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2016 não foi fácil… A quantidade de talentos de astros, estrelas e realizadores que se foram no decorrer dos últimos doze meses foi suficiente para deixar qualquer cinéfilo arrasado. Tanto que, aqui no Papo de Cinema, ao invés do nosso tradicional In Memoriam Especial, com as dez partidas que mais lamentamos no ano, foi necessário dessa vez a elaboração de três artigos, um apenas com os Grandes Cineastas, outro somente com os Artistas Brasileiros e esse aqui, com os Grandes Nomes que já deixam imensas saudades em todos os seus inúmeros admiradores. Outra mudança de última hora foi que, ao invés dos costumeiros 10 nomes em destaque, fomos obrigados – muito à contragosto, é verdade – a incluir mais duas perdas incalculáveis: as atrizes Carrie Fisher e Debbie Reynolds, filha e mãe, que se foram no intervalo de um dia, na última semana do ano. Um dor terrível, que também sentimos em tentamos amenizar, ao menos, com essa singela homenagem. E não pense que outros tantos, como o astro George Michael, foram esquecidos: se ficaram se fora dessa nossa lista final, é porque nosso foco foi incluir apenas aqueles ligados diretamente ao mundo da sétima arte. E que descansem em paz, nas memórias e nas telas.

 

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DAVID BOWIE (08/01/1947 – 10/01/2016)
Um ano que inicia com a morte de um artista como David Bowie não poderia ser dos melhores. Ele era um verdadeiro camaleão, multitalentoso, tendo concebido uma obra musical das mais variadas e um gosto por interpretar personagens que fugissem do lugar comum no cinema. Ele foi o alienígena Thomas Jerome Newton em O Homem que Caiu na Terra (1976), o vampiro taciturno de Fome de Viver (1983), o Rei Duende no divertido Labirinto (1986), o artista plástico Andy Warhol em Basquiat (1996). Sejam papéis de protagonista, ou apenas pontas de luxo, David Bowie sempre deixou sua marca por onde passava. Trabalhou com diretores do calibre de Martin Scorsese, David Lynch e Christopher Nolan em produções de quilate. Mas também mostrava que não se levava necessariamente a sério, com pontas em Zoolander (2001) e como dublador em telefilme do Bob Esponja (2007). Embora sua carreira no cinema não seja comparável à genialidade de seus discos, a presença de Bowie em qualquer produção dava a ela um requinte que poucos artistas conseguiam transmitir. Uma excentricidade e atitude que o acompanharam do primeiro até seu último papel nas telonas – e, da mesma forma, em seus clipes altamente cinematográficos. – por Rodrigo de Oliveira

 

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ALAN RICKMAN (21/02/1946 – 14/01/2016)
Quem assiste a saga Harry Potter e se impressiona com a presença do professor Severo Snape mal pode imaginar que o sucesso de Alan Rickman foi descoberto tardiamente. Antes dos 30 anos, ele era o dono de uma empresa de design e sonhava em ser ator. Já balzaquiano, se formou em teatro. Aos 40, foi indicado ao Tony pelo seu papel do Visconde de Valmont na adaptação de Ligações Perigosas. Não foi convidado para reprisar o personagem no filme de 1988 de Stephen Frears, mas tanto talento acabou chamando a atenção de outros produtores. O resultado? Primeiro papel no cinema já como o clássico vilão Hans Gruber de Duro de Matar (1988). Dali em diante sua carreira decolou, estrelando filmes como Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões (1991), Razão e Sensibilidade (1995) – este, inclusive, ao lado da amiga Emma Thompson – e até mostrando seu afiado lado cômico na comédia espacial Heróis Fora de Órbita (1999). Na TV, recebeu o Emmy e o Globo de Ouro por sua interpretação no telefilme Rasputin (1996). Nunca foi indicado ao Oscar, o que muitos consideram injusto. Infelizmente, o britânico deixou as telas, os palcos e milhões de fãs em janeiro deste ano após uma incansável batalha contra o câncer. – por Matheus Bonez

 

