua estreia em Picardias Estudantis, de 1982, outro sucesso adolescente, mas com um viés mais adulto), o filme é uma sátira eficiente, repleta de sacadas inspiradas. Além disso, é divertido acompanhar a futilidade dos personagens e suas manias de consumo, todos muito carismáticos, em especial a protagonista, Cher Horowitz (Alicia Silverstone). O bom resultado rendeu uma série de TV e ajudou a alavancar as carreiras de alguns membros de seu ótimo elenco, como Brittany Murphy e Paul Rudd. Além, é claro, da própria Silverstone, que até hoje é lembrada por esse papel. – por Thomás Boeira

 

O Clube das Desquitadas (1996)
Só pelo trio de protagonistas esse delicioso filme já merece uma conferida. Afinal, não é toda hora que podemos nos deparar com Diane Keaton, Goldie Hawn e Bette Midler juntas e no total domínio de suas personagens. Interpretando mulheres que foram trocadas pelos seus maridos por garotas mais jovens – entre elas, uma divertida Sarah Jessica Parker – as três elaboram o plano perfeito para reconquistarem seus postos de direito, mostrando de uma vez por todas que experiência conta, e muito. Indicado ao Oscar pela contagiante trilha sonora – o número musical final é simplesmente impagável – e premiado no National Board of Review como Melhor Elenco (que conta, ainda, com participações especialíssimas de Maggie Smith, Stockard Channing e Marcia Gay Harden), o filme dirigido pelo veterano Hugh Wilson tem como único ponto baixo ter sido, para a maioria dos envolvidos, um verdadeiro ‘canto do cisne’: nunca mais elas estiveram tão bem em cena. Infelizmente! – por Robledo Milani

 

Romy & Michelle (1997)
No final dos anos 1990 era raro encontrar uma comédia feminina que não fosse voltada para o romance, como boa parte dos filmes estrelados por Julia Roberts e Meg Ryan, ou então que não fosse politicamente correta. A situação mudou ao apresentar duas atrizes em ascensão (Mira Sorvino havia recém ganho o Oscar por Poderosa Afrodite, 1995, enquanto que Lisa Kudrow estava em alta como a Phoebe do seriado Friends) no papel das melhores amigas que, após dez anos de formatura no colégio, continuam sem saber o que fazer da vida. Ao receber o convite da reunião com os ex-colegas, a dupla resolve fingir que fez uma carreira de sucesso (impossível não rir quando ambas mentem que inventaram os post-its) e acabam entrando em uma série de situações cômicas e exageradas. Ainda mais com a participação pra lá de engraçada de Janeane Garofalo como a ovelha negra da turma. Entre tantas situações inusitadas, como não lembrar da ridícula (e encantadora) sequência de dança ao som de “Time After Time”, de Cindy Lauper? Este é daqueles filmes que fazem rir até o estômago doer, não importa quantas vezes for revisto. E o melhor: com aquele sutil toque feminino, que só elas conseguem proporcionar. – por Matheus Bonez

 

Miss Simpatia (2000)
Muito antes do Oscar por Um Sonho Possível (2009), Sandra Bullock era uma das rainhas das comédias românticas e filmes de ação. Seus filmes sempre alçavam o topo das bilheterias. Ao realizar este trabalho, a atriz, que já era presença confirmada em produções cômicas, atingiu novos patamares. Como a agente do FBI Gracie Hart, Sandra deixou de lado o ar de boa moça e incorporou uma mulher durona e grosseira que agia com pouca feminilidade (desde palitar os dentes até sua risada como se fosse um grunhido de um porco). A situação fica ainda mais cômica quando a oficial é escolhida para se infiltrar no concurso de Miss EUA e agir como… uma miss! Com Michael Caine ao seu lado como um treinador de modelos, as situações ficam ainda mais divertidas, visto que o britânico tenta a todo momento dar um ar de finesse à sua protegida, rendendo muitas das situações mais engraçadas. Porém, o melhor está justamente em transpor o tom pastelão de filmes essencialmente masculinos para uma personagem que poderia cair apenas no ridículo. Muito pelo contrário. O resultado foram duas indicações ao Globo de Ouro: uma para Canção Original e outra para Sandra, mais divertida do que nunca, para o deleite do público. – por Matheus Bonez

 

Legalmente Loira (2001)
Uma garota vaidosa e aparentemente fútil decide perseguir o ex-namorado na faculdade de direito, onde é aceita e começa a ter aulas junto a um grupo improvável. A princípio se mostrando um clichê ambulante, Elle (Reese Witherspoon), não demora a se dar conta disso, e, ao invés de sofrer uma transição brusca de personalidade, como grande parte das comédias do tipo não hesitariam em fazer, a protagonista passa a usar sua “fraqueza” como principal arma, disfarçando uma inteligência insuspeita por trás da maquiagem, cabelo e roupas perfeitamente arrumados. Elle não trai a pessoa que é, mesmo que até nós, espectadores, fiquemos no começo tentados a dar razão às pessoas que a olham torto. Seus modos superficiais podem até ser frívolos, mas é justamente aí em que reside a maior força deste filme, o que faz de seus personagens carismáticos e do enredo inteligente um pouco mais do que só outra comédia: a lição, por mais básica que seja, é a autenticidade, a identidade única de cada um, mesmo que esta esteja vestida de uma maneira que achemos absurda. – por Yuri Correa

