Invocação do Mal (2013) arrecadou nos cinemas aproximadamente 15 vezes o valor do seu custo de produção. E como a gente bem sabe, pois o percurso de exploração desses fenômenos relacionados a filmes de terror é mais ou menos parecido, Hollywood não perde tempo e parte para a produção quase imediata de sequências, prólogos, epílogos, e o que mais der na telha. Dentro dessa lógica, Annabelle (2014) é spin-off de Invocação do Mal, protagonizado pela boneca possuída que tocava literalmente o terror no filme de 2013. O brinquedo assassino – que muita gente aí está chamando de “a verdadeira noiva do Chucky” – inferniza a vida de quem passar pela frente. Mas será que Annabelle é bom, mais ou menos, ou uma bela porcaria?  Para tirar a teima, chamamos ao Confronto da semana os críticos Matheus Bonez (da galera do “taca pedra na Annabelle”) e Thomas Boeira (da turma que curtiu o filme de John R. Leonetti). Confira e não deixa de opinar.

 

A FAVOR :: “ A narrativa possui um nível de tensão interessante”, por Thomas Boeira
Fruto direto do sucesso do ótimo Invocação do Mal, Annabelle definitivamente não é tão bom quanto sua matriz, tampouco se mostra um terror do tipo que temos dificuldade para tirar da cabeça. No entanto, isso não impede o filme de ser eficiente dentro do que se propõe a fazer. Mesmo que a história em si não seja das mais inspiradas, ou das mais bem desenvolvidas, pois bastante sustentada em clichês (Invocação do Mal os usava para pincelar sua atmosfera, numa dinâmica melhor), o diretor John R. Leonetti ainda consegue impor um nível de tensão interessante à narrativa, o que mantém o espectador envolvido durante a maior parte do tempo. Isso se deve até com relação aos sustos, algo que Leonetti nem chega a provocar tanto, mas que são bem-vindos e divertem dentro do gênero (destaque para a cena em que uma criança corre em direção à protagonista, Mia, vivida por Annabelle Wallis). Assim, Annabelle se estabelece como um entretenimento aceitável, o que não deixa de ser lucro, considerando que ele foi feito mais para aproveitar o sucesso recente de seu original.

CONTRA :: “Saudades do Chucky”, por Matheus Bonez
Quando Invocação do Mal foi lançado no ano passado, muito se falou que há tempos um filme de terror não era tão bem sucedido em sua principal tarefa: causar medo. Em meio à trama de possessões, uma “personagem” chamava a atenção por ser uma relíquia do casal de exorcistas que protagonizavam o filme: a boneca Annabelle. Com produção do mesmo diretor do sucesso de 2013, Annabelle prometia muito. Porém, o que se cumpre é muito pouco. A trama em si já não é das mais originais (boneca possuída por um espírito que tem como função trazer o demônio para a terra). Mas não é só isso que estraga o longa. Os protagonistas são apáticos, os sustos são nada criativos e, o pior de tudo, o terror é muito mais físico que psicológico. Tudo bem, muita gente grita no cinema quando um monstro de chifres aparece nas sombras e corre atrás da mocinha ou levita a boneca no ar, mas será que não funcionaria muito mais se deixasse na sugestão do que mostrando de verdade o ocorrido? Tantos longas do gênero já foram bem melhores nesse quesito. Annabelle (guardadas as devidas proporções) poderia ter ares de O Bebê de Rosemary (1968), O Iluminado (1980) e até O Exorcista (1973). Porém, preferiu ficar no pastiche de Brinquedo Assassino (1988) sem assumi-lo como tal. Saudades do Chucky.

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