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GEORGE KENNEDY (18/02/1925 – 28/02/2016)
O físico avantajado e o rosto fechado lhe valeram a fama de durão, mas George Kennedy, curiosamente, acabou se tornando reconhecido para toda uma geração como o parceiro bonachão do atrapalhado policial interpretado por Leslie Nielsen na trilogia Corra que a Polícia vem Aí (1988/1991/1994). Muito antes disso, no entanto, já estava na atividade, e respeitado por seus pares. Tanto que levou para casa a cobiçada estatueta dourada concedida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood em sua única indicação ao Oscar, pelo papel do severo carcereiro que atormenta a vida do prisioneiro vivido por Paul Newman em Rebeldia Indomável (1967). Filmes como Os Doze Condenados (1967), Aeroporto (1970) – pelo qual foi indicado ao Globo de Ouro – e Terremoto (1974) foram outros sucessos de sua carreira. Casado quatro vezes e pai de quatro filhos naturais e de outros quatro adotados, Kennedy – sem parentesco com o famoso presidente, no entanto – ficou caracterizado como um homem forte, porém de enorme coração. Sua última aparição nas telas foi no thriller O Apostador (2014), ao lado de Mark Wahlberg e Jessica Lange, até falecer, já viúvo, aos 91 anos, de causas naturais, em sua própria casa, ao lado dos filhos e amigos. – por Robledo Milani

 

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PATTY DUKE (14/121946 – 29/03/2016)
Patty Duke foi uma das mais fulgurantes revelações da história de Hollywood. Isso porque, com apenas 16 anos, se tornou a pessoa mais jovem de todos os tempos a ganhar um Oscar, como Atriz Coadjuvante no drama O Milagre de Anne Sullivan (1962). O papel, aliás, lhe era familiar, pois havia dois anos que interpretava a surda-muda Helen Keller nos palcos da Broadway. O sucesso foi tamanho que, apenas um ano depois, já estrelava na televisão o programa The Patty Duke Show (1963). Ao aparecer em Uma Lourinha Adorável (1965), mais um recorde: a popularidade de sua personagem foi tão grande que este se tornou o primeiro longa a ser vendido para uma rede de televisão. Outro destaque foi Uma Garota Avançada (1969), que lhe valeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia ou Musical. Em 1979, ao aparecer na versão televisiva de O Milagre de Anne Sullivan (desta vez como a própria Annie Sullivan), ganhou seu terceiro Emmy. Mãe do também ator Sean Astin, Duke lutou por causas como o combate à AIDS e o desarmamento nuclear, mesmo tendo sido diagnosticada como maníaco-depressiva. Uma estrela que brilhou forte, a despeito de todas as adversidades que enfrentou, até falecer, aos 69 anos. – por Robledo Milani

 

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CHUS LAMPREAVE (11/12/1930 – 04/04/2016)
O cineasta Pedro Almodóvar tem grandes colaboradoras, nomes imediatamente associados ao seu em virtude do sucesso de parcerias que, não raro, se repetiram com ainda mais êxito. Mas, talvez, nenhuma das chamadas “chicas de Almodóvar” seja tão admirada pelos fãs do espanhol quanto Chus Lampreave, atriz que infelizmente faleceu neste ano. Diferentemente de Marisa Paredes, Carmen Maura e mesmo das mais jovens, como Penélope Cruz, Chus sempre ficou com papeis secundários nos filmes de Almodóvar (10 juntos, no total). Todavia, foi mais que suficiente. Seja interpretando uma freira que escreve livros de amor sob pseudônimo (em Maus Hábitos, 1983) ou como uma impagável porteira (em Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos, 1988), ela atraiu as atenções para si, com um jeito muito particular que mesclava terna ranzinzisse e uma ingenuidade cativante. Mas se engana quem acredita que esta madrilena brilhou apenas sob a égide de Almodóvar. Além da carreira na televisão, nos seus mais de 40 filmes ela trabalhou com outros diretores de peso, tais como Marco Ferreri, Luis Garcia Berlanga e Fernando Trueba, para citar apenas três. A perda da voz aguda e dos olhos expressivos de Chus deixaram o cinema espanhol, sem dúvida, bem mais triste. – por Marcelo Müller

 

Prince Performs At The Conga Room L.A. Live

PRINCE (07/06/1958 – 21/04/2016)
Prince Roger Nelson, mais conhecido apenas como Prince – e durante determinado período como um símbolo impronunciável – foi um artista múltiplo, embora obviamente mais reconhecido por sua brilhante carreira musical. Além de protagonizar o hoje cultuado Purple Rain (1984), longa-metragem homônimo de uma de suas composições mais famosas, ele recebeu o Oscar de Melhor Trilha Sonora Original justamente por composições como essa música cujo refrão repete seu título, emoldurada que é pelo som de uma guitarra inconfundível. O Globo de Ouro, outra premiação estadunidense importante, ele levou para casa por “The Song of the Heart“, que toca em Happy Feet (2006). Mas nem só de êxitos vive a incursão de Prince pelo cinema. Ele recebeu nada menos que dez indicações ao famigerado prêmio Framboesa de Ouro, ganhando três deles. Chegou, inclusive, a participar da eleição para Pior Ator do Século. Mas, convenhamos, nada disso importa muito, até porque mesmo longe de seu habitat (a música), Prince mostrava uma inclinação quase instintiva à arte, seja ela de que natureza fosse. Talvez, se investisse mais nas telonas, como bem fez David Bowie, também falecido em 2016, poderia ter apresentado uma carreira cinematográfica ao menos minimamente próxima da sua equivalente nos palcos. – por Marcelo Müller

