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O cinemão norte-americano conta com um número excepcionalmente maior de filmes com roteiros adaptados do que resultantes de histórias originais, o que torna esta categoria sempre badalada (ou, ao menos, mais concorrida) em relação àquela dedicada aos textos inéditos. O que deixa este ano particularmente interessante é a transição de Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016), que acaba de vencer o Writers Guild Award (WGA) na categoria reservada para originais e que no Oscar figura como adaptação. A mudança foi uma escolha da Academia, que decidiu considerar a inspiração de Barry Jenkins numa peça nunca montada de Tarell Alvin McCraney. Essa alteração colocou Moonlight na dianteira da corrida, não o fazendo bater de frente com outro favorito: La La Land: Cantando Estações (2016).

Este é um ano um tanto quanto previsível na categoria de Melhor Roteiro Adaptado, porém se tem um filme que pode fazer o jogo virar é A Chegada (2016). O roteiro de Eric Heisserer venceu incontáveis prêmios, como o próprio WGA de roteiro adaptado e também as láureas das associações de críticos de San Francisco e Washington. Ao seu lado, mas com menos chances, estão Estrelas Além do Tempo (2016), de Allison Schroeder e Theodore Melfi, Um Limite Entre Nós (2016), de August Wilson, e Lion: Uma Jornada para Casa (2016), de Luke Davis, considerado inelegível pelo WGA. Vamos às nossas apostas!

 

 

FAVORITO/TORCIDA: Barry Jenkins e Tarell Alvin McCraney, por Moonlight: Sob a Luz do Luar
Baseado numa peça teatral nunca levada aos palcos, intitulada In Moonlight Black Boys Look Blue, Moonlight: Sob a Luz do Luar tem tudo o que agrada a Academia – ainda mais no ano posterior ao movimento #oscarsowhite. Uma história em três atos sobre um garoto negro, sua infância, adolescência e o início da vida adulta, períodos marcados por dilemas existenciais e afetivos, como a relação com a mãe e a própria sexualidade. Deve fazer história, repetindo o feito de O Segredo de Brokeback Mountain (2005), por desmitificar e sensibilizar a masculinidade de um grupo geralmente retratado nos cinemas em rasos estereótipos.

 

AZARÃO: Eric Heisserer, por A Chegada
Antes o preferido, A Chegada  pode ter encontrado concorrência com as mudanças na categoria, mas ainda tem chances de levar o Oscar para casa. O roteiro de Eric Heisserer adapta o complexo conto de Ted Chiang, A História da Sua Vida, aqui traduzido numa narrativa intrigante que reúne ficção, drama intimista e teorias científicas com originalidade. A aplicabilidade da teoria linguística conhecida como a hipótese de Sapir-Whorf pode não ser lá muito plausível, mas sua abordagem no longa de Denis Villeneuve é singularmente genial.

 

ESQUECIDO: Tom Ford, por Animais Noturnos
Baseado no livro Tony and Susan, de Austin Wright, Animais Noturnos (2016) concorre ao WGA e sua indicação ao Oscar era certa, não fosse… a mudança de Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016) à categoria de roteiros adaptados. Ainda assim, o filme de Tom Ford poderia facilmente ocupar a vaga do superestimado Lion: Uma Jornada Para Casa, que não apresenta nada de novo ou algum valor narrativo para uma adaptação. Outro roteiro esperado e que acabou ficando de fora foi o de Deadpool (2016), escrito por Rhett Reese e Paul Wernick, baseado nos quadrinhos da Marvel. Não foi desta vez para o mercenário falastrão ou para os ‘animais’ de Tom Ford.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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