 

Meninas Malvadas (2004)
No ano em que completa seu décimo aniversário de lançamento, esse verdadeiro clássico das comédias femininas adolescentes não poderia ficar de fora. Pouca gente sabe, mas o filme, que é conhecido por ter lançado Lindsay Lohan ao grande público, foi baseado num livro de auto-ajuda, “Queen Bees and Wannabees“. Derivado de um estudo acadêmico para a tese de doutorado da autora, Rosalind Wiseman, a obra estuda o comportamento de garotas em “high schools” americanas e as separam em dois grupos: as queen bees (“abelhas rainhas”, o grupo de Regina George, no filme) e as Wannabees (“aspirantes”, o grupo de Cady). A sempre genial Tina Fey, que está no filme como a professora, soube adaptar esse livro “teórico” pra um roteiro e fazer surgir este longa que, consciente ou inconscientemente, inspira fenômenos da cultura pop até hoje, como o seriado Glee. Divertido, inteligente e ácido, explora como poucos e com humor sagaz a adolescência vivida nos anos 2000. – por Dimas Tadeu

 

De Pernas pro Ar (2010)
Ingrid Guimarães entra em cena como a executiva Alice, uma mulher que não tem tempo algum para o marido e o filho. Depois de uma confusão no trabalho, é demitida e, ainda por cima, surpreendida pelo esposo, que pede um tempo na relação. Perdida, Alice acaba conhecendo sua vizinha, a extrovertida Marcela (Maria Paula), que lhe apresenta um novo mundo: o das sex shops. As duas se tornam sócias nos negócios e as confusões surgem daí. É verdade que o começo não é dos mais promissores, com Guimarães não convencendo como uma executiva séria e focada. Mas o filme cresce bastante quando ela passa a frequentar a sex shop da vizinha, de onde surgem as melhores gags da trama. A cena com a calcinha musical é engraçadíssima, graças ao talento da protagonista para a comédia física. E se Maria Paula está longe de ser uma atriz completa, ao menos consegue convencer no papel que lhe é proposto. Lembrando em alguns momentos a tradicional comédia espanhola, pelo ritmo frenético de algumas situações, gerou uma continuação de grande sucesso em 2012, mas que não conseguiu repetir o êxito cômico do original. – por Rodrigo de Oliveira

 

A Mentira (2010)
Provavelmente você já deve ter lido ou visto essa história em algum lugar. Olive (a linda, fofa, apaixonante Emma Stone), uma garota comum que não chama atenção de ninguém na escola, conta uma pequena mentira que acaba tomando proporções assustadoras. Mas, afinal, o que ela disse? Uma estratégia comum para reverter sua impopularidade: espalhou a notícia que havia perdido a virgindade com um universitário. Assim, ela se torna o objeto de desejo dos garotos e de ódio das garotas. E para isso conta com a “ajuda” da “santinha” Marianne (Amanda Bynes), que trata de propagar e potencializar a história. Ao fugir do padrão das comédias femininas, consegue renovar as tradicionais características de uma trama escolar, entregando algo divertido e competente. Emma Stone brilha e arrebata o público. Mesclando inocência, charme e certo nível (raso, é bom deixar claro) de imoralidade tão característico da adolescência, constrói uma heroína particular que se distancia dos estereótipos do gênero – como os filmes da própria Bynes, colega de elenco, por exemplo. É impossível não fazer um paralelo com Namorada de Aluguel (1987) quando os dois protagonistas se esforçam para parecer o que não são, para, então, perceber o quão irrelevante isso é. – por Eduardo Dorneles

 

Missão Madrinha de Casamento (2011)
Em resposta para a demanda de uma comédia adulta protagonizada por mulheres, Paul Feig e Judd Apatow não poderiam entregar um resultado melhor. A dupla, responsável por uma série de produções que retratam as estranhezas e dificuldades em se tornar e permanecer adulto, apresentou aqui ainda mais. Brilhantemente protagonizado por Kristen Wiig, que co-roteirizou o filme com sua amiga Annie Mumolo, esta comédia tem entre seus muitos méritos a representação nada caricata da mulher contemporânea e alguns de seus múltiplos dilemas, como a luta pela independência e as dificuldades em ser compreendida e levada a sério pelo sexo oposto – e muitas vezes pelo mesmo sexo. Numa inspirada composição, Wiig apresenta as múltiplas faces de uma personagem que parece estar fadada às desventuras em série que a perseguem. Ao seu lado estão todas as madrinhas – e a noiva – nas atuações memoráveis de Rose Byrne, Melissa McCarthy, Ellie Kemper, Wendi McLendon-Covey e Maya Rudolph. Entre suas lições, este filme demonstra o perigo em misturar calmantes com whisky, a importância em preparar discursos previamente e os benefícios de atingir o fundo do poço. Ensinamentos preciosos de uma deliciosa e incorreta comédia que continua afiada a cada revisita. – por Conrado Heoli

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