 

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ANTON YELCHIN (11/03/1989 – 19/06/2016)
Esta foi, certamente, uma das perdas mais trágicas do cinema em 2016, tanto pela pouca idade do ator – apenas 27 anos – quanto pelas circunstâncias acidentais que levaram à sua morte. Nascido na antiga União Soviética, mas criado nos Estados Unidos, Anton Yelchin começou a atuar ainda na infância, fazendo pontas em séries de TV e filmes pequenos, e, ao longo de sua carreira, construiu uma filmografia com quase 70 títulos. Foi apenas em 2009, entretanto, que o ator conquistou o grande público, encarnando Pavel Chekov em Star Trek, reboot de Jornada nas Estrelas. Com a bênção de Walter Koenig (o Chekov original), Yelchin fez do jovem tripulante da Enterprise uma das figuras mais carismáticas da franquia e virou queridinho dos fãs. Além de continuar na pele do personagem nos dois filmes seguintes, estrelou a refilmagem de A Hora do Espanto (2011), formou par romântico com Felicity Jones em Loucamente Apaixonados (2011), interpretou o rapaz doce que desafia a misantropia do vampiro Adam (Tom Hiddleston) em Amantes Eternos (2013) e participou do ótimo Sala Verde (2016), lançado após sua morte. Talentoso, carismático e versátil, Yelchin tinha uma carreira brilhante pela frente. É uma pena que tenha nos deixado tão cedo. – por Marina Paulista

 

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BUD SPENCER (31/10/1929 – 27/06/2016)
Ele nasceu Carlo Pedersoli, mas os fãs e o cinema de gênero italiano sempre irão lembrá-lo como Bud Spencer. Seu pseudônimo, ao ser estampado ao lado do nome do companheiro de cena e amigo Terence Hill, era garantia de sessões lotadas. O ator, que iniciou sua carreira no ciclo dos peplum do cinema italiano, conheceu a fama após dar vida a vários personagens rabugentos e bons de briga em produções do chamado spaghetti western, outro ciclo que rendeu boa bilheteria para a indústria cinematográfica italiana e fez grande sucesso nos Estados Unidos e também no Brasil. Além da série de filmes do personagem Trinity, do qual ele era o antagonista preferido, Spencer também marcou a infância de muita gente no papel-título de Banana Joe (1982), um dos clássicos da saudosa Sessão da Tarde. Atleta olímpico na juventude, ele manteve o porte para garantir as gargalhadas do público com seus famosos socos coreografados e que ganhavam ainda mais graça com o auxílio dos efeitos sonoros. Spencer trabalhou com nomes importantes do período, como Sergio Corbucci e Ruggero Deodato, mas a parceria mais duradoura foi com Enzo Barboni, tanto dentro da série Trinity como em outras produções. – por Bianca Zasso

 

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GENE WILDER (11/06/1933 – 29/08/2016)
Mesmo afastado das telas por mais de uma década até sua morte, Gene Wilder nunca abandonou seu posto entre os melhores comediantes da história. Vindo dos palcos, estreou no cinema com um pequeno papel em Bonnie e Clyde (1967), alcançando o estrelato já no ano seguinte, ao interpretar Leo Bloom em Primavera Para Hitler, que revelou seus dotes humorísticos e lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Ator Coadjuvante, iniciando uma parceria de sucesso com o diretor Mel Brooks. Juntos fariam outras pérolas, como Banzé no Oeste (1974) e O Jovem Frankenstein (1974), pelo qual foi indicado pela Academia ao prêmio de Roteiro Adaptado. Considerado um mestre da “pausa cômica”, e dono de um estilo que trafegava entre o cinismo e a histeria, Wilder também se notabilizou pelas colaborações com Richard Pryor, como Cegos, Surdos e Loucos (1989). Arriscou-se ainda na direção, em produções como A Dama de Vermelho (1984), além de protagonizar um inesquecível episódio de Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo E Tinha Medo de Perguntar (1972), de Woody Allen. Mas foi mesmo sua magnífica atuação como o excêntrico Willy Wonka em A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971) que o marcou eternamente na memória dos cinéfilos. – por Leonardo Ribeiro

