Sydney Pollack nasceu em 1º de julho de 1934, em Lafayette, Indiana. Membro de uma família de judeus imigrantes da Ucrânia, seus pais eram Rebecca e David Pollack, ela uma pianista e cantora alcóolatra com problemas emocionais que faleceu cedo, aos 37 anos, e ele um lutador de boxe semiprofissional e farmacêutico.

Ainda que mantivesse planos de estudar Medicina após a escola, Sydney trocou a Indiana por Nova York para estudar atuação na consagrada Neighborhood Playhouse, onde foi pupilo de Sanford Meisner, importante pesquisador e professor para atores. Entre as aulas de atuação, trabalhou numa madeireira para se manter na Big Apple até 1954, quando se juntou ao serviço militar e só retornou para os palcos em 1958, a convide do próprio Meisner.

No início dos anos 1960, quando já havia arriscado seus primeiros papeis na televisão, a convite de seu amigo John Frankenheimer decidiu migrar para Los Angeles e expandir suas possibilidades artísticas. Recém-casado com a atriz Claire Griswold (com quem teve três filhos; Rebecca, Rachel e Steven), Pollack pode dirigir quatro episódios da série de faroeste Shotgun Slade e passou a transitar entre a direção e a atuação de programas televisivos como Além da Imaginação e Alfred Hitchcock Presents.

Já bastante envolvido com a produção televisiva, ganhou prestígio suficiente para realizar seu primeiro longa-metragem, Uma Vida em Suspense (1965), protagonizado por Sidney Poitier e Anne Bancroft. Com algum sucesso, o envolvente drama foi indicado a dois Oscars em categorias artísticas (Direção de Arte e Figurino), e agregou ainda mais mérito para o nome de Pollack, que logo na sequência assinou o romance Esta Mulher é Proibida (1966), primeiro de sete filmes do diretor com Robert Redford como protagonista. Outro crédito curioso sobre o filme é que entre os três roteiristas destaca-se o nome de Francis Ford Coppola.

Depois de duas investidas em aventuras bem-humoradas e despretensiosas por meio dos filmes Revanche Selvagem (1968) e A Defesa do Castelo (1969), Pollack recebeu sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Diretor pelo filme A Noite dos Desesperados (1969), drama sobre uma cruel e desumana maratona de dança situada na época da depressão norte-americana. O excepcional filme é protagonizado por Jane Fonda e rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante para Gig Young.

Depois de um pequeno hiato, seu trabalho seguinte foi Mais Forte Que a Vingança (1972), cultuado western que coloca Robert Redford na pele de um ermitão que se torna objeto de vingança de índios norte-americanos. Com Nosso Amor de Ontem (1973), o cineasta foi eclipsado pela força de seus protagonistas: além de Redford, desta vez ele dirigiu Barbra Streisand em seus anos de ouro. Operação Yakuza (1974), Três Dias do Condor (1975) e Um Momento, Uma Vida (1977) são obras de pouca relevância entre os créditos do diretor, sublimadas talvez pelos seus dois trabalhos subsequentes: O Cavaleiro Elétrico (1979) e Ausência de Malícia (1981), este último protagonizado por Paul Newman e Sally Field e indicado a três Oscars.

O maior sucesso da carreira de Sydney Pollack foi lançado no início dos anos 1980: em Tootsie (1982), ele dirigiu, produziu e atuou na comédia estrelada por Dustin Hoffman, que interpreta um ator masculino que só atinge sucesso disfarçado como mulher. Ainda que sua relação profissional com Hoffman tenha ficado marcada por polêmicas de bastidores, a interação entre ambos nas telas é excelente e munida da tensão necessária que seus papeis exigiam. Êxito também nas bilheterias, o filme arrecadou quase US$ 200 milhões em ingressos vendidos.

Os trabalhos seguintes de Pollack como diretor foram lançados entre hiatos de alguns anos e, depois de Tootsie, ele apareceu no cinema mais vezes como ator do que no comando de alguma produção. Ainda assim, seu romance épico Entre Dois Amores (1986) é a quintessência de sua filmografia; protagonizado novamente por Robert Redford e com uma performance marcante de Meryl Streep, o cineasta finalmente venceu seus aguardados Oscars de Melhor Diretor e Melhor Filme, numa trama melancólica sobre um aventureiro inglês que se apaixona por uma rica dinamarquesa nas paisagens naturais do Quênia.

Nos anos 1990, Pollack voltaria a escalar Redford como protagonista em Havana (1990), drama de guerra ambientado na Cuba de 1958. Na sequência, adaptou o escritor John Grisham em A Firma (1993), estrelado por Tom Cruise, e filmou o remake de uma das personagens mais icônicas de Billy Wilder e Audrey HepburnSabrina (1995), desta vez na pele de Julia Ormond com Harrison Ford como interesse romântico. Ford trabalhou novamente com o cineasta em Destinos Cruzados (1999), penúltimo filme de Pollack que não atingiu qualquer êxito, seja de bilheteria, crítica ou prêmios, amargando uma das poucas decepções do diretor.

Seu último filme como diretor foi A Intérprete (2005), thriller político que coloca Sean Penn como um agente designado a investigar uma intérprete, vivida por Nicole Kidman, envolvida numa trama de assassinato. Os créditos de produção de Sydney Pollack também merecem destaque. Entre seus últimos trabalhos, ele produziu Susie e os Baker Boys (1989), Lances Inocentes (1993), O Talentoso Ripley (1999), Cold Mountain (2003), Conduta de Risco (2007) e O Leitor (2008), estes dois últimos que lhe renderam mais duas indicações ao Oscar.

Pollack faleceu devido a um câncer de origem desconhecida em 26 de maio de 2008, em sua casa em Los Angeles.

Filme imprescindível: Entre Dois Amores (1986);

Primeiro filme: Como ator, Obsessão em Matar (1962), e como diretor, Uma Vida em Suspense (1965). No entanto, no início dos anos 1960 o multifacetado Pollack já possuía diversos outros créditos na televisão como ator e diretor;

Último filme: A Intérprete (2005) na cadeira de direção, porém Pollack seguiu atuando até a comédia romântica O Melhor Amigo da Noiva (2008);

Guilty pleasure: O supracitado O Melhor amigo da Noiva, comédia romântica bobinha, mas simpática;

Clássico esquecido: A Noite dos Desesperados (1969), na época foi indicado a 9 Oscars e conta com uma inspirada performance de Jane Fonda;

Oscar: Foi indicado sete vezes e venceu como Melhor Diretor em Entre Dois Amores (1986), pelo qual também arrebatou o Oscar de Melhor Filme, por ser um dos produtores;

Frase inesquecível: “Filmes são como filhos, dedos do pé ou da mão… É difícil demais escolher os favoritos”.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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