 

Zsa Zsa Gabor

ZSA ZSA GABOR (06/02/1917 – 18/12/2016)
É possível que você nunca tenha visto um filme estrelado por Zsa Zsa Gabor – afinal, seu último longa, A Volta da Família Sol Lá Si Dó, foi em 1996, e mesmo assim grande parte de sua carreira foi composta por participações especiais e programas de televisão. No entanto, somos todos influenciados pelo pioneirismo desta verdadeira diva. Considerada a primeira das celebridades famosas apenas por serem quem são, sem nenhum talento especial, no entanto, Gabor chamou atenção desde o início pela beleza retumbante – foi eleita Miss Hungria em 1936 – e depois pela aptidão à escândalos e polêmicas. Casou-se nove vezes – entre elas com o milionário Conrad Hilton (criador da rede de hotéis e bisavô da starlet Paris Hilton), que, por sinal, foi pai do seu único filho. Ao ser descoberta por Hollywood, logo estabeleceu rivalidade com musas como Marilyn Monroe e Veronica Lake, sempre, no entanto, apostando mais na frivolidade e no sex appeal do que em qualquer outra coisa. Sua grande aparição nas telas foi em Moulin Rouge (1952), de John Huston, e em 1960 ganhou uma merecida estrela na Calçada da Fama, em Los Angeles. Um reconhecimento que brilha até hoje, mesmo após seu recente falecimento, aos 99 anos. – por Robledo Milani

 

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CARRIE FISHER (21/10/1956 – 27/12/2016)
Em 1977, com apenas 19 anos, Carrie Fisher virou um ícone do cinema na pele de Leia Organa, em Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança. Ao longo da saga, a personagem desafiou o arquétipo da donzela em perigo, empunhando seu próprio blaster e salvando a pele de seus companheiros diversas vezes. Em seu retorno triunfal em O Despertar da Força (2015), Leia assumiu a posição de líder da Resistência, abrindo mão do título de princesa para tornar-se uma general. Parte da realeza de Hollywood (filha da estrela Debbie Reynolds) assim como de Alderaan, Fisher foi uma heroína dentro e fora das telas. Com romances, peças de teatro e memórias, construiu sua carreira como escritora envolvendo em ficção suas experiências na indústria cinematográfica, na qual também atuou como roteirista. Dotada de um senso de humor inigualável, falava abertamente sobre seu passado marcado pelo abuso de drogas e os desafios de viver com transtorno bipolar, ajudando quem lidava com problemas similares e lutando para derrubar o estigma ao redor dos transtornos mentais. Exemplo de Força, honestidade e bom humor, foi uma enorme inspiração para meninas e mulheres do mundo todo e deixará saudades tanto nesta galáxia quanto em outra muito, muito distante. – por Marina Paulista

 

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DEBBIE REYNOLDS (01/04/1932 – 28/12/2016)
A dor de perder a filha, Carrie Fisher, talvez tenha sido letal a esta grande artista. Ela, dançarina, atriz e cantora, cujo nome real era Mary Frances Reynolds. Ela, que contracenou com Gene Kelly em Cantando na Chuva (1952), um dos maiores musicais da história do cinema. Ela, indicada ao Oscar de Melhor Atriz por seu trabalho em A Inconquistável Molly (1964) – quem acabou levando a estatueta foi Julie Andrews, por Mary Poppins (1964). Ela, finalmente reconhecida por seus pares, homenageada pelo Sindicato de Atores dos Estados Unidos, em 2015, quando completava impressionantes 65 anos de carreira. Debbie encarnou como poucas a mocinha aparentemente frágil, de olhar doce e trejeitos de menina, mas que tinha bastante força e determinação. Num ano marcado por diversas perdas significativas, em que atores, diretores e técnicos de grandes contribuições à arte cinematográfica se foram, deixando lacunas sensíveis, a morte de Debbie Reynolds, ainda em meio à comoção pela partida da filha, às inúmeras homenagens que Carrie Fisher vinha recebendo, deixa-nos um sentimento de profunda tristeza. Dizem os médicos que Debbie não suportou as consequências de um acidente vascular cerebral. Provavelmente, o que ela não aguentou foi a partida precoce da filha. Talvez por isso, foi-se logo depois. – por Marcelo Müller

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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